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Gabriel: meados de junho de 2025

"Papai!" - Heitor veio correndo no saguão do aeroporto e eu me abaixei no chão pra agarrar meu moleque.

"Oooooi, molecote!" - Apertei ele forte contra o meu corpo e logo Rafaella apareceu segurando as bolsas do meu filho. - "Oi Rafaella. Ele deu trabalho no vôo?"

Ela assentiu com a cabeça e disse: - : "Oi, Gabriel. Sim, graças a você ele aprendeu a debochar." - Ela deu um sorriso que me fez saber que ela não estava nada feliz com o comportamento do garotinho.

"Ele não tá roubando, tá herdando." - Respondi beijando a cabeça de Heitor que sorria sapeca. Ela me estendeu as malas dele e pegou o menino do meu colo pra se despedir.

"Você vai ficar bem esses dias sem a mamãe?" - Ela perguntou fazendo bico e Heitor disse que sim com a cabeça, o que me arrancou uma gargalhada. Rafaella abraçou mais forte o menino e o vôo pra Paris foi chamado, coisa que fez Lucas Lima se aproximar da gente chamando por ela.

"Vai logo, Rafaella. O molecão vai ficar ótimo, pô." - Peguei Heitor e coloquei no chão pra ele vir caminhando comigo.

"Quando chegar lá eu ligo pra ele ver a minha família." - Assenti e dei tchau pra ela e pro namorado que iam assistir alguns jogos de Neymar e por isso meu filho vai passar alguns dias comigo aqui no Rio de Janeiro.

Logo que nasceu ele passou o primeiro ano de vida aqui, mas ano passado a Rafaella decidiu voltar pra São Paulo e isso me faz passar muito tempo da minha vida em aviões. Ou viajando pra jogar ou nas minhas folgas viajando pra ver meu filho, mas o sorrisinho dele ao me ver compensa totalmente tanto tempo em aeroportos. Eu só continuo no Rio por causa do time mesmo, por que a vontade de viver mais perto do meu pequeno é grande.

"Quer bolo, molequinho?" - Pergunto sorrindo e ele para de correr na minha frente pra me dizer que sim. - "Vem aqui que eu vou te mostrar o melhor bolo do mundo." - Peguei um carrinho pra deixar as malas dele dentro guardadas aqui no guichê e subi com meu filho pra Bolerie do segundo andar.

"Oi, Cecília." - Fiz um high five com a adolescente do caixa. Quando conheci esse ligar com Lavínia quatro anos atrás, Ceci ainda era uma criancinha. - "Sua avó tá aí?"

"Ela foi correndo pra área dos aviões, parece que o cara do Raça Negra tá aqui." - Ela disse tirando os fones de ouvido e já indo cortar o bolo de chocolate com cobertura confeitada que é a lembrança mais doce na minha vida. - "Você adora esse bolo, né?"

Fechei os olhos e sorri devagar. - "Uma pessoa que eu conheci dizia que é o melhor bolo do mundo."

"A Lavínia, né?" - Ela perguntou sorrindo e me entregando duas fatias de bolo. Enchi uma colher pra Heitor que mal engoliu e já queria mais.

"Ela mesmo." - Dei mais um sorriso, só que esse era triste.

"Ela vem aqui sempre, igual você."

Arqueei minhas sobrancelhas surpreso. - " Sério?" - Cecília sorriu e fez que sim com a cabeça. Enchi mais uma colher pra Heitor que parecia estar adorando. - "E... como ela está?" - Fiz a pergunta que sempre faço quando me falam dela. É o único jeito que tenho para saber.

"Ela cortou o cabelo nos ombros."

"Deve ter ficado ainda mais linda."

"Ficou. Ah, ela fez um piercing no nariz e umas três tatuagens."

"Ela sempre disse que isso a renova."

Cecília assentiu. - "Ela tá igual, juro."

"Ainda esquece os prendedores de cabelo nas mesas?" - Ela não respondeu, abriu uma gaveta e ergueu um conjunto de presilhas e pompons. - "Ainda chora quando vê os animais de rua?" - Cecília não respondeu de novo, apenas apontou pra um cartaz com fotos de animais aqui do aeroporto que pede por ajuda. - "Ainda perde vôos porque trocou o dia ou a hora?"

Casamento Arrumado - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora