Dança Comigo - Carthur

Capítulo 23

ARTHUR

Eu havia perdido a conta de quantas horas já haviam se passado ali. O pessoal do studio ocupava comigo as cadeiras da sala de espera do hospital enquanto esperávamos notícias da Carla. Eu nunca havia sido um homem de chorar ou de demonstrar emoções, mas nesse exato momento tudo o que podia sentir eram as lágrimas banharem meu rosto de forma silênciosa. Tudo o que queria era abrir os olhos e ver que aquilo não passava de um pesadelo, que a encontraria dançando no studio, ou acordando ao meu lado após uma noite de amor. Eu podia sentir a culpa esmagar meu coração enquanto clamava aos céus para que ela estivesse bem, para que tudo aquilo passasse, e todo esse pesadelo acabasse. Desperto dos meus pensamentos ao ver o médico caminhar em nossa direção e me levanto rapidamente tentando a todo custo limpar as lágrimas que insistiam em cair.

- Parentes de Carla Diaz?

- E-Eu sou namorado dela! Como ela está? Por favor, me diz que ela está bem!

NARRADORA

Picoli implora sentindo seu interior revirar em ansiedade.

- Eu sinto muito, mas as notícias não são boas. O acidente foi muito grave, tentamos fazer de tudo, mas a Srta.Diaz entrou em coma.

- N-Não, não pode ser verdade. A minha Carla não!

E como num piscar de olhos Arthur sente seu mundo desabar sobre si. 

"Aquilo não podia ser real..."

- Infelizmente a situação é mais complicada do que esperávamos e se a paciente acordar as sequelas serão inevitáveis. Tudo o que podemos fazer agora é...esperar!

Uma dor insuportável invade o coração do empresário, fazendo seu corpo desabar sobre a cadeira. Podia ouvir o choro de Pérola e de outros amigos do studio ecoarem pela sala, mas naquele momento nada parecia chamar mais sua atenção. Seu corpo se encontrava paralisado enquanto seu coração batia de forma assustadora. As lágrimas já desciam sem nenhum controle, e sentado naquela cadeira de hospital Arthur sente seu mundo vir ao chão.

- E-Eu preciso ver ela! V-Você está mentindo, isso não pode ser verdade! Ela é forte, ela está bem! ISSO É MENTIRA!

- Sr.Picoli, eu posso levá-lo até a paciente, mas preciso que o senhor mantenha a calma, ok?! 

Tentando ao máximo se controlar o loiro afirma com a cabeça, não demorando a ser guiado pelo médico até o quarto de Carla. A cada passo seu corpo parecia se tornar mais pesado enquanto tentava acreditar que aquilo não passava de um pesadelo. Já havia provado o gosto de perder a dançarina, mas nenhum sofrimento passado parecia se comparar a dor que sentia naquele momento. Picoli coloca as mãos sobre a maçaneta e abre a porta, sentindo o resto de todo o seu mundo desabar naquele exato segundo. Diversos fios preenchiam o corpo da jovem enquanto um tubo auxiliava sua respiração. Sua pele parecia mais clara do que o normal, mas apesar dos hematomas e cortes nítidos em seu rosto, para Arthur, sua Carla continuava sendo a mulher mais linda do mundo. E é diante daquela cena que o grande e intocável empresário sente todas as suas estruturas irem ao chão, o fazendo se ajoelhar diante da namorada enquanto segurava suas mãos.

- N-Não, não pode ser real! Cá, acorda, por favor! Meu amor, acorda! Eu te imploro, por f-favor, volta para mim! N-Não me deixa aqui, não me abandona. Eu te amo tanto! 

Às lágrimas banhavam o rosto do homem em um choro desesperado. Arthur não sabia o que pensar, muito menos o que dizer. Tudo o queria era acreditar que se continuasse implorando, em algum momento ela voltaria para ele, mesmo sabendo bem lá no fundo que talvez Diaz não pudesse mais ouvir sua voz. O tempo parecia se passar em um piscar de olhos, e antes que percebesse uma semana já havia ido embora. Arthur havia passado a viver preso em um piloto automático, e agora sua rotina era baseado em acordar no hospital, passar o dia ao lado de Carla, e dormir novamente a observando. A cada dia suas refeições se tornavam mais raras, e apesar de ouvir todos lhe incentivarem a comer algo, Picoli não sentia fome. Tudo o que queria era continuar ali, a esperando. Sua maior prioridade se encontrava deitada em uma cama de hospital, e dali Arthur só sairia de mãos dadas com o amor de sua vida.