Capítulo 24

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NARRADORA

- O-O quê?

- P-Por que eu não sinto minhas pernas? O QUE ESTÁ ACONTECENDO?                   

Há cada segundo Carla sentia o desespero se alastrar dentro de si, e antes que Arthur pudesse chamar o médico, o casal observa o mais velho caminhar em suas direções.

- P-Por que minhas pernas não se mexem? Por quê?

- Preciso que mantenha a calma, Srta.Diaz. O acidente foi muito grave e a senhorita acabou de acordar de um coma de mais de um mês. Agora preciso que a senhorita respire fundo e me diga se consegue sentir isso.

Tirando uma caneta do bolso o médico desliza o objeto pelos pés da dançarina, não demorando a ver às lágrimas voltarem a cair com intensidade de seus olhos.

- E-Eu não sinto nada! Arthur, eu não consigo, e-eu...

Picoli interrompe.

- Ei, calma meu amor, vai dar tudo certo! Como o doutor disse você acabou de acordar, talvez seja normal esse tipo de acontecimento. Não se preocupe, você vai ficar bem e logo logo verei você dançando para todos os lados.

Em uma tentativa máxima para consolar a namorada, o jovem inicia uma carícia lenta em seus cabelos. Diaz não sabia ao certo o que era, tudo o que podia sentir era o cansaço e a angústia se alastrarem por seu corpo, não demorando a guia-la diretamente ao sono.

- Sr.Picoli, gostaria de conversar a sós com o senhor.

Observando a amada dormir por mais alguns segundos, Arthur finalmente se levanta, caminhando com o médico até o lado de fora do quarto logo em seguida.

- As notícias não são boas. Como o senhor já sabe, o acidente foi muito grave e eu havia deixado claro as grandes chances de sequelas. Durante esse mês eu quis acreditar que talvez se a paciente acordasse poderia haver uma chance de fugir disso, mas não há nada a ser feito por enquanto. Posso fazer mais alguns exames, mas o que eu vi agora há pouco foi o suficiente para mim. A Srta.Diaz perdeu os movimentos das pernas!

Arthur estava completamente em choque. Queria acreditar que tudo aquilo não se passava de um pesadelo. Havia perdido a presidência de sua empresa, suportado um mês esperando o amor de sua vida acordar do coma, e agora teria que contar para a namorada que ela não poderia mais fazer o que tanto amava...

Dançar! 

Picoli sempre havia sido um homem insensível e frio, estava acostumado a não demonstrar suas emoções, mas naquele momento o empresário não conseguia conter as lágrimas que já banhavam seu rosto. Arthur chorava por Carla e por ele mesmo. Chorava pois sabia que a partir dali teria que ser forte para apoiar a amada no que parecia ser o momento mais difícil de toda a sua vida.

[...]

O tempo parecia voar para longe, e após mais algumas horas dormindo Carla volta a abrir os olhos lentamente, não demorando a sentir as mãos do namorado acariciarem seu rosto.

- Oi, amor!                             

Arthur sussurra encarando a loira com um olhar abatido, que não demora a ser percebido pela jovem.

- O que houve? O médico já falou algo sobre as minhas pernas? Quando vou poder andar de novo? 

A dançarina questiona ansiosa. Queria acreditar que receberia uma boa notícia, mas bem no fundo podia sentir mais uma tempestade se aproximando em sua vida. Sem conseguir formular as palavras certas Arthur abaixa a cabeça, não demorando a segurar as mãos da jovem com força.

Dança Comigo - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora