Dança Comigo - Carthur

Capítulo 17

CARLA

Abro os olhos sentindo os mesmos começarem a arder devido as infinitas lágrimas que derramei na noite passada, e logo o aperto no meu coração voltar a me atingir com força. Ainda não acreditava que o Lucas havia me dito tudo aquilo, e que o homem que gritou comigo ontem é o mesmo que me tratava como uma rainha. A verdade é que eu não sei o que está acontecendo com ele, mas ainda sinto suas palavras me machucarem. Levanto da cama tentando afastar esses pensamentos por um minuto, e após me arrumar saio de casa em direção ao studio. A cada passo sentia uma aflição sem igual tomar conta de mim e um nó se formar em minha garganta, aumentando minha vontade de chorar. Continuo andando, mas assim que paro em frente ao Studio sinto meu coração falhar uma batida.

A porta estava arrombada.

Alguém havia entrado aqui!

Não, não...

Rapidamente começo a subir as escadas, não demorando a abrir a porta que dava de frente para o salão, sentindo meu mundo desabar ainda mais ao ver a cena diante de mim. As janelas estavam quebradas, os cacos do espelho se espalhavam pelo chão, lâmpadas haviam sido destruídas, e as paredes velhas e desgastadas que viram o nascimento desse lugar, abrigavam buracos enormes. As lágrimas já banhavam todo o meu rosto, e não suportando mais ficar de pé, sinto meu corpo desabar até o chão enquanto sentia meu choro se intensificar. O meu sonho havia acabado, o esforço dos meus pais, tudo o que eu tinha havia sido tirado de mim. Aquele studio era a lembrança mais viva que eu tinha dos meus pais, e agora ela estava completamente destruída. Lentamente abraço meu corpo sentindo as lágrimas se tornarem incontáveis e um aperto forte atingir meu peito. Tudo o que eu queria era um abraço, um beijo, e o meu Lucas de volta, mas eu não o tinha. Eu olhava tudo ao meu redor tentando imaginar quem seria capaz de fazer tudo aquilo, e como num passe de mágica minha mente processa o nome que eu mais odiava no mundo.

"Arthur Picoli" 

Foi ele, só pode ter sido ele quem fez isso!

Mas é hoje que ele me paga!

[...]

ARTHUR

Termino de ajeitar a gravata e permaneço de frente para o espelho. Meus olhos estavam vermelhos devido ao choro, e o aperto no meu coração ameaçava esmaga-lo há qualquer minuto. Ver as lágrimas banhando todo o seu lindo rosto e saber que eu fui causador daquilo, foi pior do que a morte para mim. E por mais que eu quisesse abrir mão de todo esse plano, eu não poderia...não agora! Aquela empresa é a minha vida, é ela que me lembra todos os dias que eu sou importante mesmo que meus pais não tenham reconhecido isso. Eu tenho uma pressão enorme sob mim, e saber que todo o sofrimento da mulher por quem estou complemente apaixonado é culpa minha, me destroça por dentro. Eu não devia ter me apaixonado, não devia ter começado tudo isso. Devia ter procurado outro lugar e à deixado livre, porém, por mais que eu tente me convencer de que tudo isso foi totalmente um erro, eu sei que não foi. Pois só o fato de tê-la tido em minha vida e em meus braços, fazia tudo valer a pena.

Desperto dos meus pensamentos e após pegar tudo o que precisava começo a dirigir em direção à empresa. Eu sei que depois do que aconteceu ontem a Carla deve estar com muita raiva de mim e talvez seja melhor dar um tempo à ela e à mim mesmo. Chego à empresa tentando esconder de todos as marcas da noite mal dormida e banhada em lágrimas que tive, e rapidamente entro no meu escritório sentindo meu corpo desabar na poltrona. Por mais que eu tentasse afasta-la dos meus pensamentos um minuto sequer, eu não conseguia. Eu ao menos sei como pude acreditar um dia que ela não teria importância na minha vida, sendo que agora todo o meu coração já pertence a ela. Rapidamente me levanto sentindo uma grande falta de ar me atingir, me fazendo abrir a porta do escritório em busca de ajuda. Minhas mãos que agora estavam suadas, deslizam sobre a maçaneta de forma trêmula na tentativa de fechar a porta. Em um movimento rápido me viro para frente novamente, sentindo meu corpo paralisar ao ver quem estava bem ali na minha frente.