Quando Letícia foi embora, eu tomei um banho demorado e encarei minha aparência cansada no espelho. Não havia mais volta. Franco passara menos de uma hora antes e havia levado a planilha. E pouco tempo depois, me ligou dizendo que o último depósito foi liberado na conta da empresa. Eu me sentia exultante e amedrontada ao pensar sobre isso. Estava praticamente rica, tinha conseguido quase um milhão de reais no golpe e teria que usar toda minha agilidade para sumir do mundo, se possível fosse. Gabriel não teria piedade se me alcançasse. "Ele gosta de dominar." A voz de Letícia soou na minha mente, e eu fechei os olhos, ofegando rapidamente.
Gabriel Barbosa era o segundo filho dos três irmãos. Aos vinte e nove anos, era dono de uma imagem imponente e poderosa, sua personalidade forte era visível nos olhos, quase sempre carregados com um ar de aspereza.
Sempre visto na mídia como o jogador e Cowboy milionário, que comanda toda a parte pecuária da marca Barbosa. Pensar naquele homem gigantesco e forte sendo um experiente dominador na cama me deixou tensa e um tanto agitada. Eu nunca tinha pensado nesse tipo de fetiche, por isso foi estranho flagrar meu corpo respondendo de maneira libidinosa às imagens que minha mente produzia. Após me vestir, fui à cozinha, coloquei água para ferver, na intenção de preparar um chá. Enquanto isso, conferi na geladeira o estojo com seringas e ampolas. Estavam no fim, e eu precisava conseguir mais. Mas com dinheiro no banco, eu compraria logo um carregamento grande de agulhas e seringas. Conferi a dosagem e injetei no abdômen. De olhos fechados, suspirei e fiquei feliz por poder jogar essa seringa fora, já que compraria novas. Tomei o chá recostada na pia, olhando para minha velha pequena cozinha a qual eu daria adeus em breve.Não morava com meus pais; mesmo tendo de pagar aluguel, eu preferia, para ter minha liberdade. Arrumei em uma mala tudo de básico que eu iria precisar. Nada exagerado. Roupas, eu compraria outras, portanto nada de encher malas e mais malas com peças velhas. O celular, eu trocaria, e não daria a ninguém meu novo endereço. Fugir requer esperteza, e eu me considerava muito esperta.
- Eu vou acabar com essa infeliz! - Meu grito saiu com o barulho do vidro espatifado do copo que arremessei contra a parede.
Franco, meu advogado, se encolheu, me assistindo perder a cabeça. Dificilmente saio dos eixos, e ele sabe disso; me ver estourando era uma novidade.
Letícia achou que seria uma boa ideia acabar com o casamento justo dois dias depois de eu ter autorizado uma grana preta, que ainda desconheço o valor total, para a porra do matrimônio.
Ainda por cima, fugiu com um filho da puta. Se não bastasse me dar um pé na bunda e me trocar pelo meu melhor amigo, ainda me fez de corno. Seria um caralho gigantesco ter de superar aquilo depois que a mídia carniceira descobrisse. O ódio me alfinetava mais uma vez só de pensar que ela tinha sido capaz de jogar meu nome na lama.
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MINHA REFÉM
FanfictionCarol não gostava de rótulos como ladra ou golpista, ela preferia dizer que escolhia sempre o caminho mais curto para o próprio sucesso, para se dar bem, não importando o que precisaria fazer. Seu novo emprego de cerimonialista lhe dava a chance de...