GABRIEL BARBOSA
Caminhei até ela e minha fala se perdeu. Traído! Era como me sentia. Traído de forma mais baixa, pela pessoa que eu estava.
— Sai da minha casa agora.
Ela olhou para os lados, e os lábios tremeram na insinuação de um sorriso de surpresa. Percebi que ela achava que era alguma piadinha.
— O que? - ela juntou as mãos contra o peito e se encolheu. - Ir embora? - ela parecia tão pequena e inocente, com seus óculos, a roupa comportada e os cabelos bem ajeitados.
— Se não pegar suas tralhas agora, eu juro que chamo a polícia. - Eu tentava não deixar a voz falhar. Estava tão rouca e baixa, que parecia tenebrosa. - Sua desgraçada. Suma da minha frente, agora!— Gabriel, o que foi que eu fiz? Foi a gravidez? Pegou o resultado?
— Foi esta merda aqui! - berrei e joguei o envelope nela. - O que eu deixei te faltar, Carol? Eu deixei com você o resto do dinheiro que me roubou. Dei todo apoio a seus pais, por que quis me punir? - ela não olhava para mim, estava interessada em ver o conteúdo do envelope. - Se enrolou em mim feito serpente e me deu o bote.
Em desespero, ela olhou as fotos. Os olhos estavam brilhantes de lágrimas. E quando ela viu o bilhete, jogou tudo no sofá.
— Eu não fiz isso.
— Não - Gargalhei com ironia. - Imagino que deve ter sido um fantasma.
— Eu não fiz isso! - gritou e tentou me segurar. - Olhe para mim, Gabriel. - Uma lágrima escorreu dos olhos dela, e isso me enfureceu mais, porque lembrei do Miguel rindo.Empurrei Carol no sofá.
— Saia agora! Antes que eu perca a cabeça.
— Eu não fiz isso! Meu Deus... - aflita, buscou o apoio de Tereza. - Tereza, eu não fiz nada disso, eu juro.
— Quanto ele te pagou? Hein? Você me traiu por quanto, Carol? Você estava comigo, na minha cama, caralho! Eu deixei você saber da minha vida, ter contato com a minha família.
— Eu jamais faria isso com você. - A voz dela era um fio.
— Gabriel, talvez ela esteja falando a verdade.
— Tereza, não me faça te mandar embora. Eu não quero ninguém defendendo essa golpista de merda. Rua! - berrei - Agora! E agradeça por eu não chamar a Polícia.
— Você disse que nunca deixaria eu ir.. - Limpou as lágrimas. - Que droga! Eu gosto de estar aqui e de ficar com você. Não me mande embora.
— Tereza, pegue a bolsa dela lá em cima.
— Ok – Carol falou - É isso que você quer, tudo bem. Fique na sua droga de fazenda e espero que a arrogância te engula. Não espere que eu vá lamber seus pés implorando. Sou bem melhor que isso.
Nem olhei para ela. Continuei firme na minha decisão de cortar o mal pela raiz. Eu tinha ido longe demais com essa história. Mulher era o ser mais perigoso de todos, e eu não deixaria outra chegar tão perto de me ferir como tinha deixado Carol. Tereza voltou com a bolsa e uma sacola com a insulina. Só então vi o quão Carol era frágil. Ela tentava parecer forte e valente, mas todos viam como estava acuada e trêmula. Os óculos não me impediram de ver os olhos vermelhos chorosos. Virei-me para o segurança.
— Tire essa mulher da minha fazenda agora.
— Você tem que parar de ser trouxa e investigar essa história direito! - gritou para mim enquanto o segurança o puxava. - Pena que quando descobrir a verdade, eu não vou querer mais olhar na sua cara.
— Solte ela - Tereza gritou para o segurança. - Eu a acompanho. Chame um táxi, agora.
— Eu não fiz nada disso...- sussurrou para Tereza, com a voz embargada e elas saíram, as duas sendo seguidas pelo segurança.Do meu escritório, as assisti tomarem à estrada principal. Uma lágrima desceu do meu olho, e eu limpei com fúria. Além de ter perdido a vice-presidência, acabava de perder minha bela e teimosa companheira. Por causa disso, eu me virei e comecei a destruir meu escritório.
A coisa toda me pegou desprevenida, e eu não tive neurônios para pensar na minha defesa. Apenas neguei tudo, quase sem conseguir falar. Naquele momento, lá na sala, eu não estava acreditando que Gabriel estava fazendo aquilo comigo. Ele foi burro em ter acreditado no absurdo de que eu pudesse ter feito aquilo. E eu, mais tola ainda, por ter metido os pés pelas mãos nessa loucura de grande proporção.
No banco de trás do táxi, limpei as lágrimas e tentei me animar de alguma forma, como a Poliana do livro, que sempre encontrava um lado bom de um infortúnio. O lado bom disse é que eu estava livre. Ia voltar a viver por conta própria. Sorri e assenti para mim mesma.
Mas, no fundo, isso não era animador e nada me doeria tanto quanto a falta que o infeliz me faria de agora em diante.
Eu iria ter novos planos de vida. Entretanto tudo que tinha dentro da minha cabeça eram lembranças vivas e fortes de Gabriel e de tudo que vivemos; rir com desgosto. Eu não amava aquele traste. Talvez, no máximo gostasse dele e sentia uma grande atração. Mas amar? Não mesmo. E nem ele sentia algo tão forte por mim, ou pensaria duas vezes antes de me chutar para fora de sua vida.Cheguei na casa dos meus pais e descobri que o táxi já tinha sido pago por Tereza. Entrei e quando a sala grande e um pouco vermelha me recebeu, não senti a costumeira sensação de estar em um lar. Segurei as lágrimas e me joguei no sofá muito usado. A casa dos meus pais tinha bons anos que não via uma reforma.
Mãe? Estar em casa? - gritei e baixei para desamarrar minha sandália.
—Carol? - levantei os olhos, minha mãe estava parada na entrada da sala. Usava um avental e secava as mãos em um pano.
— Mãe! - corri e pulei nos braços dela. Ainda surpresa pela minha presença inesperada, ela me abraçou, e eu beijei sem parar seu rosto e cabelo. - Como está?
— Eu estou bem, muito bem. Estava com muita saudade. - Ela segurou meu rosto e parecia estar mesmo muito bem. Estava corada, e o brilho em seus olhos dizia que a doença estava controlada. - Não senti mais dores, queridas. O tratamento que estou fazendo é muito bom. Eu preciso agradecer pessoalmente ao seu patrão.
Então ele tinha falado com meus pais que eu estava trabalhando para ele. Safado mentiroso.
— Sim. Um dia a senhora terá essa oportunidade. E o pai?
— Seu pai ainda está na clínica de reabilitação, e seu irmão, na mesma correia, emprego e faculdade. E você? O que faz aqui tarde da noite?
— Ah, vim para ficar por algum tempo. Gabriel me deu uns dias de folga. - Me sentei no sofá, escondendo dela meu olhar triste. Mais tarde, eu contaria tudo, incluindo o roubo e o sequestro.
— Vai ficar aqui comigo?— Sim, posso?
— Claro, que pode filha. Vou preparar algo para você comer. Está tomando seus medicamentos certinho?
— Estou sim, mãe. - Nos abraçamos e fomos para a cozinha.
— Quero saber tudo sobre sua vida na fazenda, na fazenda Barbosa.
Sim, era a minha vida, meu paraíso particular. E eu o perdi. Era melhor parar de lamentar e seguir em frente.
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Gente.. confesso que fiquei cm dó da Carol, mas tbm entendo o lado do Gabi, é complicado passar por muitas coisas e principalmente um roubo desse tipo. Porém ele deveria ter investigado primeiro né?? E agora, o que será que vai acontecer.. Vale lembrar que ainda tem o filho da cobra( vulgo Letícia) Será que é filho dele msm? Será que Carol perdoaria Gabriel se ele se arrepender no futuro?? NÃO PERCAM OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS!!
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MINHA REFÉM
FanfictionCarol não gostava de rótulos como ladra ou golpista, ela preferia dizer que escolhia sempre o caminho mais curto para o próprio sucesso, para se dar bem, não importando o que precisaria fazer. Seu novo emprego de cerimonialista lhe dava a chance de...