24°

535 24 1
                                    

Gabriel Barbosa

Nos limpamos com lençol e ficamos ali, deitados. Carol estava abraçada ao meu corpo, em silêncio, pensativa.

— Vou ter que achar um jeito de te desmentir. - falei pensativo.

— Como assim?

— Sei lá. Deixar vazar uma foto da minha rola por descuido. É minha integridade que está em jogo. Sua- sem vergonha.

Carol riu e continuou deitada sobre meu peito, fazendo carinho em volta do meu umbigo. Meus dedos faziam cafuné em seu cabelo.

— Gabriel

— Fala

— Como era com Letícia?

— O quê? Letícia e eu?

— É.

— Por que quer saber?

— Curiosidade. Você gostava dela?

— Era conveniência, Carol. Ela era gostosa, mas não passava disso. A gente nem se falava direito, eu não tinha paciência pra ela.

— Hm... -Ficou em silêncio e falou depois de um tempo: - Tive um breve surto de mal estar por ficar aqui deitada com você.

— Por quê?

— Ela é minha amiga. Você é o ex dela. Quando eu for embora da Fazenda, acho que vou visita-la.

— Quando você for embora... - Dei uma risada. - Ah, bom, conta outra. - Eu me levantei e peguei minha calça. Meu celular tocava.

— Como assim? Eu não vou embora?

Olhei a mensagem de Gerson falando que já ia propor o noivado e eu tinha que estar lá embaixo.

— Gabriel! - berrou por eu não ter dado resposta.

— Você me roubou muito dinheiro, então esqueça de ir embora por agora. Vista-se, pois temos que descer.

Comecei a me vestir, pasmo por eu ter ficado extremamente agitado quando ela falou essa merda. Talvez, com um mês ou dois, eu estivesse preparado para deixá-la ir. Mas, naquele momento, pensar em ficar sem Carol me causava aflição.

Esperei ela até terminar de se vestir e retocar a maquiagem no banheiro. Dez minutos depois, descemos as escadas, Carol com feições não muito amigáveis, e isso era até bom para as pessoas não ficarem supondo coisas da gente.
Antes de chegarmos ao grande salão, uma mulher passou correndo, um tanto aflita, quase nos derrubando. Muito bonita, com um vestido espetacular e saltos altíssimos. Ela saiu pela porta, e em seguida Daniel apareceu ofegante.

— Viu uma mulher alta de cabelos castanhos? — Daniel perguntou.

— Por que você está perseguindo uma mulher aqui? Ficou louco? - segurei o braço dele, impedindo-o de acompanhá-la.

— Preciso encontrá-la porra! Para onde foi?

Antes de eu falar, não conseguir impedir Thiago que puxou Daniel com força e quase o ergueu do chão. Apesar de todos nós sermos altos e com músculos em dia, Thiago era um brutamontes que vivia isolado em sua falida vinícola. Ela era da nossa mãe e um dia produziu o vinho mais famoso do Brasil.

— Para onde ela foi? -Thiago gritava rouco, sacolejando Daniel.

Conseguir afastar Daniel das mãos do Hulk Antissocial e fiquei entre os dois.

— Que porra está acontecendo aqui? - berrei.

— Esse desgraçado importunou minha acompanhante e a afugentou. - Afirmou.

MINHA REFÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora