Naquela noite, Gabriel não me perturbou. Ele veio só no meu quarto saber se estava tudo bem e conferiu de perto a última medição de glicose. Eu esperava que ele implorasse para que eu dormisse em seu quarto? Sim, era esse o motivo da minha frustração. Ele nem mesmo tentou o convite, foi educado e prestativo, e eu odiei não vê-lo mandão e petulante.
Eu estava na fazenda e, ali, dormir até tarde, não era uma opção. Quase chorei de raiva quando Gabriel abriu as cortinas e em seguida puxou minhas cobertas.
— Vamos acordar.
— Puta que pariu. - Resmunguei.
— Olha a boca. Está grávida, mas isso não impede de levar umas boas palmadas.
Pois é, Gabriel petulante tinha voltado. Sentei na cama e semicerrei os olhos para o belo relógio dourado, estilo despertador, ao lado da cama.
Sete e meia, Gabriel estava parado na minha frente, uma delícia, só de calça de pijama, provavelmente sem cueca, pois eu podia ver o contorno do seu pau. E ele nem aí.
Ele se sentou na cama ao meu lado e abriu a gaveta da cabeceira, apanhando o aparelho de medir glicose. Nem disse o que estava fazendo, abriu uma agulha descartável, puxou o meu dedo, espetou e colocou no cobertor do aparelho.— Eu mesma posso fazer isso.
— Você pode esquecer de medir em jejum.
Ficamos calados olhando o aparelho, e quando ele mostrou o número cem, Gabriel sorriu satisfeito.
— Perfeito. Vamos descer para o café, mais tarde iremos a uma academia. Precisa se exercitar e fará isso com a ajuda de um especialista.
Mais uma vez ele saiu sem sugerir conotação sexual. Revirei os olhos e cai para trás nos travesseiros. Quando eu me arrumei e desci, Gabriel estava na primeira sala, conversando com alguém. Era a tal funcionária. O pior foi constatar que a infeliz era linda de morrer. Parecia uma modelo de comercial de Shampoo. Dona de um belo corpo e invejáveis cabelos ondulados cor de chocolate.
— Como assim não é para eu vir mais? Não terminei ainda o trabalho. - Ela contestava.
— Laura, eu já liguei pro meu pai. A fazenda tem os próprios fiscais, e isso seria desqualifica-los.
— Seus subalternos vão supervisionar o seu trabalho? Conta outra. Você por acaso está com medo de que eu descubra algo?
Antes dele responder, eu entrei no campo de visão deles. Fui até Gabriel e o dei um beijinho nos lábios.
— Bom dia querido. - Olhei para ela sorridente. - Oi.
— Ah, oi. - Ela buscou uma explicação, olhando pra Gabriel.
— Carol, essa é a Laura, funcionária da Barbosa e Laura, essa é a Carol.
— Oi, é um prazer. - Sorri amigavelmente e apertei a mão dela. - É uma pena que não possa mais ficar.
Ela passou os olhos de mim para ele e os revirou em seguida.
— Acabo de entender tudo. - Resmungou, empurrada, e eu entrelacei o braço de Gabriel, mantendo o sorriso cínico. - Você está deixando o lado pessoal interferir no profissional, Gabriel, e isso não é legal. Até mais. - Ela se foi, e eu soltei o braço dele.
— Estou impressionado com a sua agilidade em urinar no poste. - Ele falou.
— O que? - caminhei para a mesa e sorri ao ver tanta coisa deliciosa. Meu estômago roncava. Estava com saudades dos banquetes de Tereza.
— Você, marcando território. - Ele se sentou à minha frente. - Se quer afugentar hipotéticas pretendentes do cara, tem que assumi-lo na cama também.
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MINHA REFÉM
FanfictionCarol não gostava de rótulos como ladra ou golpista, ela preferia dizer que escolhia sempre o caminho mais curto para o próprio sucesso, para se dar bem, não importando o que precisaria fazer. Seu novo emprego de cerimonialista lhe dava a chance de...