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Terminei de falar com Tereza, e voltei para a mesa do refinado restaurante onde Daniel esperava. Ele me olhou, curioso, tentando me desvendar e assim que sentei, curvou-se sobre a mesa.

— Vamos, Desembucha. Que cara é essa?

— Cara nenhuma. Será que eles vão demorar mais? - olhei meu relógio, conferindo a hora. Estávamos meia hora adiantados com no encontro com empresários de uma fábrica de biscoitos e bolachas, que estavam interessados no leite da Barbosa.

— Você passou a viagem toda emburrado. - Persistiu. Fitei a taça de vinho na minha frente e levantei o olhar para encara-lo.

— A Carol está grávida.

— Puta que pariu...- ficou instantaneamente catatônico. - Sério? É seu?

— É meu.

— É aquela gostosa do semáforo? A que tu levaste no jantar de noivado.

— Fica esperto não, besta. Quando o murro comer na orelha, vai falar que deu ruim

— Estou tremendo de medo. Cara, que parada sinistra. Você vai ser mesmo pai? Acho que estou mais pasmo que é você. Não sei o que faria se eu descobrisse que teria um filho.

— É, mata uma camisinha aí, que tudo dá certo.

— Um pai descuidado, dando conselhos contraceptivos. Quando penso que já vi de tudo.

— Silêncio, eles estão chegando. - Fiquei de pé e sorri para os empresários. Daniel ajeitou o terno e ficou do meu lado.

— Saco. Odeio essa porra de reunião.

Daniel não gostava muito das coisas relacionadas a empresa, mas fazia por obrigação. Ao contrário de mim, que gostava de negócios e administrar. Porém, aquele não era o melhor dia para mim.

Eu tinha decido dar espaço a Carol, quando me vi bêbado fazendo vexame. Eu não era aquele tipo de homem, e se Carol não me queria mais, eu também não seria o tipo de pé-no-saco que não aceita um "não" de uma mulher. Não estava disposto a perseguir e encurralar a mulher que gerava o meu filho. Se um dia ela decidisse conversar comigo, eu ficaria feliz, mas, por mais que eu a quisesse de volta, não imploraria mais. Estaria com ela apenas nos dias de exames.

Depois do almoço, seguimos para o hotel. Dormiremos uma noite e viajaríamos pela manhã  para a próxima cidade, para mais uma reunião pra fechar negócios.

— Decidiu o que vai fazer com Miguel? - Eu tinha contado tudo para Daniel,e ele estava puto com o nosso cunhado.

— Ainda não planejei algo. Estava com a cabeça cheia esses dias.

— Você deveria contar ao nosso pai. Ele tem que saber que houve trapaça nesse desafio de merda.

— É o que planejo fazer.- pensar naquilo fazia meu ódio pelo Miguel voltar com força total, mas eu faria com calma. A vingança é um prato para se comer frio.

Daniel e eu permanecemos em viagem por mais dois dias e conseguimos novos clientes de peso para empresa. A demanda estava crescendo absurdamente, o que acarretava na produção da fazenda. Era hora de aumentar a equipe e a acelerar a produção.

 Era hora de aumentar a equipe e a acelerar a produção

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