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Eu não tinha conseguido dormir quase nada

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Eu não tinha conseguido dormir quase nada. Estava tão puto, que não havia a menor hipótese de relaxar. As quatro da manhã, peguei no sono na minha cadeira do escritório e acordei as sete. Essa repentina insônia não foi por ter encontrado Carol no semáforo. Foi algo que fugiu completamente do meu controle. Algo que eu demorei horas para recuperar do choque.

Era noite, depois do jantar, eu tinha vindo para o escritório para tentar trabalhar, quando vi a gaveta trancada. Mandei tudo à merda e abrir. Lá estava o resultado do exame lacrado pelo laboratório. Abri despreocupado, e pulei de cadeira quando li a palavra "positivo".
Sem acreditar, li o exame diversas vezes, olhando o nome dela, a data da colheita, tudo. Eu estava lá o tempo todo, eu vi quando tiraram seu sangue, não tinha como ser falho. Como o laboratório já devia estar fechado, liguei para Leda, e ela se mostrou revoltada com o que relatei.

­ - Como você nessa idade pode ter sido tão descuidado?

- Leda, se eu precisasse de sermão, teria ligado para o meu pai. Veja a foto do exame que eu te mandei e me diga quais as chances reais dela estar grávida.

- Gabriel, o exame já te deu a resposta. Carol está grávida, e eu sugiro que ela comece logo o pré-natal, ela é diabética e precisa de cuidados.

Puta que pariu. A culpa me atingiu com tanta força, que eu tive vontade de quebrar tudo à minha volta novamente ou chorar como um menino. Estava com raiva de Letícia, de Miguel e de mim mesmo por ter sido tão idiota e feito aquilo com Carol. Eu precisava dela perto de mim, agora mais do que nunca, e sabia, para meu terror, que ela não me perdoaria fácil.

Carol levantou esse fato de gravidez sem saber que era mesmo verdade, e agora carregava o meu filho. Fruto da nossa tórrida relação, que me fazia gemer de saudade. Isso foi demais para minha mente processar.
Um filho? Um filho mesmo, definitivo.
Primeiro, eu me desesperei, bebi quase uma garrafa de uísque. Depois, eu quis ter Carol, e o pequeno grão em seu ventre, bem debaixo do meu teto, pois eu morreria se algo acontecesse com um dos dois.

Escolhi um outro carro, pois a caminhonete já estava manjada e ela poderia reconhecer. Dirigindo una SUV branca, parei um pouco afastado da casa dos pais dela e esperei. Eu sabia que ela não voltaria mais para o semáforo; não era digno assumir isso, todavia eu tinha mexido os paizinhos. Mas a conhecendo bem para saber que ela não ficaria parada chorando pitangas.

Dito e certa. Às sete e meia, ela saiu de casa junto com um rapaz. Respirei aliviado ao ver que era seu irmão, mas prendi a respiração quando ela montou na traseira da moto novamente. Quase tive um treco, até coloquei a mão no meu peito. Grávida, em cima de uma moto pelas ruas movimentadas da cidade. Eu queria trancar Carol em um quarto acolchoado para que ela não de ferisse.

Enquanto a moto partia, fiz inúmeras conjecturas mentalmente. Ela teria tomado a insulina? Estaria se alimentando bem? E se passasse mal em cima da moto e caísse?
Meu pai do céu! Proteja minha teimosa mulher.
Minha mulher.
Sim, era isso que ela era agora, mãe do meu filho. Arranquei com o carro para segui-los. Eu traria Carol de volta para mim de qualquer maneira.

MINHA REFÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora