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- Como assim só vou poder quitar a hipoteca na segunda-feira? - Boquiaberta, mal podia acreditar no que o gerente do banco me falava

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- Como assim só vou poder quitar a hipoteca na segunda-feira? - Boquiaberta, mal podia acreditar no que o gerente do banco me falava.
- Não se avexe. Hoje é sexta-feira, dona Caroline.

- Sem dona, por favor.

- Como estava dizendo, na verdade, pode, sim, pagar. Só creio que não dá tempo para fazer tudo às... - olhou no relógio para conferir - duas da tarde de uma sexta-feira.

Maldita hora em que fiquei a manhã toda procurando os documentos da casa e ainda tive que enfrentar um trânsito infernal depois do almoço.

- Como não? Estou com o dinheiro...

- Sim, mas deve ir ao cartório dar baixa assim que emitirmos todos os comprovantes de pagamento. E, hoje, certamente, não dá mais tempo. Não seria melhor pagar na segunda-feira, fazendo tudo em um dia só? Mas pode pagar hoje e ir ao cartório segunda, se quiser.

Ele tinha razão. Eu já queria quitar de uma vez por todas, mas não ia acontecer alguma coisa em um sábado e domingo. Gabriel Barbosa não ia estragar seu fim de semana para passar a limpo aquela planilha. Além do mais, já fazia dois dias desde a fuga de Leticia, e nem sinal do homem. Eu acho que eu consegui mesmo. Me safei.

- Ok. Segunda-feira, eu volto. - Eu me levantei, tomando a decisão.

Algo dentro de mim dizia para eu pagar logo a hipoteca enquanto tinha o dinheiro, outra parte dizia para segurar essa grana roubada, porque se o fazendeiro descobrisse, eu poderia ressarci-lo.
Na minha quitinete, tirei a roupa, ficando só com uma camiseta surrada e calcinha. O calor estava escaldante, tinha até vontade de chamar uma amiga para darmos uma volta na praia, mas a preguiça sempre falava mais alto, então desisti da ideia.

Eu já tinha ligado para Mariana dizendo que me afastaria por uns tempos, e ela aceitou numa boa. Eu não queria que nada respingasse em minha amiga ou ela ia querer me moer na pancada. Mais tarde, de ventilador ligado, naveguei nos canais de TV procurando algo para assistir em uma sexta-feira à noite. Acabei dormindo.

Foi a melhor escolha. Às três da manhã, acordei com o pescoço duro de dor e fui para a cama terminar de passar a noite.

Sonhei que policiais entravam em minha quitinete, reviravam tudo e depois me algemavam. E, no fim, para meu terror, um dos policiais era Gabriel Barbosa, rindo de forma maldosa para mim. Abri os olhos, sentindo a pulsação acelerada, e soprei fortemente ao perceber que era um sonho. Eu tinha de ir embora logo do Rio de Janeiro. Isso não era brincadeira, eu poderia ser condenada, me lascaria legal. Quem cuidaria dos meus pais se eu estivesse presa?

Era manhã de sábado, eu já podia começar a contagem regressiva para chegar segunda-feira, pagar a hipoteca, deixar um pouco de dinheiro com minha mãe e sumir por um mês, mais ou menos. Feliz e otimista, saltei da cama para dar início ao meu dia. Apliquei outra dosagem na barriga, fiz café e comprei pão. Na padaria, escolhi tudo de melhor que tinha, tudo que eu sempre quis comer, mas tinha que economizar o dinheiro e apenas passava vontade.

Naquele dia, agi com gulodice mesmo. E ainda mandei entregar algumas coisas na casa dos meus pais. Passei no supermercado, comprei uns ingredientes e fui para a cozinha, feliz da vida por ter a oportunidade novamente de tentar criar doces e bolos diets. Estava seguindo umas receitas de um livro que roubei em um consultório médico que havia ido no mês anterior.

Era fácil roubar em sala de espera de consultórios, uma vez que ninguém esperava por aquilo. Sem falar que eu era mesmo uma ladra experiente, tinha dedos leves; passei a vida roubando
coisas que sempre achei interessante, mas que não tinha dinheiro para adquirir.

Quando acabei, horas depois, vi à minha frente cupcakes lindos, com belas coberturas cor-de-rosa e roxas. Conferi mais uma vez a receita, para ver se eu tinha segurança para comer, e na primeira mordida meus dentes quase quebraram. Os cupcakes tinham ficado duros como pedra. Mas que porra!
Com ódio, taquei o cupcake na parede. Eu tinha errado mais uma vez. Meu estômago rugia de fome, mas não tive tempo de pensar sobre aquilo, já que alguém bateu na porta. Olhei em
volta, sem conseguir encontrar uma solução para esconder toda a bagunça. Poderia ser o inútil do meu pai ou alguma funcionária da agência de eventos para noticiar que Mariana estava me caçando com uma foice.

Olhei rapidamente os cabelos no espelho da sala e gritei "já vai" quando bateram de novo. Mais forte, dessa vez. Abri o trinco da porta e dei de cara com doutor Franco, advogado de Gabriel.
Tremi e engoli em seco, querendo me punir por deixar transparecer meu terror.
Encenei uma expressão de normalidade, mesmo vendo em seus olhos que não havia nada normal nessa visita, e ele sabia que eu sabia. Que merda! Esse homem trabalhando no sábado.

- Carol, venho a mando do senhor Gabriel Barbosa. Precisa vir comigo para uma reunião com ele.

- O quê? Que tipo de reunião é essa? Para quê? - Minhas sobrancelhas se elevaram, estava boquiaberta. - Já não tenho mais vínculo com seu cliente, meu negócio era com Leticia, e já fiz o reembolso do dinheiro. Por favor, licença.

Eu não deveria atropelar tanto as palavras e dar explicações aceleradas, acentuando meu nervosismo. Empurrei a porta, mas ele colocou o pé, me impedindo de fechar. O medo me
apertou. Deu vontade de correr e pular a janela, mas me lembrei que morava no terceiro andar.

- Não precisa ficar preocupada, é apenas uma acareação. Ele quer conhecer todos os detalhes do que foi reembolsado. Eu fui à empresa, e dona Mariana me disse para te procurar.

- Eu fiz a planilha e entreguei ao senhor. Aquilo é tudo. Ele pode conferir...

- Você não entendeu. Gabriel quer fazer isso junto com você. Ele é metódico e cismado, deve entender. Por favor, vista-se adequadamente e venha comigo.

Ah, meu Pai! Esse cara será muito difícil de dobrar, e eu vou colocar tudo a perder estando cara a cara com ele. Olhei ao redor, procurando uma rota de fuga.

- Não posso ir. Infelizmente. Com licença. - Empurrei a porta novamente, mas dessa vez ele me deteve apenas falando: - Ou você prefere uma acareação na frente do juiz?

Ah, cacete! Tribunal, não.

Abri a porta, e o homem elegante de cabelos grisalhos sorriu, vitorioso.

- Vá se trocar, Carol venha comigo.

Inferno.

Calada e amuada no banco de trás do carro, eu pensava mil maneiras de mesafar ou ludibriar o maldito, que devia ser muito bom para lidar com golpistas.Esses ricaços sempre são espertos, ainda mais quando o assunto é o dinheiro deles. Deveser acostumado a esse tipo de gente - como eu - que dá golpe na esperança deque tudo correrá bem. "Ele gosta de dominar." Esse inferno de frase não saía daminha mente conforme o carro avançava. Um controlador nato! Quais eram minhas chancesde ludibriá-lo? Viajamos cerca de cinco quilômetros para fora da cidade.Entramos por um caminho de paralelepípedose chegamos a um gigantesco portão de ferro que continha o nome Barbosa em letras garrafais.

xxxxxxx

O que será que vai acontecer com Carol?
Comentem aí !!
Se tiver 5 comentários e 1 voto, eu posto outro capítulo hoje ❤️☺️
Um xêrooo 💜

MINHA REFÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora