— Está dizendo que... O filho é meu?
Mesmo sendo mentira, isso me ofendeu.
— Estou presa aqui há mais de três semanas, transando apenas com você. De quem mais poderia ser?
Pasmo, ele levantou a cadeira e se sentou de volta. Gabriel ficou de cabeça baixa por mais tempo que eu gostaria. Letícia estava chegando, e ele tinha que acreditar em mim.
— Escute, podemos fazer exames.
— Gabriel! - Ouvi o grito vinda da sala. Meu sangue ferveu, eu queria bater nela. - Gabriel, onde você está? - gritou mais alto e ele levantou o rosto.
— Quem está aí? - murmurou. Eu me fiz de desentendida e dei de ombros. A porta se abriu e Letícia entrou correndo, fugindo dos seguranças.
— Ah, aí está você – Leticia sorriu.
— Letícia? Que porra essa mulher está fazendo aqui, na minha fazenda? - Ele gritou para o segurança, mas o homem saiu apressado após ver meu sinal de que poderia sair. Ele devia obediência á Gabriel, mas, nesse instante preferiu correr e preservar seu emprego.
— Saiba que esta mulher - apontou para si e se aproximou dele. - É ninguém menos do que a mãe do seu futuro filho. Eu estou grávida, Gabriel, e o filho é seu. - Ela manteve a pose austera, como se tivesse acabado de dar xeque-mate, todavia o que escutou foi uma sonora gargalhada. Gabriel até jogou a cabeça para trás rindo, e eu fiz o mesmo com ele.
— Não ria! - Ela berrou, pasma com a resposta. Em seguida, me olhou e bateu na mesa. - O assunto é sério!
— Duas grávidas? Vocês combinaram? Estão juntas para me dar um golpe?
— O que? - me encarou, e eu não titubeei em falar:
— Chegou tarde, amiga. Já tem uma grávida para o Gabriel cuidar. Vai embora e mande um cartão postal depois.— Sua vagabunda! - Ela gritou descontrolada, e veio para cima de mim. Nossa amizade tinha acabado definitivamente, e eu não lamentava por isso. Antes de tocar em mim, levantei minha mão e dei um tapa em seu rosto.
— Vira gente, porra! - falei, revoltada. Letícia veio para cima de mim, mas foi segurada por Gabriel.
— Chega, caralho! Mas que porra está acontecendo aqui?
— Estou grávida, esperando um filho seu, e quero meus direitos. -disse Leticia
— Eu também estou, e quero meus direitos. - Pisquei ironicamente para Letícia. Ela sabia que a cada vez que eu falava parecia mais ainda armação de nós duas, colocando em dúvida a palavra dela. Gabriel já estava desconfiado, não havia veracidade nas duas histórias. Todavia, eu já tinha calculado as consequências, e elas vieram. Furioso, como poucas vezes eu tinha visto, ele se voltou para mim.— Está tentando me dar um golpe, Carol?
Mesmo cogitando que ele poderia pensar isso de mim, foi duro ouvir isso.
— O que? - praguejei
— É isso. É um golpe Gabriel. - Se recuperou, criando forças. - Ela falou comigo que ia fazer isso só para arrancar dinheiro de você. - Ela improvisou e segurou na camisa dele. - Eu sou a única que falo a verdade, Gabriel. Me aceite de volta, o que eu fiz foi um deslize. Estou tão arrependida.
— Você só pode estar louca. - Segurou forte os braços dela e a afastou - Olha se eu tenho cara de corno manso? Me respeita.
— O filho é seu... Matheus quer que eu tire, você precisa me ajudar.— Se tiver um filho meu aí dentro, o que eu duvido muito, ele terá tudo o que merece, mas não ouse tentar encostar em mim. - Após a resposta certeira, deixando -a em completa aflição, Gabriel deu dois passos em minha direção. Seu olhar era frio.
— Agora é sua vez. O que está aprontando?
— Estou grávida. - Sustentei o olhar. O jeito era continuar batendo na mesma tecla. Depois eu desmentiria explicando que só queria enfrentar Letícia.
— Mentirosa! - gritou. Eu nem olhei para ela. Estava paralisada, encarando Gabriel, pois ele tinha um olhar diferente. Um ar de esperança brilhava nos olhos dele, mas não a esperança de que fosse lhe dar um filho, mas sim de que eu não estivesse lhe dando outro golpe. Parecia que torcia para eu não o desapontar.
Eu não aguentei mais sustentar seu olhar e corri para fora do escritório. Eu me sentia arrependida do que tinha feito. Eu não ajudei Letícia como ele esperava e deixei sua história com um pouco mais de credibilidade, mas a que custo? Gabriel veio logo atrás de mim.
— Fale! - Me sacudiu - Isso tudo entre vocês duas, é tentativa de golpe?
— Eu passei três dias te ajudando a bolar tudo aquilo ali pra derrubar seu cunhado e acha que eu iria dar um golpe?
— Então está mesmo grávida?
Eu não podia sustentar a mentira na cara dele.— Me larga! - Me soltei e corri rumo á escada. Eu estava tremendo e suando frio, e de repente sentir meu estômago revirar. A tensão tinha sido tanta, que algo deve ter acontecido no meu organismo diabético.Era a única explicação para o meu repentino surto. Corri para o banheiro e oque eu tinha comido havia pouco tempo, voltou por completo.
Senti Gabriel atrás de mim e me amparar, segurando meus cabelos. Eu me afastei, fiquei de pé e apoiei na pia.
— Preciso de doce. - Pedi. - Acho que a minha glicose caiu. - Pelo espelho, contemplei os olhos preocupados dele.
— Isso tem a ver com a glicose?
— Sim. Desculpe. Eu não estou grávida. Era só uma tentativa frustrada de diminuir Letícia.
— Eu não acredito em você.
— O que? - me virei para ele.
— Vou mandar fazer um exame em vocês duas. Agora eu quero comprovação. Não vou acreditar em você, Carol. - Ele saiu do banheiro e fui atrás dele.
— Gabriel, espere.
— Vou pedir a Tereza que te traga um suco. Não vai sair desse quarto até que eu tenha nas mãos o resultado.
— O que vai fazer se eu não estiver grávida?
— Pensarei em uma punição depois.
Eu tinha mesmo feito uma besteira, como eu temia. Fui tentar confrontar Letícia e sobrou para mim. Eu pressentia que eu mesma tinha criado todo o furacão. Soprei rapidamente, esperei um pouco, abrira porta e sai correndo. Quando cheguei a escada, escutei Gabriel gritar algo.Fui para a escada para tentar ouvir, e Tereza estava explicando o que aconteceu aflitamente.
— Ela foi embora, disse que não ia esperar nada e ia resolver no tribunal. Eu achei que podia ir e abrir o portão.
Puta que pariu. Eu estava pressentindo que a merda só crescia e que poderia desmoronar em cima de mim. Desci mais degraus daescada. Isso não era nada bom, Letícia não desistiria tão facilmente. Ela tinha um plano de última hora.
— Onde está Letícia? - perguntei e Gabriel o me olhou furioso.
— Isso é o que eu quero saber, Carol. O que vocês estão aprontando? Diga agora, aonde ela está?
— Eu não sei. - Dei um passo para trás, subindo o degrau. - Não sei, Gabriel, não tenho nada a ver com isso.
+1 capítulo só pra dizer que vai começar a emoção a partir de agora. Preparem os lenços.
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MINHA REFÉM
FanfictionCarol não gostava de rótulos como ladra ou golpista, ela preferia dizer que escolhia sempre o caminho mais curto para o próprio sucesso, para se dar bem, não importando o que precisaria fazer. Seu novo emprego de cerimonialista lhe dava a chance de...