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— Hora de acordar, Carol. - Ainda de olhos fechados, gemi, morta de preguiça e sono, e tentei afastar Gabriel, que acabara de me abraçar e estava beijando minha nuca. - Sem teimar.

— Hum rum. me deixa. - Eu me afastei mais um pouco e cobri a cabeça com o cobertor.

Tínhamos dormido juntos mais uma vez. Ele me trouxe para o quarto depois do jantar, transamos e ficamos por ali mesmo. Confesso que dormir em sua cama grande, no quarto escuro, com ele me abraçando, era uma sensação deliciosa. Nunca tinha dormido tão bem. E era uma coisa que eu lutava para não gostar, entretanto era inevitável.

— Você não tem querer. - Gabriel arrancou o cobertor, o frio do ar condicionado me abraçou. Praguejei mentalmente, querendo esmurrar o homem. - Te dou um minuto para estar de pé naquele banheiro, Carol.

Ele se levantou da cama, jogou o cobertor em uma poltrona e foi para o banheiro. Estava pelado. Gabriel dormia nu, me abraçando. Eu ainda não estava pronta para superar sua safadeza.
Eu me encolhi com frio, tendo preguiça de levantar para pegar o cobertor do outro lado do quarto. O maldito fez a coisa mais cruel que pode existir e que mães do mundo usam como tática: tirar o cobertor de um pobre inocente que ainda está com sono.
Do banheiro, ouvi Gabriel fazendo xixi e em seguida o chuveiro sendo ligado. Imaginei a suculência máscula se ensaboando e sorri hipocritamente. Eu queria matar Gabriel, mas não queria perder a transa, que, com ele, era a oitava maravilha do mundo.
Eu estava quase dormindo novamente quando ouvi um grito da porta do banheiro.

— Carool

Sentei na cama de supetão. Gabriel estava se enxugando com uma toalha e portava um olhar ameaçador.

— Já estou indo caralho!

— O que disse?

— Falei que a manhã está com cheiro de orvalho.

Gabriel resmungou, foi para o closet, e eu entrei no banheiro. Após despertar com uma ducha, vesti uma roupa leve para correr, desci, tomei um pouco de café com queijo, que Tereza mesma fez, e saí, prontinha para seguir o chefe.

Gabriel decidiu correr só de bermuda, tênis e óculos escuros, sem camisa, me deixou sedenta por seu corpão malhado e bronzeado.

— Vamos seguir o mesmo percurso daquele dia. E, dessa vez, aí de você de recusar.

— Sim, senhor. - falei no puro deboche e corri ao lado dele, tomando a estrada principal. O clima estava muito bom, fresco e com os primeiros sinais de sol aparecendo. Enquanto eu me esforçava, correndo e ofegando, ele ia ao meu lado, numa boa sem qualquer sinal de cansaço. Parei para descansar, e Gabriel estendeu até mim uma garrafa de água que eu nem tinha percebido que ele havia trazido.

— Se hidrate. Aguenta continuar?

— É uma pergunta ou uma ordem?

— Eu vou te forçar até o seu limite, Carol, e você precisa dizer quando chegar nele.

Soprei pesadamente, arranquei a garrafinha da mão dele e bebi a água refrescante. Devolvi para Gabriel, me alonguei e corri.

— Tente me alcançar, nobre senhor. - Eu já estava a metros de distância quando ouvi a risada dele e, em seguida, seus passos. Revirei os olhos quando ele me alcançou sem nenhum esforço. O sorriso de vitória estava em sua cara. Eu queria tirar aquele sorriso á força, mas sabia que o que conseguiria era alguns gemidos quando voltássemos para casa, no momento em que fôssemos nós refrescar antes do café oficial.

Os dias estavam voando. Três semanas se passaram, e eu não me sentia mais como uma refém, e sim como um integrante da Fazenda. Era como se lá fosse minha casa.
Gabriel criou cronograma para mim, e eu fui obrigada a seguir à risca. Eu tinha um personal que vinha três vezes por semana para me ajudar na bem equipada academia da Fazenda. E meu carcereiro cowboy não confiava nenhum pouquinho no profissional. Gabriel sempre se vestia e ia para a academia malhar com a gente.

MINHA REFÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora