quatro

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[Emma]

— Deixa! — Lilian pede, pelo que me parece a milésima vez.

— Não! Se eu deixar você me arrumar, vou sair daqui parecendo uma palhaça.

— Não vou, prometo.

— Para de insistir. Você não vai me maquiar.

Deixo Lilian tagarelando na sala e vou para o banheiro. Após um banho rápido, estou na frente do guarda roupa tentando descobrir a roupa mais sem graça. Mas eu tinha vestidos e mais vestidos, é um mais lindo que o outro.

Eu não queria estragar o jantar, muito pelo contrário. Queria que ele desse certo por tempo o suficiente para que eu pudesse comer o máximo de chinesa que conseguisse.

Acabo optando por um vestido de alças finas e na cor preto. Jogo uma jaqueta jeans por cima e uma sandália não muito alta. No meu cabelo eu não faço nada além da rotina. Amo meus cachos e odeio destruí-los.

Assim que chego na sala, Lilian revira os olhos.

— Amiga, eu te amo, você é linda, e eu não vou te deixar sair assim.

— Eu sei o que...

— Não! E pode falar o quanto quiser, mas vai vestir o que eu falar. Ou eu mudo nosso acordo...

Reviro os olhos e marcho para o quarto. O que não fazemos por comida...

— E o que a senhorita sugere? — questiono, sentando na minha cama.

— Algo chique. Você vai em um restaurante caro, Emma. Se vista bem.

Lilian revira e desvira o meu guarda roupa, jogando várias peças aleatórias em cima de mim.

— Quer que eu vista todas?

Ela então se vira e fica me encarando, antes de andar até mim e ficar colocando algumas peças na minha frente.

— Decide, Lilian! — resmungo, puxando a peça da mão dela. — Não quero chegar atrasada.

— Já decidi.

Minha então melhor amiga, pega algumas peças e me entrega.

— Vista com... — Lilian caminha até a sapateira, enquanto olho com desdém para aquela roupa. — Esse salto.

— Ah, não. Salto não. Meu dedo fica saindo por essa tira aí.

— Então a bota. E para de reclamar que ainda tenho de fazer uma maquiagem.

Eu até tento argumentar, mas Lilian me olha de uma forma tão intensa, que temi a perca do meu amado hamburguer.

A escolha dela, se resumia em um vestido com alças grossas e justo ao corpo, na cor azul. E ao invés da minha jaqueta jeans surrada, tinha um blazer em um tom mais escuro que o vestido. Eu estava parecendo uma mulher de negócios, se ele me olhasse da cabeça aos joelhos.

Lilian cumpre sua palavra e não exagera na maquiagem. Ela faz um delineado de gatinho e me faz usar um batom nude. Eu gostava da imagem que via no espelho, embora não tivesse animo para aquilo.

— Oh meu Deus! — murmuro, ao ver a hora no relógio da parede. — Estou atrasada. Tchau.

Puxo a bolsa da mão de Lilian e corro porta afora, já encontrando o uber a minha espera. Eu poderia ter ido tranquilamente de metrô, já que é meu meio de transporte favorito, mas queria causar uma boa impressão e descer de um carro ótimo.

Cinco minutos após as oito, eu estava chegando no restaurante chinês. Assim que pago o motorista, desço do carro e vou até a porta. Procuro meu celular na bolsa, para mandar uma mensagem informando que cheguei, quando só então noto, que sai sem ele.

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