quarenta e um

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[Emma]

Quando chego em casa, solto o ar que estava prendendo desde que havia visto John no bar. Ao mesmo tempo em que o encontrar era tudo o que eu mais desejava secretamente, aquilo era apavorante. Nós magoamos um ao outro e não foi uma coisa fácil de superar.

— Já voltou, filha? — Ingrid pergunta, fazendo com que eu a perceba sentada em sua poltrona de sempre. — Achei que você e Ryan voltaria mais tarde.

— É... eu tive... tive um probleminha.

Ela tomba a cabeça e bebe um pouco da água que tinha ali.

— Quer conversar?

Eu queria subir e me enfiar embaixo das cobertas como sempre, mas sentia que precisava despejar tudo o que havia dentro do meu coração.

— Meu ex está aqui. — digo, me sentando no sofá a sua frente. — O ator.

— Era ele gravando na praia?

— Sim. Ele apareceu no bar e... tudo explodiu. Minha cabeça, minha sanidade, meu coração...

Com certa dificuldade, Ingrid deixa sua poltrona e se senta ao meu lado. Ela me puxa para deitar-se em seu ombro e eu o faço.

— Posso dizer o que acho? — afirmo com a cabeça. — Se vocês se amam, por que não ficam juntos de uma vez? Mesmo que você não me inclua nos assuntos da sua vida, eu vi a maneira que você ficava quando sabia que ele estava com alguém.

— Eu sei, mãe, mas nós fomos duros um com o outro. Não sei se conseguiríamos lidar com o que aconteceu.

Ingrid se afasta de mim e fica me encarando com os olhos cheios de lagrimas.

— O que foi?

— Você... você me chamou de mãe.

— Ah... — tinha saído tão naturalmente, que eu não tinha notado. Mesmo que me sentisse mais próxima dela, eu só a chamava pelo nome. — Foi sem querer.

Ela me abraça.

— Você não tem ideia de quanto tempo esperei para ouvir essas palavras novamente. — diz. — Emma, para de ser dura consigo mesma. A vida é curta demais para ficar se privando de ser feliz. — ela segura meu rosto e olha bem no fundo dos meus olhos. — Se ama aquele rapaz, como eu sei que ama, fique com ele. Se for amor, vocês vão conseguir se perdoar de qualquer coisa que os tenha machucado.

Tinha tanta verdade no olhar de Ingrid. Eu ainda não sabia o que fazer em relação a John, mas a forma com a qual ela falou, me fez querer saber.

A porta da frente é aberta e nós olhamos de imediato, a tempo de ver Ryan entrar e John logo depois.

— Emma, nós vamos conversar! — ele diz, afobado.

— Caramba, cara. Eu não pedi para deixar eu falar com ela primeiro?

— Pediu, mas eu tenho pressa. — ele olha para Ryan e depois para mim. — Não importa o que você diga, nós vamos conversar.

— Tudo bem.

— Emma, eu disse que... — John pisca algumas vezes. — O que você disse?

— Eu disse que tudo bem. Vamos conversar.

— Ah.

John encara minha família algumas vezes, aparentemente perdido. Imagino que ele esperava que eu fosse recusar e com isso ele iria insistir mais vezes.

— Vem, vamos subir.

Vou para a escada e paro no meio dela, ao reparar que John não me seguia. Ele permanecia parado ao lado de Ryan e olhava para Ingrid.

— John? — ele me olha. — Vem.

— Oh... claro. Licença.

Nós entramos no meu quarto e John encara tudo.

— Você é a cara dela. — ele diz, passando o dedo por uma pilha de CDS que tinha na escrivaninha.

— O que quer falar?

— Nossa, sem rodeios. — John sorri e me olha. — Você sabe o que eu quero. — ele caminha na minha direção. — Eu quero você, Emma. Quero a gente.

Meu corpo inteiro tremeu diante daquelas palavras. Ele segurou minha mão e meus olhos fecharam quase que imediatamente.

— Não aguento mais ficar longe de você. — suas mãos estão em meu rosto. — Me olha. — faço o que ele pede, me deparando com os olhos azuis mais lindos do mundo diante de mim. — Eu te amo, Emma. E eu sei que você também me ama.

Nossos olhares se intercalam entre olhos e bocas e aquilo não demora mais que alguns segundos. Arfo e circulo meus braços no pescoço de John, chocando nossos lábios em seguida. Suas ágeis e fortes mãos, pressionam a minha cintura, aprofundando nosso beijo.

— Me desculpa. — ele diz, sem sequer descolar nossos lábios. — Eu fui um tremendo babaca com você. Não devia ter dito nada daquelas coisas. Nossas realidades eram completamente diferentes, então era mais do que cabível, as escolhas que você precisou fazer.

— Só está dizendo essas coisas para que tudo fique bem.

— Não. — John se afasta um pouco, mas não me solta. — Mesmo que você não queira nunca mais ficar comigo, eu preciso que me perdoe por aquelas palavras. Eu não sou aquele cara. Nunca fui. Por favor. — ele chora, quebrando ainda mais o meu coração. — Me perdoa. Por favor, Emma.

A forma que John chorava, era desesperadora. Eu não me lembrava de tê-lo visto chorar antes e ainda mais daquela forma. Mas uma coisa era óbvia.

Eu amava John e não suportava mais estar longe dele.

— Tudo bem, John. — sussurro, dando breves beijos em seus lábios salgados. — Passou. Eu perdoo você, se você for capaz de me perdoar por mentir. Eu não tive outra opção, eu não...

Ele não me deixa terminar e me beija, abraçando-me com força.

— Chega. Chega. Eu não quero falar de mais nada disso. Não quero. A única coisa que eu quero é beijar você inteira e matar essa saudade que me corrói.

John beija meu pescoço, deixando-me excitada na hora. Se não fosse por Ingrid e Ryan no andar de baixo, nossas roupas estariam no chão e nossos corpos nus estariam na minha cama se embolando como nunca.

— Agora não. — digo, desviando de seus beijos quentes. — Não quero imaginar o que Ryan está pensando lá embaixo. Pior que ele, a Ingrid!

Ele ri da forma que falei e concorda com a cabeça.

— Amanhã é o último dia de gravação da serie aqui em Malibu e depois nós voltamos para casa. Você vem comigo, não é?

— Na gravação?

— É. — John tomba a cabeça. — Mas eu estava falando sobre Seattle.

— O que?

— Você vem comigo para Seattle. Não vem?

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