onze

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Minha coluna doía absurdamente, quando despertei. Estava com uma vontade enorme de esticar meus ossos, mas o baixo ronco que ouvi, me impediu.

Ao olhar para cima, observo John dormir. Ele estava com a cabeça de lado e deitada no sofá. Eu me encontrava esticada no chão, com a cabeça em cima de sua perna. Se eu estava com dores, quero nem imaginar o estado dele.

Não aguentando mais de dor, levanto de sua perna e pelo menos uns mil ossos estalam.

— Cacete. — resmungo e acabo esbarrando no loiro.

— Opa.

John desperta e me encara, com o olho parcialmente aberto. Ele conseguia ser ainda mais lindo, com aquele cabelo tingido todo desgrenhado e a cara inchada.

— Desculpa acordar você. — digo, meio sem jeito.

— Tudo bem. Acho que se eu dormisse mais um segundo dessa forma, não conseguiria levantar mais. — ri. — Bom dia.

— Bom dia.

Sorrio sem jeito, pela forma que ele me olhava, o que faz com que uns fios caiam de trás da minha orelha. Quando ergo a cabeça, John faz com que eles voltem para o lugar que estavam.

— Ér... — murmuro, me levantando. — Vamos tomar café?

Corro para a cozinha, afim de tentar ficar menos constrangida ao lado de John. Nós nos beijamos, dormimos juntos e isso é normal. Eu não deveria estar com tanta vergonha.

Abro a geladeira e fico com ainda mais vergonha que antes. Ela se encontrava completamente vazia. Bem... estaria completamente vazia, se não fosse pela garrafa com água, que estava parcialmente vazia. Bato a porta da geladeira, grunhindo pela minha falta de dinheiro.

— Emma? — viro rapidamente, assustada pela entrada repentina de John. — Tudo bem?

— Eu... aí que vergonha... Não tenho nada na geladeira.

— Não precisa sentir vergonha por isso. Você não teve tempo de fazer compras, eu entendo. — sorrio, ainda sem jeito. — Vou ligar para uma cafeteria e pedir um café reforçado para nós.

Eu podia recusar, dizer que não precisava e que estava sem fome, mas minha barriga roncava tão alto, que era possível o vizinho de baixo ter ouvido.

— Então eu acho que vou... vou tomar um banho rápido. Pode ser?

— Sim, claro. — diz, pegando o celular. — Assim que você sair, eu vou.

Assinto para John e corro para o banheiro. Após um banho rápido, enrolo-me em uma toalha e dou uma geral no banheiro. Depois de me certificar de que tudo estava limpo, vou para o meu quarto e coloco um vestido. Olho para a lingerie que Lilian ficou me atazanando para vestir e não penso duas vezes, antes de trocar a que estou vestindo.

Voltando para a sala, encontro John digitando em seu celular.

— Há toalhas embaixo da pia. — informo, me sentando ao seu lado.

— Prometo que não demoro. Se chegar o café, entregue essa nota. — me entrega uma nota de vinte libras. — E não precisa de troco.

— Pode deixar.

John se levanta e beija minha testa, antes de ir para o banheiro.

Aproveito aquela deixa, para recolher a sujeira da noite passada. Embora meu apartamento fosse o mais precário o possível, eu tentava mantê-lo bem limpo. Se tinha uma coisa que eu não suportava era sujeira.

— Faxina a essa hora? — John brinca, saindo do meu quarto.

Termino de colocar o lixo na pá e o jogo na lixeira.

— Sou meio chata com limpeza. — digo. — Mas acabei. E mais faminta do que antes.

— Nada do café? — nego com a cabeça, enquanto levo as coisas para a cozinha. — Vou ligar de novo.

No mesmo instante batem na minha porta. Meu estomago quase chora de alegria.

Voltando para a sala, encontro John já abrindo as sacolas.

— Meu Deus, que fome! — resmungo, me sentando ao seu lado. — Tem chocolate?

— Pedi dois do grande. Só para você.

Sorrio e coloco minha mão em seu rosto.

— Davies, desse jeito fica difícil não me apaixonar por você.

Ele ri.

— Para de bobeira e come. E tem que comer tudo.

— Seu pedido é uma ordem.

[...]

Depois de uma manhã maravilhosa e cheia de comida, John diz que precisa ir.

— Sério? — choramingo, tombando minha cabeça.

— Sim. Eu tenho alguns compromissos essa tarde e ainda tenho que passar em casa.

— Ah, tudo bem.

— Vem? — ele estica a mão para mim.

Pego a mão de John e nós saímos do apartamento. Descemos as escadas em um completo silencio, enquanto eu me sentia envergonhada por estar com a mão suando. Era nervosismo e ainda não tinha aprendido a lidar com aquilo.

Quando chegamos ao térreo, ele se vira para mim, ainda sem soltar minha mão.

— Bem... foi ótimo passar essa noite com você. — diz. — Quero te ver essa noite. Você vai trabalhar?

— Não. Só amanhã.

— Venha até minha casa. Vou cozinhar para você.

— Eu não...

— Vou ter que convencer você? — questiona, colocando a mão na minha cintura.

Sorrio, ao entender aquilo.

— Eu imagino que sim.

— Estava ansioso por essa resposta.

Segurando em minha cintura com força, John se aproxima e junta nossos narizes. Ele nem tinha me beijado e minha respiração já estava falhada. Nossos lábios se unem, dando início a um beijo cheio de romantismo. Não tinha pressa e nem motivo para isso. Envolvo meus braços em volta do pescoço de John e o puxo mais para mim, na intenção de nunca parar aquele beijo.

Eu sempre fui muito cautelosa com as pessoas com quem me envolvia. Depois de Nicolas, eu me fechei para o sentimento e apenas dava uns beijinhos ou fazia sexo sem compromisso por ai. Mas desde o encontro que tive com John, a base de risadas, comida chinesa e vinho branco, toda a barreira que eu havia construído para manter o amor longe de mim, parecia estar desabando. E ele era o culpado daquilo.

— Eu realmente preciso ir, baby. — diz, me dando um selinho. — Mando um carro vir buscar você às nove.

— Eu trabalho amanhã cedo... devo levar roupa?

John sorri.

— Se você quiser dormir lá, será muito bem-vinda. Se não, eu te trago em casa a hora que quiser.

— Eu já disse que você é um fofo? — pergunto, brincando com seu cabelo. — Agora vá! Não quero que se atrase.

— Até mais tarde.

John me beija rapidamente e termina de descer as escadas.

— Até.

Do lado de fora, ele acena para mim, antes de seguir seu caminho. 

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