— O que está vendo? — Ryan pergunta, aparecendo de repente.
— É o John.
— John? O seu John?
— Ele não é mais o meu John. — respondo, com a tristeza na voz. — Olha. Parece que ele é o detetive principal.
Ryan força a vista e me olha.
— É impressão minha ou ele está olhando para cá?
Torno a olhar para a praia, apenas para sentir meu coração parar. John olhava para onde estávamos e apontava, enquanto falava com pessoas ao seu lado.
Quando percebo que ele está caminhando para sair dali, entro em desespero e puxo Ryan para a sala.
— ELE ESTÁ VINDO PARA CÁ. — grito.
— O que vai fazer?
Não penso muito, começo a subir as escadas e apenas paro porque Ryan me chamou.
— Eu vou me esconder. — digo, quando ele pergunta para onde estou indo. — John não conhece você. Se ele perguntar... enfim, eu não moro aqui e você nem sabe quem sou eu!
Antes que ele perguntasse qualquer coisa mais, corro para o meu quarto e me enfio dentro do armário. Permaneço ali sentada, abraçada a minhas pernas, pelo que parece uma eternidade. Sei que seria bem mais fácil, ter sido madura e encarado John. Mas eu me conheço o suficiente para saber que não faria bem encontrá-lo.
— Emma? — Ryan chama. — Ele já foi. Onde você está?
Abro o armário e saio, observando o meu irmão com cautela.
— Era para tanto? — pergunta, apontando para o lugar onde eu estava escondida.
— Não me julga. E então? O que aconteceu?
— Ele veio até o deck e perguntou quem era a mulher que estava no deck comigo. E eu disse que era a enfermeira da mamãe.
— Só isso? — questiono, frustrada.
— Não. Ele perguntou meu nome e se eu conhecia alguém chamada Emma Clark. Disse que era Gabriel e que nunca tinha conhecido alguém com esse nome. E então ele foi embora.
— Ah... entendi.
Caminho até minha cama e me deito, cobrindo-me até a cabeça. Eu só queria deitar e esquecer que John estava há poucos metros de mim.
— Você não vai fazer isso agora. — Ryan diz, puxando a coberta de cima de mim.
— Ryan, me deixa. Por favor.
— Não! Dessa vez não. Eu tenho visto você se esconder aí todo mês. Toda vez que vê uma notícia daquele cara com outra mulher. Não vou deixar isso acontecer de novo.
— Ryan...
— Emma, você vai levantar dessa cama e ir tomar um banho. Nós sairemos em uma hora. — diz, com firmeza. — E escuta bem o que eu estou dizendo. Se você não estiver pronta em uma hora, eu vou caçar o telefone daquele ator e vou trazer ele até aqui.
— Você não teria coragem de fazer isso.
Ryan cruza os braços e me encara com o olhar bem desafiador.
— Quer testar?
Olho-o por poucos segundos, para decidir que não iria enfrentá-lo. Ryan era bem persuasivo e eu nem conseguia odiá-lo por aquilo. Eu era da mesma forma.
Bufo e vou para o banheiro, batendo a porta em seguida.
[...]
— Eu esqueci de comentar com você. — Ryan diz, na porta do bar.
— Ah, não. O que você aprontou?
— Nada! Abby comentou que iria trazer o irmão, para um...
— Encontro duplo? — ele afirma, sorrindo sem graça. — Que coisa brega.
— É. Mas já estamos aqui, não é? Vamos.
Rolo os olhos, enquanto Ryan agarra em minha mão e me puxa para dentro do bar barulhento.
Sexta a noite e aquilo estava um fervo. Os únicos lugares disponíveis, eram na mesa onde estava a tal Abby e seu irmão. Que por sinal, que irmão!
— Olá! — digo, sorridente. Eu não esperava que aquele homem fosse tão bonito. — Sou Emma.
— Eric. Enorme prazer em te conhecer.
Estico a mão, que ele carinhosamente segura e beija, como um perfeito cavalheiro.
Eric era o mesmo que todos os outros homens californianos. Pele bronzeada, musculoso e o cabelo comprido.
Nos sentamos na mesma mesa em que Ryan e sua adorável Abby. A garota parecia um personagem de anime, com o cabelo cortado tão reto quanto sua franja.
— O que querem beber? — Eric pergunta, já chamando um garçom.
— Cerveja, não é, Emma?
Eu confirmo e Eric pede cerveja para três e um suco adocicado para sua irmã.
— Não bebe, Abby? — pergunto.
— Não. Não curto nada alcoólico.
— E por que marcaram em um bar?
— Estou querendo expandir meus horizontes. — ela diz, sorrindo para Ryan.
Os dois entram em um mundo particular, com risadinhas e piadas internas, que só teve pausa para receber as bebidas.
— E você, Emma? — Eric chama. — O que faz?
— Sou recepcionista.
— Ah. — ele sorri, sem graça. — Achei que você fizesse algo como seu irmão.
Ryan trabalhava em um escritório de advocacia, enquanto finaliza a faculdade para ser juiz. Do mesmo jeito que seu pai, que mora em outra cidade.
— Como?
— É... quer dizer, trabalha como recepcionista para fazer horas? Para a faculdade?
— Não. Não faço faculdade.
— Ah, não? — nego com a cabeça, portando um sorriso irônico. — Então já é formada? — antes que eu pudesse responder, ele continua. — Até porque, é feio não ter formação nenhuma, não é? Hoje em dia para ser alguém na vida, PRECISA fazer uma boa faculdade.
Eric cutuca a irmã com o braço, que me encara juntamente de Ryan, que já me conhecia suficientemente bem, para me pedir calma entre dentes.
— É. Até pode ser. — respondo, bebendo toda a cerveja em um único gole. — Mas sabe o que é ainda pior? Ter formação e ser um completo imbecil.
Rolo os olhos e caminho para bar, bem longe de todo aquele ar de superior.
— Quer algo? — a mulher do outro lado do balcão pergunta, enquanto passa um pano por ali.
— A bebida mais forte que você tiver.
Ela me olha de lado, sorrindo.
— Você não parece ter cara de quem gosta de algo bem forte.
Uma voz soou atrás de mim, respondendo ao que a garçonete havia falado.
— Ela gosta de vinho branco. — giro no banco, apenas para checar se aquela voz, não era fruto da minha saudade. — Mas preferencialmente, junto com comida chinesa.
— John...
Ele sorri, fazendo com que eu derreta e esqueça todo o resto.
— Oi, Emma.
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Hotline Bling
Roman d'amourEmma vê sua vida ir por água a baixo, quando seu pai morre e todas as suas dívidas são jogadas em seu colo. Sem outra opção, ela abandona a faculdade e arruma um emprego como atendente sexual. Sua função era fazer homens se aliviarem pelo telefone. ...