— Tem certeza que você não quer nada? — John pergunta pela décima vez, mastigando mais um pedaço do hambúrguer que tinha pedido.
Eu tinha negado, mas daquela vez eu não podia resistir. O molho estava escorrendo pelos dedos do loiro e quando ele os lambia, eu só conseguia imaginar o sabor que teriam.
— Agora eu quero.
Ele empurra uma das caixas para o meu lado e ri.
— Eu sabia que você não resistiria ao hambúrguer desse lugar. Como lá desde que o dono me ajudou a fugir de algumas fãs.
— Faz muito tempo?
— Quase seis anos. — John responde, em clima nostálgico. — Mas enfim. Me conte. Não pense que eu esqueci o motivo pelo qual te busquei.
— Eu não quero falar sobre, John.
— Emma!
— Meu pai morreu faz três meses. Eu não sabia, mas ele acumulou muitas dívidas. Bancos, lojas... muitas. — digo. — Eu tinha um talão de cheques e um pai para enterrar. Sabia que aquilo voltaria, já que não tinha fundos. Mas também achei que eles teriam compaixão, já que eu sou sozinha e não tinha um tostão.
— E sua mãe? Desculpa perguntar.
— Tudo bem. Mas não gosto de usar essa palavra. Ingrid, a mulher que me gerou, decidiu que não queria ser mãe. Meu pai contava que ela vinha me ver, até meus três anos e depois parou. Sumiu no mundo. Eu tinha o contato dela e quando papai morreu, implorei por ajuda. Ela disse não me conhecer, pois o único filho que ela tinha se chamava Ryan.
— E então passou o cheque sem fundos? — assinto. — Mas por que estava chorando três meses depois?
— A funerária ligou. Ou eu pago, ou simplesmente tiram meu pai de onde está e jogam em uma vala.
— Que absurdo! — John exclama, se engasgando com o refrigerante. — Eles não podem fazer isso, só por causa de simples papéis.
— Sim. Mas eu até entendo. Esses simples papéis estão me causando dor de cabeça há meses e também causam a outras pessoas. Eu só não queria que fosse assim.
— Emma, eu posso...
— Não. — digo, assim que percebo o que ele quer dizer. — Eu não vou deixar você fazer isso.
— Sabe que não vai ser nada pra mim.
— Sim, eu sei. Agradeço com todo meu coração, mas eu não posso e nem vou aceitar.
— E como irá fazer?
— Vou conversar com meu chefe amanhã. Tentar um adiantamento, não sei. Mas irei dar um jeito.
John fica me encarando e então sorri.
— O que foi?
— Não sei. Mas fico te olhando e vendo o quão incrível você é.
— Você mal me conhece, John. E se eu for louca?
— Você deve ser. — diz e ri. — Mas isso não seria uma coisa ruim.
— Por quê?
— Nem todos os loucos são perigosos.
Arqueio uma sobrancelha.
— Que?
— Eu me perdi no que estava falando e a culpa é sua.
— Minha? O que eu fiz?
Suas bochechas ficam vermelhas.
— Onde é o banheiro? — questiona de repente, se levantando.
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Hotline Bling
RomanceEmma vê sua vida ir por água a baixo, quando seu pai morre e todas as suas dívidas são jogadas em seu colo. Sem outra opção, ela abandona a faculdade e arruma um emprego como atendente sexual. Sua função era fazer homens se aliviarem pelo telefone. ...