Hotline Bling

FINAL

— Você tem certeza de que essa roupa está boa? — pergunto a Ryan, me olhando no espelho mais uma vez. — Não acha que está exagerado?

Ryan rola os olhos, começando a ficar irritado com a minha indecisão.

— Irmãzinha, se você não sair desse apartamento agora, para pedir o seu namorado em namoro, eu vou convidá-lo para o seu enterro.

— Nossa... quanta impaciência. Tchau.

Pego a bolsa que estava em cima da cama e visualizo o celular. O carro que chamei já estava quase chegando. Aceno para Ryan e desço, antes que o mesmo realmente me matasse.

Eu não conseguia parar de pensar na conversa que tive com Lilian. Sentia falta das nossas noites de meninas, regrada de besteira e fofoca sobre homens; sentia falta principalmente de seu abraço quente e cuidado exagerado.

Felizmente na vida, tudo é um ciclo. Sou bastante grata por toda felicidade que a amizade dela me proporcionou, mas eu não posso manter em minha vida, alguém que mentiu para mim e tentou destruir minha felicidade.

A voz do motorista me dizendo que chegamos, tira-me de uma infestação de lembranças felizes com minha ex-amiga. Agradeço e entro no prédio, recendo uma olhada do recepcionista. Ele abre um imenso sorriso ao me ver.

— Menina! Achei que nunca mais fosse vê-la por aqui.

— É... — olho em volta e aperto o botão do elevador. — Também achei que não voltaria mais. John está, não é?

— Sim. Quer que eu avise?

— Não. É uma surpresa.

Os olhos do velho homem brilham tanto quando ele me viu. Após uma piscadinha da parte dele, entro no elevador e aperto o andar de John.

Minhas mãos estavam suando de tanto nervosismo. A singela caixinha vermelha com um par de alianças, que estava em minha bolsa, parecia pesar dez quilos a cada andar que o elevador avançava.

No momento em que aquela grande caixa de metal para no meu andar de destino, sinto que meu coração irá sair pela boca de tão rápido que batia.

Caminho até a porta e tiro a caixinha da bolsa. Abro-a e analiso as duas pecinhas amarelas. Aperto a campainha e me ajoelho. Eu sabia exatamente o que falar. Cada palavra. Cada detalhe. Mas no momento em que John abriu a porta e me encarou com aqueles grandes e brilhantes olhos azuis, tudo fugiu.

— Emma? — ele encara a mim e a caixa intercaladamente. — O que...

— Casa comigo?

A ideia era pedi-lo em namoro, mas eu estava tão nervosa, que minha boca acabou soltando o que eu realmente queria.

John não responde e aquilo me deixa aflita. Eu e minha maldita boca grande! Sempre estragando tudo.

— Vem aqui.

Ele agarra na minha mão e me puxa, fazendo com que eu o acompanhe de forma rápida e desajeitada, até o seu quarto.

— O que foi?

John me solta e remexe a gaveta onde guarda as meias. Em segundos ele se vira e me mostra uma caixa como a que eu segurava.

— Eu tenho isso guardado desde que voltei de Malibu. — ele diz, caminhando para perto de mim. — Juro. Larguei as malas em casa e fui ao shopping. Tinha certeza do que queria. Você. Na minha vida e para sempre.

Olho para a caixinha aberta e sorrio. Nós éramos compatíveis em tudo. Desde o gosto culinário, a termos a mesma ideia para surpreender o outro. Com quantas pessoas é possível sentir isso?

— Casa comigo, Emma? — segurando a minha mão, John se ajoelha. — Casa?

— Só se você casar comigo.

Também me ajoelho e estico a caixinha para ele. Rindo como duas hienas sem freio, colocamos as duas alianças nos dedos.

— Eu te amo. — ele diz, tocando o meu rosto. — E vou amar ainda mais te ver em um vestido de noiva.

— Nós podemos focar em uma outra coisa agora... — murmuro, passando os dedos por seu peito nu. — Que tal?

Ele sequer questiona alguma coisa. John passa o braço pela minha cintura e me puxa para si, beijando-me intensamente. Nenhum de nós nos esforçamos para se levantar e ir para a cama. Após arrancarmos as roupas, usamos o tapete preto felpudo, como ninho do nosso amor.

John coloca um braço de cada lado do meu rosto e usa sua perna para afastar as minhas. Seguro seu rosto e o beijo, sentindo seu pau me preencher por completo. Ele se movimenta calmamente, causando-me arrepios em toda parte do corpo.

Nós trocamos beijos, carinhos e juras de amor, em meio a um sexo repleto de sentimentos. Aquilo não se prolonga muito. John, entre risadas, menciona algo sobre nós termos que fazer sexo de duas a três vezes no dia, para que ele não ejacule precocemente.

— Você é um bobão. — brinco, o empurrando de leve.

— Sou o bobão que você escolheu para se casar.

Ainda estávamos deitados no tapete e sem nenhuma pretensão de se levantar. John me encara de lado e alisa o meu rosto.

— Nós vamos casar. — ele sussurra. — Ainda não consigo acreditar que você me pediu em casamento.

— E você me pediu! Não tinha como ser mais perfeito do que foi.

— Nós precisamos combinar uma coisa. — John se senta e me puxa, deixando-me de frente para ele. — Antes de fazermos qualquer coisa, precisamos conversar.

— Sim. Fala.

— Nunca mais. Nunca mais podemos mentir ou esconder coisa do outro.

— Isso não precisava nem ser falado. É óbvio.

— Aliás... sabe aquele vídeo? Que você precisou fazer.

— Você viu? — escondo o rosto com as mãos, sentindo a vergonha me corroer. — Não acredito.

— Não. Não vi. Logo depois que você se foi, eu pedi um conhecido para procurar a fonte daquele vídeo. Então fui até o dono e... pedi para que ele fizesse aquilo sumir.

O olho.

— É sério?

— Claro. Você fez aquilo em um momento de necessidade. E eu não queria que ninguém ficasse usando sua sensualidade para se masturbar.

Solto minha clássica risada alta e pulo para o seu colo. Fixo meu olhar nos seus brilhantes olhos azuis e acarinho seu rosto.

— Nunca vou me cansar de dizer que você é incrível. Eu amo você, John. Amo de uma forma, que jamais vou sentir de novo. Obrigada por isso.

— Você é minha alma gêmea, Emma. Tem a suavidade do vinho branco com o sabor da comida chinesa. Me promove a calmaria que eu só conseguia lendo livros no metrô.

Nos beijamos, sentindo o gosto da verdade nas últimas palavras ditas por ambos, pois apesar de tudo o que vivemos e passamos, o amor falou e sempre falará mais alto que qualquer outra coisa.