[John]
— Nossa, que lugar quente. — resmungo, tentando abafar a blusa abotoada que usava. — Nós não podíamos ter feito essa cena dentro de um estúdio?
— Podíamos, Davies. Mas para que faríamos isso, se temos esse paraíso a céu aberto, para deixar tudo mais realista?
Dou de ombros e caminho até o lugar que seria gravado a próxima cena. Depois de três dias gravando em lugares diferentes, a cena da praia seria a última da primeira temporada.
Enquanto gravamos, algumas pessoas observavam de seus decks. Minha parceira de cena, Melanie, aponta para uma criança que acenava de um deles. Quando aceno para a criança, observo as pessoas que estavam no deck ao lado.
— Emma? — ofego, tentando enxergar melhor. — Ei, Mel... você vê aqueles dois ali? — aponto. — A mulher tem cabelo cacheado?
Ela aperta a vista e afirma com a cabeça.
— É. Tem um cara e... sim. A mulher tem cabelo cachea... JOHN, AONDE VAI?
Eu não espero mais um minuto sequer. Vejo que as duas pessoas que estavam na sacada saem, mas continuo a minha caminhada até lá. Abro o pequeno portão e subo as escadas, pedindo licença a ninguém. Observo pela porta de vidro, o cara de antes ajudar uma mulher com cabelos lisos, se sentar em uma poltrona.
— Pois não? — ele pergunta, vindo até mim. — Em que posso ajudar?
— Eu... tinha uma mulher aqui com você? Olhando para a praia?
Ele olha para a parte interna da casa, antes de responder.
— Sim. Minha mãe. — aponta para a mulher de cabelo liso. — Mas olhando para a praia, a enfermeira dela.
— Oh...
— E então? — insiste. — Eu tenho um compromisso, então...
— Conhece alguém chamada Emma Clark?
— Hmmm... não. Não conheço.
— Tem certeza? É importante.
— Não, amigo. — diz. — Eu realmente não conheço.
— Tudo bem. Desculpe te incomodar... — deixo a deixa, esperando que ele falasse seu nome.
Se fosse a Emma naquele deck, aquele cara tinha que ser o seu irmão. E eu lembrava o nome dele.
— Gabriel.
— Obrigado, Gabriel. — repito, frustrado e estico minha mão para ele. — Vou voltar para o trabalho.
Ele apenas assente e fica me observando descer as escadas e voltar para a gravação, de onde eu nem devia ter cogitado sair.
— Era ela? — Melanie pergunta, sabendo de tudo sobre minha história com Emma.
— Não.
— Sinto muito. De verdade. Mas faremos o seguinte: — ela pega em minha mão e sorri. — Vamos terminar essa gravação, passar no hotel e nos arrumar para ir a um bar.
— Tem bar no hotel.
— Não, John! Vamos sair por Malibu. Não aguento ficar olhando para essa sua cara de cachorro perdido.
— Mel...
— Não tem outra escolha. — diz e me dá as costas. — Vamos continuar pessoal!
[...]
— Eu não sei por que insiste tanto para sairmos. — digo, saindo do carro. — Poderíamos pedir qualquer coisa do quarto de hotel.
— É, mas então você não conheceria alguma mulher para tirar você da fossa. Tudo o que você quer e pensa, é só a...
— Emma.
Ela estava ali. De costas para mim, sentada no bar.
Desde que terminamos e ela desapareceu, meu mundo virou de ponta cabeça. Não fazia ideia de onde ela poderia estar e aquilo foi o que me derrotou. Dia após dia, mês após mês, eu procurei por ela em diversas mulheres. Procurei o que ela tinha e me proporcionava, em muitas outras.
Mas era obvio que eu jamais iria encontrar, porque Emma é única.
— Você não parece ter cara de quem gosta de algo bem forte.
— Ela gosta de vinho branco. — respondo à garçonete e Emma gira no banco, ficando de frente para mim. Eu não estava louco. Era realmente ela. — Mas preferencialmente, junto com comida chinesa.
— John...
Sorrio, sentindo finalmente o alívio que tanto procurei.
— Oi, Emma.
Ao mesmo tempo que parecia chocada ao me ver ali, o olhar de Emma transmitia algo indecifrável.
— O que faz aqui?
— Você sabe o que eu faço aqui. — respondo, ocupando o banco ao lado dela. — Me viu daquele deck.
— Eu não... — ela olha para os lados, antes de se levantar. — eu não quero fazer isso.
Ela joga algumas notas em cima do balcão e dispara para fora do bar.
— Vai demorar muito? — olho para a garçonete. — Vai atrás dela.
Escuto o que ela diz e saio do bar, ouvindo Melanie chamar por mim. Emma estava parada alguns metros a frente, fazendo sinal para taxis que não param.
— John, por favor. — ela diz, quando me aproximo. — Vai embora.
— Embora? Não nos vemos há meses e é isso que me pede?
Ela solta uma risada sarcástica e passa a mão, secando-o das lagrimas que o tinha molhado.
— Só pode ser brincadeira, não é? Você me tratou como um nada na última vez que nos vimos. Falou merda sobre merda e eu só fiquei lá ouvindo, porque sabia que estava errada em ter escondido coisas de você. — abro a boca para tentar me defender, mas ela ergue a mão e continua a falar. — Aí você acha que é só aparecer, com esses olhos azuis e sorriso que eu tanto amo, que eu simplesmente vou esquecer tudo o que ouvi e correr para você?
Eu esperava que sim. Não nessa ordem, mas esperava que ela corresse até mim e me beijasse sem fim.
— Embora meu coração esteja doendo e morrendo de saudade de nós, a resposta é não, John. Eu não vou correr para você e fingir que nada aconteceu.
— Emma, nós podemos conversar? — ando para mais perto dela e vejo que ela não recua. — Eu sei que fui muito cruel com você e... não tem perdão para as palavras que usei. Mas eu — seguro sua mão com força, visto que ela não queria meu toque. — senti muito a sua falta. Você não tem noção.
— É. Eu percebi pelas fotos que via todo mês nas revistas de fofocas. — ela puxa a mão e funga. Um táxi para diante de nós. — John, eu amo você, mas não estou pronta para isso. Não vem atrás de mim de novo.
Ela entra no taxi e eu fico ali parado, encarando aquele carro amarelo ir embora com o amor da minha vida.
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Hotline Bling
RomanceEmma vê sua vida ir por água a baixo, quando seu pai morre e todas as suas dívidas são jogadas em seu colo. Sem outra opção, ela abandona a faculdade e arruma um emprego como atendente sexual. Sua função era fazer homens se aliviarem pelo telefone. ...