capítulo cinco

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capítulo cinco.

"Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado.
Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado.
Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber.

Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia.
Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique.

É um risco. Eu pulo, se você me der a mão."

— Oh. — Harry deixou que seus músculos relaxassem, um suspiro escapando de seus lábios. — Eu sabia. Claro. Você chegou cedo.

— Você acha? — elevou o canto de seus lábios. Outro suspiro. — Se divertiu? Não viu o tempo passar?

É, ele parecia estonteante. Se ele fosse o encontro, não o deixaria ir tão cedo assim. O assistiria falar por horas, ouviria até os detalhes mais superficiais de sua vida e faria deles importantes. Pediria uma sobremesa extra e então o levaria para casa num táxi porque tomaria seu rosto com as mãos e beijaria aqueles lábios sutis e irritantes o caminho inteiro.

Mas ele não era.

E pensar naquilo era bobagem.

A calça colada torneava suas pernas e o casaco meio cinza e enfelpado não parecia discreto. Era altivo, cobria boa parte do pescoço e o deixava com o nariz empinado. Harry adorava o nariz. E, nossa, os fios loiros que beiravam ao platinado. Como ele adorava a maneira que eles caíam sobre o seu rosto e como era bonito assim. Sempre tão bonito.

— Potter.

Ele alcançou o celular, zonzo, na mesinha para checar. 11:28 pm.

— Acho.

— Não tão cedo. — fechou a porta.

O francês veio em sua direção e desabou no sofá, decretando sua atenção às crianças. Ele estava quieto. Harry pensou em dizer alguma coisa, cortar o silêncio, depois do quarto minuto em que eles já estavam parados e só o desenho na televisão tinha voz. Draco fez isso primeiro, embora.

— Não consegui parar de pensar em você. — o homem fitou seu rosto cético, porque ele quis dizer isso, e o moreno estufou seu peito por um segundo. — Aqui, com as crianças.

— E no que pensou?

— Em como isso, talvez no futuro ou agora, afetaria elas. Você sabe? Eu não quero causar nenhum caos por aqui, eles não merecem.

Aquilo o deixou confuso por um tempo, mas logo entendeu.

— Você tem medo.

Draco franziu o nariz e não negou, desroupando os braços do casaco.

— De errar, sim. Errar com eles, machucá-los de algum jeito. Em algum momento, eu vou dizer "ei, vamos conhecer essa pessoa" e eles vão se apegar, se afeiçoar e isso vai ser bom até certo ponto. Pode ser bom, realmente pode. Mas pode não ser também e, caso isso aconteça, vai partir o coração deles. Foi nisso que pensei o tempo todo.

— Você não pode fazer isso.

— Sabotar o meu encontro?

— Não. Não pode estar certo do resultado de uma equação quando tudo é só uma grande incógnita. As coisas são assim, sempre há um risco.

— Sabotar o meu encontro. Eu sei. — ergueu um canto dos lábios numa espécie de sorriso e olhou para as crianças mais uma vez. Carina tinha encontrado, de algum jeito, dormir sobre o torso do garoto. Cassiopeia parecia roncar um pouco e era fofo. — O último relacionamento que eu tive não foi um fracasso total. Eu ganhei Scorpius e Carina.

Roma & Julio | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora