capítulo oito

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capítulo oito.

"Espere um minuto, porque eu acredito que podemos consertar isso ao longo do tempo, e toda imperfeição é uma mentira, ou pelo menos uma interrupção; agora aguarde, deixe-me terminar, eu não estou dizendo que o perfeito existe nesta vida, mas nós só saberemos com certeza se tentarmos."

Os dez dias não foram fartos, mas ao fim do dia ele sempre deitava naquele travesseiro de hotel e era saturador não ter ninguém. Ele teve algum tempo para refletir sobre algumas decisões — claro —, mas o fato de que as crianças ligavam antes de dormir para o beijo de boa noite incomodava como um alfinete em seu sapato e ele sempre acabava de olhos ardidos.

E tinha Draco.

Ninguém, nunca, fez algo similar com seus pobres sentidos. Quando o francês o tocava, ele vulneravelmente amolecia por mais. Precisava tanto de alguma coisa, às vezes, quando o homem ia longe e massageava suas pernas ou cochichava rente à pele.

Era vergonhoso que ele estivesse tão atraído, mas tão inevitável quanto.

Àquela altura, ele tentaria aceitar que sua afeição não devia-se a amizade bagunçada. Malfoy tinha uma maneira cruel de pisar em seu coração. Ele fazia aquilo sem saber que estava fazendo, era preocupante.

Na quinta noite, o dia de sua palestra, ele secretamente aguardou a ligação, enroupado no moletom cheiroso (ele não lavou) do homem, como se apenas fizesse parte de seu dia.

"Quando você volta?" Scorpius perguntou. O menino estava marcando os dias num calendário digital e, honestamente, Harry gostava de se sentir amado.

— Em cinco dias. Você tem um recital em seis, eu estarei aí.

"Espera, Cassi!" ele ouviu uma pausa e então o resmungo da menina. "Ela disse que papa viu uma garota bem parecida com você no mercado."

— No mercado?

"Ela é sua irmã. Ginny é sua irmã, não é? Ela nos convidou para o almoço amanhã, com sua mãe."

Harry só conseguia imaginar sua mãe mostrando todos os seus álbuns de infância para cada um deles.

"Eu posso falar com ele?" ouviu a voz do francês do outro lado da linha, distante, e ainda sim foi o bastante para tê-lo ansioso. "Salut, bébé. Carina dormiu agora, ela falou de você o dia todo."

Bebé.

— Eu sinto falta dela.

"Acredite, ela também."

— De todos vocês.

"Nós também." Pôde ouvir o sorriso em sua voz. "Eu também, Roma."

E agora ele estava lá, onde o gramíneo parecia bem mais reluzente e que, por um motivo maior que ele, precisou passar antes de aparecer em casa e desfazer sua mala. Ele não se incomodou de apertar a campainha, apenas abriu a porta porque era seu desejo surpreendê-los. Foi meio decepcionante quando não ouviu nada, um carro atravessando a rua.

A casa parecia vazia.

Harry arremessou sua bolsa no canto da sala e fechou a porta. Talvez eles estivessem dormindo, ele pensou.

— Fleur, é você? — ele ouviu a voz mesclando com o ambiente, o eco trazendo um suspiro nervoso para os seus lábios. Draco. — Já chegou?

Na cozinha. Certeza que estava na cozinha, sozinho. Ao contrário do que martelava em seu peito, seus passos não eram acelerados. Apenas caminhou até lá, afastando seus leves cachos dos olhos e cavando o lábio com seus dentes. O cheiro do francês se fez presente mais rápido que ele.

Roma & Julio | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora