capítulo dezenove

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capítulo dezenove.

"quero que se lembre: um dia, você abrigará tanto amor dentro de si que será capaz de calar todos os poros infectados pelos traumas que deslizam pelo seu corpo."

— Sinto muito. — É madrugada de Ano Novo, Draco prensa Harry na parede azulejada do banheiro com seus olhos azuis suplicantes. — Muito, muito, amour, por tudo o que tem acontecido por aqui. Comigo. Eu tenho deixado isso afetar tanto você, as crianças, e isso só não deveria ser assim, sabe?

Harry sente o cheiro de shampoo de banana quando seus dedos migram para os cabelos loiros, as falanges meio enrugadas pela quantidade de tempo em que estão no banho, a barba de Draco, ainda por fazer, pinicava em seu pescoço.

— Eu entendo. — a água parece menos quente. — Você precisa tomar essa decisão, e não por você, por todos eles. É difícil precisar fazer a coisa certa, com medo de que não seja tão certa assim. — É de compreensão que Draco precisa, Harry sabe, escorregando carícias pela nuca afetuosamente. — Eu entendo, ok? Tudo bem, são seus filhos.

— E eles são tudo. — Draco transfere esse beijo deslizado em seu ombro, suas mãos escorregando para as laterais da barriga enorme que possuía agora. — Vocês são tudo.

Harry suspira. — Você e eles. Draco, você sabe que eu amo aquelas crianças. Elas são tudo. Eu não consigo imaginar um futuro sem elas. — o francês observa aquelas palavras saírem de sua boca e as beija para dentro. É só um selar curto, íntimo. — Você sabe.

— Eu vou deixá-la fazer isso. — ele murmura. Harry tenta não reagir negativamente, tenta não enrugar seu nariz ou mastigar o lábio. A sensação receosa em seu peito precisa ser abatida, retalhada, e cuspida para fora. Ele tem tentado isso no lugar de digerir o que acha podre, o que é veneno. — Se você concordar. — Draco decreta.

Isso é muita responsabilidade.

E pressão.

Mas ele gosta de ter sido incluso nessa decisão, é importante. É fazer parte, ter voz, e Harry aprecia.

É claro que ele tem medo, é claro que Daphne não tem a melhor imagem agora. — É complicado. — certamente não é uma conclusão, mas Draco é paciente e esfrega o polegar em sua bochecha. — Ela é mãe biológica deles. — ele diz.

O francês parece desapontado.

— Eu não disse que foi uma, Draco, não é o que eu acho. Mas ela teve um tempo com Scorpius e Cassiopeia, ela foi importante na vida deles.

— E então foi embora. — retruca. — Eu disse uma dezena de vezes que não dava a mínima se ela decidiu ir ou não, porque era o sonho dela. Isso não era. Ter uma família não era. E ser egoísta... Eu não queria. Mas a maneira que ela machucou eles, isso foi cruel. — Harry entende, olha para o chão, os respingos de água descendo em suas pernas juntas. Isso é difícil. — Mas eu tenho essa sensação de que, se ela levar isso para o tribunal... Harry, eu não... Não sei. Dividir guarda? Fazê-los pular de casa em casa e confundi-los dessa maneira não é o que eu quero.

— Eu sei que não. — ele se obriga a olhá-lo nos olhos dessa vez, sente-se seguro o bastante. Draco está se derramando um pouco, com umas lágrimas ovais e que trazem uma dor aguda quando ele tenta disfarçar, secando com as costas das mãos. Nada justo. — Nós vamos fazer funcionar, ok? Ninguém vai tirá-las de você, juro que não.

Ele assente com um sorriso espetando nos lábios, um pouco tímido e flexível em relação aos sentimentos. Harry beija o espaço abaixo de seus olhos, úmido do banho e do quase choro, o puxa para mais, mais e mais perto.

Roma & Julio | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora