capítulo nove

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capítulo nove.

"Que me abra as costelas
e toque o miocárdio,
não ligo pras feridas abertas do peito."

Não era culpa dele sentir tanto.

Harry nunca foi alguém cujo aquele sentimento traiçoeiro e ácido atingia com facilidade. O ciúmes.

Aquilo era confuso, ainda mais naquela situação. Porque, veja bem, era quase palpável a angústia que subia em seu estômago e ele ainda estava tentando descobrir se o problema era a visita ou a forma como ele inconscientemente amenizou a importância de Harry no lugar. Não lembra de experimentar isso, não daquele jeito.

Apesar do espaço oco é incômodo que era seu peito naquele momento, ele daria uma chance para a situação. Talvez aquilo bagunçou um pouco seus sentidos e Malfoy era o mesmo, a amiga fosse gentil e eles ainda pudessem ter um jantar agradável. Ele desferiu um beijo no rosto de cada criança antes de sair do quarto. Elas pareciam exaustas.

Passou pelos quadros expostos no corredor e segurou o corrimão da escada quando uma voz nova se fez audível naqueles cômodos. Na sala, para ser exato. Ele não queria ouvi-los, sabia a fama das pessoas que ouviam detrás da porta. Elas sempre ouviam algo não destinado à elas e era devastador. E era indelicado.

— Seus filhos devem estar crescidos depois de todo esse tempo. — a voz era feminina, empanturrara de uma coisa que Harry não identificou. — Você também está, parece mais maduro. Barba interessante.

— Eles estão crescendo, sim. — O francês respondeu com uma fagulha de orgulho. Ele tentou não se acomodar no degrau. — Eu até os apresentaria, mas estão todos já devem ter caído no sono.

— Ah, tudo bem.

Harry não achava que ela tinha muito interesse em conhecê-los.

— Você quer beber alguma coisa? — Draco ofereceu, afável. — Talvez vinho ou vodka? Água ou coca.

— Talvez um pouco de você. — ela riu contida, transparente e sensual.

Malfoy não respondeu. Ele não tinha certeza se aquilo era muito bom ou se era só péssimo, pútrido.

E se era aquele tipo de conteúdo que Harry veria ao longo do jantar, ele preferiria pular. Ele tinha sua cama ainda, afinal. Ela deveria ter perdido seu cheiro e seu lugar já não estava mais fundo onde ele costumava deitar todas as noites. Deus, ele não lembra a última vez que passou um dia inteiro dentro da própria casa.

Mas foi o que desejou naquele instante. Um banho de espumas e uma taça de sorvete cremoso para esquecer que queria puxar aquele homem pelo pulso, subir escada acima, sem remorso ou timidez.

Não soava como algo que ele faria.

— Só eu e você? — ela insistiu. O gosto amargo no céu de sua boca e o peso na língua não eram porque ela estava agindo daquela maneira, mas porque Draco não a parava. Ele nem levantava um sinal amarelo. Então, depois de refletir sobre isso, entendeu que ele não tinha que fazer isso.

Eles não tinham nada.

— Não. — o de olhos azuis acabou dizendo, acendendo um fósforo de esperança em seu peito. — Meu amigo está lá em cima, ele desce em um minuto. Aceita a bebida?

— Que amigo?

— Não o conhece.

— Ele é ator?

— Professor.

— E ele quer fazer parte disso? — ela só- É, ela insinuou isso. Não notou que estava roendo as unhas, mas seus dentes deterioraram elas e fizeram dois de deus dedos sangrarem. Ele não estava okay com isso. — Como ele se chama? Ele é bom?

Roma & Julio | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora