O monge viu-se de pé, fitando o céu banhado pela luz de Algos.
Um intenso tremor atingia o solo e seu reflexo estava sentado, muito abaixo. Veios rubros claros, quase brancos, alastravam-se por ele, mas ele mantinha-se quieto, apático.
A plataforma onde pisava impedia o monge de tentar descer. Ele se abaixou e bateu na plataforma, chamando, mas não conseguiu tirar uma mínima reação de seu insano eu.
Imagens de um Sigmund insano, lutando, torturando ou matando seus amados surgiam aos arredores ocasionalmente.
Lágrimas correram pela face do monge ao ver-se sorrindo ao cometer tamanhas atrocidades contra quem ele julgava tão caro.
— Não deveria estar aqui, monge! Acorde!
— Não vou. Não quero.
— Não estou pedindo, monge.
— Não acatarei.
— Quer testar quem é mais forte!? — indagou, olhando para o alto. — Não estou em meu momento mais são... morreremos!
O monge silenciou, acovardado pela mera hipótese de morrer.
— Acorde, doerá, mas lido com o cansaço.
— Por que não posso ficar!? Quero ajudar.
— Somos um. Preciso de ajuda para me ancorar a realidade.
— Você não está bem! Se me convencer, eu vou! — teimou.
— Apenas suporto... Acorde, monge! Quer ver o que vejo? Crê que não ensandecerá quando ver? — riu melancólico. — Nem eu! O mestre agora está louco! Tsc. Maldita probabilidade estúpida!
O monge suspirou, incomodado com a inútil ajuda que podia prover, mas decidindo confiar, concentrou-se para despertar.
Enquanto emergia vislumbrou inúmeros campos de batalha entre as inúmeras possibilidades fictícias onde ele, algoz do povo, findava todas as vidas que encontrava, fossem essas meias ou não.
***
Sigmund despertou afobado, extremamente ofegante, enquanto Fitz servia chá com alguns biscoitos e frutas; e, é claro, vinho.
— Calma... iremos à mãe. — Fitz disse, deixando o que fazia para amparar o menino. — Preparamos chá com uns biscoitos, são bons.
— Eu vi- — O menino olhou suas mãos e estavam manchadas.
— Sei o que viu, já estive no seu lugar; não precisa falar, tudo bem!? Sente e tente comer um pouco. Ajudarei com o banho.
Sigmund pegou a xícara, mas a porcelana não resistiu. "Quebrar tudo o que toca", insanas vozes disseram, iniciando seu pranto.
Fitz auxiliou, lidando com os pedaços da porcelana e limpando a pequena desordem com semblante melancólico.
— Eu ajudo! — O tenente-general se compadeceu.
Ele buscou outra xícara, serviu e ajudou o menino com o lanche.
Também o banhou e arrumou indo ao salão principal ao fim. Chase estava sentado à beira dos degraus, de olhos fechados, tenso.
— Estou partindo com o herdeiro, meu general. Intenso?
Ele assentiu, incapaz de vocalizar qualquer palavra.
— Pseudos, estou saindo — disse Fitz, olhando Byron.
— Estou bem... Se Epifron decidir dividir, cesso os serviços até conseguirmos nos reordenar. Não se preocupe. Todos já sabem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Algos - Livro α - 3ª Edição
SpiritualSe há dor em tudo, é realmente necessário curar? O que dói em ti? Presente, passado, futuro O tempo. No fim do dia, O anseio de tudo que vive é apenas ser livre! Mesmo que doa. O existir. Loucos podem chorar? Loucos podem lutar? Amar? Doentes podem...