— Criança, precisa lavar o rosto antes do jantar — chamou Althea, segurando uma bacia com água e uma toalha limpa.
Sigmund acordou, lavou o rosto e secou na toalha, manchando-a com as lágrimas negras. Acanhou-se ao vê-las e, desconcertado, tentou se desculpar por sujá-la.
— É só uma toalha. — Althea sorriu. — Sujamos todas, se necessário. Uma criança não deveria chorá-las. Reparável, mas triste.
— Creio que ninguém normal deveria chorar assim, não!?
— Elas percorrem um longo caminho do interior da alma até se manifestarem por nossos olhos. Carregam memórias e sentimentos, bons ou ruins... Às vezes, carregam parte de nós e estas são as piores! Pois, levam este pedaço embora, de forma irreversível.
Ela deixou a bacia na mesa de centro e caminhou com Sigmund.
— Temos três refeições... manhã, tarde e noite, também pode optar por uma, antes de dormir. Somos quarenta sacerdotes, se precisar de algo, procure qualquer um. O número variará, mas sempre haverá um conhecido. À tarde, nas sestas, a maioria se recolhe, restando cinco ou seis para cuidar da casa de nossa mãe.
Ambos seguiram ao salão de jantar, onde todos estavam, com idades e aparências variadas. Três características repetiam-se, os grandes cabelos, a palidez da pele e os quítons escuro.
— Boa noite a todos. Este é Sigmund, vocês o viram chegar. Ele continuará conosco até que Aldous tenha com ele — anunciou Althea.
Todos se levantaram e cumprimentaram Sigmund.
— Estes são Tiana, Karrick, Dieter, Miya, Scot, Medora, Boe, Curt e Dempsey. Eles são os responsáveis por nossas refeições, se não estiverem em seu quarto, estarão na cozinha — apontou Althea.
Os nove cumprimentaram Sigmund e assumiram seus assentos.
— Hakim, Kiria, Alithia e Asah cuidam dos festejos fúnebres.
Os quatro cumprimentaram o menino e sentaram-se.
— Alguns ficam no salão ajudando quem vem em busca da mãe. São: Arri, que conheceu, Gwendalyn, Kienon, Brianda, Eldora e Deke. Sempre há um deles no salão principal ou, em sua falta, estarei eu!
Arri acenou e sorriu sentando.
Os outros, mais formais, cumprimentaram e se sentaram.
— Eneas, Galen, Aseth, Damianna, Maiah, Matrika, Uma e Athalia são os médicos. Cuidam dos feridos e doentes que recebemos. Alguns vêm em busca de tratamento e outros em busca de uma morte tranquila, em ambos os casos, os oito estão aqui para ajudar.
Após cumprimentarem Sigmund, eles sentaram.
— Nossos diplomatas, Ignácia, Larsen e Luther — apontou Althea — e nossos mensageiros Nolan, Juwan e Roari.
Os seis cumprimentaram e sentaram-se.
— As moças restantes estão de passagem e logo devem partir para suas casas, mas são: Kimi, Laura, Samina, Tawnia, Ayasha e Bea.
As últimas cumprimentaram e se sentaram.
— Por que tão pálidos? Estão doentes? — questionou Sigmund.
— Não. — Althea riu. — Ser abraçado por Macária aproxima da morte e isto nos muda um pouco. Somos saudáveis. A palidez da pele depende do tempo que temos com o sol. Ela é fria com um cheiro doce de intensidade variada. Somos meio vivos, meio mortos.
— Que horror! Dói? — Intrigou-se, surpreso, franzindo o cenho.
— Não, é como viver! — gargalhou Althea.
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Algos - Livro α - 3ª Edição
EspiritualSe há dor em tudo, é realmente necessário curar? O que dói em ti? Presente, passado, futuro O tempo. No fim do dia, O anseio de tudo que vive é apenas ser livre! Mesmo que doa. O existir. Loucos podem chorar? Loucos podem lutar? Amar? Doentes podem...