POV: Diego
A Nina se arrumou rapidamente, e isso sim é um milagre. Coloquei só uma calça e blusa preta, e calcei meu tênis branco da Nike.
Percebi a insegurança no rosto da Nina quando a pedi para mandar a mensagem, mas vi que ela decidiu confiar em mim, e isso de certa forma, me deixou muito contente, então apesar de toda a situação, meio que me sinto bem.
....
No momento que a Nina e eu descemos as escadas, logo que vi o Matheus, meu desejo foi jogá-lo contra a parede e esmurra-lo até cansar, mas ao sentir a mão da Nina apertar a minha só de ver ele, decidi honrar a confiança dela em mim, percebi que não queria deixar ela sozinha. O que essa menina tá fazendo comigo?Acabamos indo a um restaurante mexicano, por ser o tipo de comida favorito da minha avó. Reparei os olhares que o Matheus dava para a Nina, e os sorrisos disfarçados. Ai, como eu acabaria com ele bem aqui. Em nome da vovó e de seu velho coração, vou deixar para resolver isso na hora certa.
....
Ao chegarmos em casa, o Matheus foi direto para seu quarto alegando estar cansado. Se ele não fosse filho da minha tia, eu xingaria sua mãe.
—Nina, fica aqui. - digo ao dar um beijo em sua testa -E por favor, só peço que confie em mim. - Deixo-a no quarto e fecho a porta.
.....
Ando até o fim do corredor e olho para a porta a minha esquerda. Respiro fundo, vamos lá.— Entra princesa. - Ouço o merda do Matheus falar, ao ouvir minha batidas na porta.
Eu pensei muito bem, sobre o que eu iria falar com ele, e de verdade, não queria fazer o que estou fazendo, não é uma situação que implicaria somente ele. Mas sinceramente, a cada momento que ele abre essa boca, eu fico mais determinado a acabar com seu teatro de bom menino.
— Sabe... já me chamaram de muitas coisas, mas de princesa, é a primeira vez. -Digo ao abrir a porta e logo a fecha-la ao entrar no ambiente. Vejo os olhos do Matheus se arregalarem e logo depois se normalizam.
— O que você quer? - Ele diz.
— Eu quero não ter que te fazer calar a boca com as minhas próprias mãos. - digo estralando os dedos.
— Poxa, não vai dividir a moça, não é? - Ele diz, e no mesmo momento, sinto o meu corpo entrar em chamas. -eu pago bem, eu prometo. - ele continua, e logo acabo percebendo que minhas mãos estão segurando seu pescoço e o pressionando contra a parede.
— Só perguntei, priminho. -Ele diz levantando as mãos em sinal de rendição e com um sorriso irônico.
—Olha aqui, você vai ficar caladinho... -sigo apontando o dedo em seu rosto.
—Você fez a merda, não está em posição de exigir nada. -ele me ameaça.
Solto seu pescoço e sento-me na sua cama, a única reação dele é me olhar, ainda que confuso, sem dizer uma palavra. Me inclino para trás me apoiando em meu braços e o olho fixamente. Matheus se encosta na parede, e cruza seus braços.
— Lembra, no ano passado, quando nós dois chegamos primeiro que todo mundo aqui na casa de praia, antes mesmo até da vovó... - começo dizendo.
— Quando você resolveu dar uma festa? - ele rebate.
Aceno a cabeça - sim, essa mesmo... Lembra que várias meninas vieram, e nós enchemos a cara e tudo mais?
— Lembrando dos velhos tempos? Isso é hora? - ele desdenha.
—Sim, e você se lembra o que usamos aquela noite? - olho-o fixamente.
-Não usamos nada.
— É o que você diz... e aquelas garotas que convidamos? E as bebidas? Lembra?
—Aonde quer chegar? -ele diz se aproximando.
— Naquela noite, você quebrou um vaso da vovó, aquele em que nosso avô tinha dado para ela no primeiro ano de casamento, e o vaso sumiu "misteriosamente". Mas nós dois sabemos - aponto para ambos- que foi você quem o quebrou, porque estava bêbado e até um pouco drogado.
— Você também estava nessa festa, não pode jogar tudo em cima de mim. -ele diz alterando um pouco a voz.
—Não, não posso... -olho para os lados e já sinto o sabor de vitória - Mas primo, sabe qual é a vantagem de ser o "sem futuro" da família? -pauso- É que não esperam nada de mim. Mas de você... -aponto para ele novamente- sabe muito bem que você é o melhor, mais inteligente, educado, menino caseiro... Mas se descobrissem tudo o que fez naquela noite, ficariam decepcionados, sabe como sua mãe vai ficar envergonhada? E a vovó?
Olho para ele que está perplexo e sem dizer uma palavra.
— E quando a vovó descobrir que não foi roubado? Ah, melhor nem pensar, velhinhos tem o coração fraco, você quer mata-lá? -digo colocando minha mão direita em meu coração.
—Você não tem como provar, eu posso desmentir e jogar a culpa toda para cima de você. Você é o merda da família mesmo.
— Diga isso para os cacos que guardei. -ele arregala os olhos em sinal de desconfiança - Você sabe que nunca confiei em você, por que na primeira oportunidade sei que você me trairia, então, fiz primeiro. - digo dando de ombros.
O blefe é o melhor ataque.
— Está mentindo. -ele murmura.
— Me testa, e verá a verdade...
—Você não seria capaz.... -ele pausa- Sabe que me arrependo disso e sempre me arrependerei... Você me prometeu que nunca iria contar para ninguém. - ele vem chegando mais e mais perto - Você está fazendo isso por causa daquela menina? - ele aponta para o lado como se a Nina estivesse no ambiente.
—Sim, e isso te facilita mais ainda. Não toque no assunto e nem mexa com ela, e você está salvo. - digo dando de ombros. -Você sabe que se descobrirem, é só mais uma decepção para minha ficha, mas na sua...
—Cala a boca, Diego.
Ouvimos um barulho e sincronizados, olhamos para a porta. — Algum problema meninos? - pergunta a velhinha ao abrir a porta do quarto em que estamos.
— Temos algum problema, Matheus? - Questiono direcionando o olhar novamente para ele.
Ele olha para vovó e dá de ombros - Não, não temos.
—Acho que agora, nós nos entendemos. - me levanto e dou um beijo na testa da vovó e digo- Não se preocupe com a gente vó, jamais faríamos nada que deixaria esse coraçãozinho mais acelerado que deve - digo rindo.
— Pare de bobagem. - ela me dá um tapa no braço - ouvi suas vozes e vim só desejar uma boa noite.
—Boa noite, vovó. Agora preciso ir ver a Nina. - dou um beijo em sua cabeça e me retiro do ambiente cuidadosamente. E de longe ouço-a falar: "ele está tão atencioso". Por um momento, muito breve, me vejo sorrindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Namorada de mentirinha
Teen FictionCatarina, uma jovem ainda do colégio, muitas vezes, faz deveres para seus colegas, por dinheiro. Mas até aonde, ela iria, para conseguir ajudar um difícil situação familiar? Ainda mais com uma proposta indecente, mas muito valiosa, em mãos. Seria el...