Capítulo 4- Minhocas são nojentas.

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Os primeiros raios de sol já começavam a surgir, vindos da altura dos muros. Fechei os olhos ao sentir o leve calor sob minha pele; o cheiro de ar puro, e a luz que parecia reluzir sobre a grama verdinha me fizeram sorrir. O clima daquele lugar era perfeito.

─ É pacífico, não é?- olho para o Alby me sentindo pouco envergonhada, ele me fitava com um sorriso singelo. Concordei sem muito o que dizer.- Infelizmente nem sempre foi assim...- não ousei perguntar, pois já tinha uma ideia do que seria.- O que tá achando da Clareira?

─ Pouco bizarro, talvez?- pendo a cabeça para um dos lados- Não lembro de nada, estou cercada por muros gigantes, presa com vários garotos diferentes que não conheço. Super.- faço uma careta e o mesmo sorri- Mas o pior de tudo isso é não lembrar. As vezes é estranho não saber quem realmente sou.

─ Olha, a parte da amnésia eu até entendo!- ri sem jeito- Daqui com um tempo você vai perceber algumas coisas sobre si, vai descobrir seu temperamento e gostos, e talvez até uma vocação.

─ Sério?- o encarei surpresa, o mesmo apenas confirmou com a cabeça

─ Não é atoa que o Caçarola virou um cozinheiro!!- afirmou brincalhão. Ainda não tinha tanta certeza, mas comida do Caçarola era realmente boa.- E os garotos?

─ Bom, acho que eles respeitam sua autoridade. Nenhum deles ousou me fazer algo.- com exceção dos olhares, mas Alby pareceu tão satisfeito com minha resposta, que resolvi excluir essa parte.- Mas tenho que ser sincera, acredito que eles tenham sentido o medo do simples fato de que seriam mandados para o Labirinto!!- Embora eu não entenda muito bem o motivo. Penso.

Alby deu uma gargalhada, o que me fez sentir uma certa satisfação.

Nos sentamos em baixo de uma pequena árvore com vários galhos bem espalhados e ramados. Me peguei imaginando como seria sua sombra em um dia ensolarado. Observamos a Clareira por uns instantes em silêncio, aos poucos os Clareanos começavam a se movimentar, concentrando-se em suas tarefas.

─ Há algumas regras que devem ser seguidas neste lugar. E espero que você as cumpra.- me encarou sereno, apenas assenti.- A primeira é: faça a sua parte. Não aceitamos preguiçosos aqui.- assinto outra vez, mostrando minha atenção e o quanto estou disposta a acata-las.- Segundo: nunca machuque outro Clareano.

─ E se eu precisar socar alguém?

─ Não acho que você seja capaz disso.- sorriu presunçoso.

─ Ha-ha! Querido Alby, não duvide de meu potencial.- o encarei convencida. Depois de ontem, me sinto capacitada!- E a última?

─ Nunca vá além daqueles muros.- seu tom brincalhão mudou instantaneamente para um mais sério. Foi meio louco. Ele apontava para aquele portão gigantesco, que no momento parecia mais assustador que o normal. Mas isso só atiçou minha curiosidade.

─ Por que?- ele me fitou com um sorriso de volta, aliviando a tensão.

─ Você saberá.- voltou o olhar para os muros.- No momento certo.- finalizou sua frase antes que eu pudesse lançar outra pergunta. Olhei também para o lugar com aquela cara de questionamento, levando uma de minhas mãos sobre o peito.

Talvez isso explique a reação do Chuck: ele teve medo caso eu entrasse naquele lugar. Porém, isso não explicava o motivo exato.

The Maze: A Single GoalOnde histórias criam vida. Descubra agora