Capítulo 3- Fedelha corajosa.

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Ainda me sentia estranha e deslocada naquele meio. O fato de ser a única garota me fazia sentir uma alienígena; recebia olhares estranhos, desagradáveis e alguma piscadela boba de revirar os olhos. Por isso, me senti agradecida por o Newt não ter me abandonado em nenhum momento. Talvez, com um certo tempo, eu me acostume a estar rodeada sempre por um bando de garotos.

Andávamos de um lado para o outro, sempre sendo cumprimentada por um deles, recebendo boas vindas e tudo mais; alguns eram bem educados, outros até divertidos- o que para mim foi uma surpresa. Dessa forma, consegui relaxar um pouco e esquecer o resto. E a festa, não era tão ruim como imaginei; "o fim de uma triste história, contada por alguém sem memória". É. 

Observando a forma como cada um deles interagia, me pareceu uma boa forma de esquecer onde estamos- um buraco quadrado, com o início de uma vida de mistérios, presos por um Labirinto sem respostas. Nada mal.

Bem, para eles poderia ser fácil esquecer, mas para mim não era. A imagem do Chuck, com medo da ideia de aproximação na entrada do Labirinto ainda estava gravada na minha memória. E para dar mais um gás ao meu cérebro, o motivo pelo qual essa mesma entrada se fecha á noite me chama a atenção.

─ Fala Newt!- um garoto de porte atlético, cabelos escuros e olhos puxados, surge ao nosso lado com um copo de bebida em mão.

─ Minho, como foi hoje?

─ O mesmo de sempre, cara.- comentou ao dar um gole na bebida amarelada. Era um troço bem estranho, se observar bem.

─ Já conheceu a novata?- Newt estendeu sua mão em minha direção, fazendo o Minho abrir um sorriso de canto que poderia fazer meu coração derreter. Ele era bem gato. Eu com certeza nunca tinha o visto antes, caso contrário, não haveria mais espaço para minha imaginação.

─ Fedelha...- ele faz um tipo de reverência cheia de graça e um tanto exagerada, mas que conseguiu me arrancar um sorriso.- Seja bem-vinda!- entro na brincadeira fingindo segurar um vestido, simulando uma reverência delicada.

─ Obrigada!- sorri. Minho deu outro gole naquela coisa, me forçando a abrir a boca pra perguntar.- Que troço é esse que vocês tanto bebem?- quase todos ali tinham a bebida e pareciam gostar, mesmo ela não tendo uma cara muito boa. Minho olhou de mim para o copo repetidas vezes, até abrir um sorriso zombeteiro.

─ Você quer?- arqueei as sobrancelhas vendo o copo estendido em minha direção. Certamente eu estava curiosa em saber o gosto dessa coisa, ainda que a cor não seja muito agradável aos olhos; peguei o copo sem pensar duas vezes, o virando em minha boca- É forte!!- afirmou Minho. Só agora ele acha de avisar? O gosto era amargo, talvez azedo, não sei bem; o certo é que era horrível e provavelmente me arrancou uma bela careta de desgosto.

Forte, muito forte.

A vontade de cuspir era grande, mas me deixar passar por fraca não me agradava. Com um pouco de esforço, obriguei meu corpo a aceitar o veneno; logo, senti minha garganta queimar, como se fosse o puro fogo aceso dentro de mim. A ardência pareceu ir e voltar do meu estômago, me causando várias tosses no mesmo momento.

Talvez eu não tenha sido muito inteligente ao beber algo que nem sei do que se trata.

─ Que troço horrível!!- murmurei após outra de minhas caretas, passando o copo de volta para o dono. Não preciso dizer que isso provocou várias risadas nos seres a minha frente.

─ Tentei avisar.- Newt fala com uma simplicidade, que, juro...

─ Quando exatamente?- o encaro incrédulo, o fazendo esconder o sorriso atrás do próprio copo. Sem vergonha.

─ Você é uma fedelha corajosa.- Minho dá um tapinha nas minhas costas; meio incômodas, por sinal.- Gostei de você!- ao me lança uma piscadela ele se vira, enquanto eu forço um sorriso o observando se distanciar. Quando está longe o bastante, me viro para o loiro com os olhos arregalados.

The Maze: A Single GoalOnde histórias criam vida. Descubra agora