Capítulo 16- Entrar no Labirinto.

1.4K 140 14
                                    

O som alto do portão indicou que o mesmo já ia se fechar. Ben havia sido posicionado ao meio deles, tendo as cordas que prendiam suas mãos cortadas por Minho; já não tinha mais o colete típico que os Corredores usavam, ficando apenas de regata.

O Ben parecia muito mal, pois se curvou para tossir de forma engasgada; os efeitos da transformação. Senti uma ardência em um das mãos que me fez fechar o punho de forma inconsciente.

Chuck, que estava ao meu lado, se negou ver a cena, dando as costas e saindo dali; quis segui-lo, para continuar do seu lado, mas também queria ver como funcionava o banimento.

Os Clareanos se aprontaram. Os da frente começaram a andar, obrigando o rapaz a seguir adiante, pra dentro daquele lugar, os outros impediam o mesmo de fugir pelos lados. Ben olhou para ao redor ficando confuso, entrando em desespero pois não havia escapatória; ele até tentou, mas foi em vão. Ele gritava, suplicando e implorando dizendo que ia melhorar, mas era ignorado por cada um; era necessário, por mais que eu não entendesse tanto, ou não estivesse acostumada. Não havia cura para essa contaminação e o pior era isso.

Eu não queria ver ele novamente naquele estado; Ben não era um garoto que me apaguei durante minha estadia, na verdade, era um dos que me olhava de um jeito nojento no começo, mas isso não significa que eu goste do que está acontecendo com ele agora. Ninguém merece ter um fim como ele. Ninguém merece ser preso nesse lugar.

Dei as costas, caminhando o mais rápido que podia para me distanciar logo dali; ainda assim, o último grito agoniante dele ecoou em meus ouvidos, me causando um arrepio de forma intensa. Ousei olhar para trás, só para me dar conta de que o Labirinto já tinha se fechado. Ele não estava mais ali, e todos estavam cabisbaixos.

Thomas se aproximou de mim relutante e fez algo que eu não esperava; me envolveu em seus braços em um aperto consolável. Minha surpresa me fez travar como estátua por alguns segundos, mas logo meu corpo relaxou e retribuiu o abraço com o sorriso inevitável que se formou em meus lábios. Estar nos seus braços era muito melhor do que eu poderia imaginar.

{...}

Estava sentada, com as costas apoiadas em um tronco, com o Chuck ao meu lado, próximo a Sede. Era quase noite, mas ainda tinha luz o suficiente para ver os poucos Clareanos que se movimentavam pela Clareira, colocando ferramentas em seus lugares ou coisas do tipo; alguns acedendo tochas e outros apenas aguardando a hora do rango.

─ Como você acha que é lá fora?- encarei Chuck com curiosidade pela sua pergunta repentina.- Fora do Labirinto.- esclareceu. Ele parecia realmente querer saber minha resposta, mas a verdade é que eu não tinha uma. Só agora percebi que nunca parei para pensar em como o mundo é, fora dos muros grandes e imponentes.

Como o mundo poderia ser em comparação a esse lugar?

─ Bem, eu não sei.- parei para pensar um instante, sem nem saber ao certo o que pensar.- Talvez seja... normal?!- soou mais como uma pergunta do que resposta, mas talvez seja isso; talvez o mundo seja normal e fora da realidade em que vivemos.

O pequeno Chuck apenas sorriu com minha resposta, enquanto eu o encarava com as sobrancelhas franzidas, incerta.

─ Acho que deve ser bom.- ele olhou para o céu com um reluzente olhar esperançoso, me fazendo sorrir também.- As vezes, fico imaginando como deve ser a minha família. Eles devem estar esperando por mim.- ele voltou a me olhar.- Você não acha?

─ Com certeza eles estão.- falei de forma calma. Ele olhou para mim com o seu sorriso ampliado.- Como você imagina eles?

─ Eu imagino minha mãe como uma mulher muito linda e carinhosa.- começou ele com uma expressão afável.- Que sempre que me olha, me beija na bochecha, depois da um leve beliscão, igual você faz.- ele arqueou suas sobrancelhas em minha direção; sorri ainda mais, fazendo o mesmo gesto que ele citou.- E meu pai... um cara legal que sempre está ao lado dos filhos, ensinando a andar de bicicleta, ou a como jogar beisebol. É assim que os pais devem ser, não é?

The Maze: A Single GoalOnde histórias criam vida. Descubra agora