Capítulo 1- Bem vinda a Clareira!!

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STELLA

A primeira coisa que senti ao recobrar meus sentidos, foi o cheiro de mofo, com uma mistura de ferrugem em minha boca. Um leve solavanco, impulsionou meu corpo contra o chão frio e pude notar o quão áspero se tornava em minhas mãos.

Onde quer que eu estivesse no momento, parecia começar a se mover de forma vagarosa.

Eu não sabia onde estava e nem como fui parar ali. Na verdade, eu não lembrava de nada, sem saber também se o motivo de minha falta de memória estava relacionado com o fato de acabar de acordar.

Não lembro nem como dormi. Quem quer tenha me colocado aqui, aproveitou meu sono pra fazer essa palhaçada de mal gosto.

Droga!!

O compartimento onde eu estava era pequeno e quadriculado e se movimentava para cima, como um elevador de serviço. 

Me senti enjoada.

O elevador começou a se movimentar mais rápido e sem aviso prévio, meu corpo se curvou, expelindo tudo o que tinha no meu estômago. A sensação de alívio se tornou um segundo de paz naquele mundo de confusão, mas que não durou tanto. O elevador parou subitamente, me fazendo bater as costas contra a grade.

E com isso, a escuridão, o vazio, o silêncio.

Me apoiei ainda mais no chão, tentando regular minha respiração, que mais parecia a de um atleta em dia de corrida. Não podia deixar de ignorar o medo que me apossou, aumentando a cada segundo que se passava.

Um ruído soou como um alarme e acima de mim, duas abas abriram para as laterais. Me arrastei pelo chão ao ouvir murmúrios, me escondendo ao lado de algum caixote que estava ali. A luz forte que invadia cada vez mais o local, ofuscou minha visão.

Outro ruído pequeno de algo sendo movido, seguido por outro barulho se chocando no chão engradado. O movimento causou um gelado em minha barriga.

Ainda era difícil abrir os olhos, até eles finalmente se ajustarem com a claridade. Foi inevitável arfar assustada quando a primeira coisa que vi foi um garoto estranho, me fitando como se eu fosse de outro mundo.

─ Oi...- retrucou de forma calma, mas dava para perceber uma certa confusão em sua voz. Não respondi.

Engoli seco, observando de forma rápida os seus detalhes; ele era loiro, com as sobrancelhas negras, que se destacavam em seu rosto pálido, pouco queimado pelo sol. Bem bonitinho até, mas não hora para pensamentos assim.

Por impulso, apalpei o chão, procurando algo que eu pudesse usar para me proteger caso fosse necessário. Eu não o conhecia ou fazia ideia do que seria capaz de me fazer. Assim que senti minha mão envolver um objeto comprido, mirei em sua direção sem me dar ao trabalho de ver o que era.

─ Ei, calma!!- ele se apressou em estender os braços como proteção.- Não vou te machucar!!

─ Q-quem é você?- pronuncio minhas palavras quase num sussurro.

─ Meu nome é Newt- ele levou uma mão contra o peito, tentando parecer calmo.- Sei que você está assustada e não lembra de nada, mas...

O que tá rolando aí, Newt?- outra voz masculina o interrompe. Me perguntei quantos pessoas haviam naquele lugar, cercando aquele cubículo, sem me dar uma chance de escapar. Estremeci só de pensar.

─ Relaxa!!- o loiro responde de um jeito meio impaciente.

─ Por que não consigo lembrar?- indago, chamando sua atenção. Aquilo era o que mais me amedrontava. Poderia pensar mil vezes em algo anterior ao momento atual, mas nada vinha em minha mente, como se alguém tivesse limpado qualquer vestígio do meu passado.

Ele me olhou com seu semblante mais suave; parecia bem compreensível.

─ Isso é normal, tá? Vou tirar todas as suas dúvidas, mas preciso que me dê isso.- olhei para o objetivo em minhas mãos, entendendo o motivo de seu nervosismo. Um facão não era um simples objetivo, para falar a verdade.

Com cuidado, ele o tomou para si, largando para um outro, bem fora do meu alcance.

─ Vem, vou te ajudar a entender o que tá rolando.- ele estendeu sua mão a mim, com um sorriso encorajador. Hesitei, o fitando por algum tempo. Como saberia se devia confiar?- Confia em mim!!- acrescenta, como se soubesse no que estava pensando. Continuei encarando numa luta interna entre aceitar sua visível bondade, ou enterrar-me num medo consumidor. Mas que escolha eu tenho?

Aceitei sua mão.

Me levantei daquele chão com certa dificuldade, mas com sua ajuda consegui; no mesmo momento, sinto novamente a grade tremer. Aquela sensação não era nada boa considerando o fato que estávamos suspensos em um buraco.

─ Newt, por que você...- o dono da voz de antes, um rapaz de aparência mais velha que o Newt, parou de falar ao me ver. Sustentei seu olhar confusa com sua reação; era estranha, tão pior quanto a do Newt.

Pareço algum bicho, será?

Ele chacoalha a cabeça como quem volta a si e encara Newt com uma carranca horrorosa.

─ Quem é ela?

Grosso.

─ Não sei tanto quanto você.- Newt passa por ele me puxando e novamente, com sua ajuda, consigo sair do maldito elevador. Ao erguer minha cabeça me deparo com vários pares de olhos masculinos me encarando com surpresa, ou algum tipo de atração.

É mania?

Não havia mais ninguém além de garotos; para ser mais exata, nada de garotas além de mim. Alguns deles cochichavam entre si, ou simplesmente questionavam o mesmo que o carrancudo, soltando vários murmúrios a minha volta.

Não sei dizer o motivo exato, mas agarrei o braço do loiro com força, sem mínima vontade de sair do seu lado. Os olhares para mim eram incômodos e ele foi o único a se mostrar amigável.

Eu podia até correr sem rumo, mas no momento o meu medo não permitia. Como uma trava. Me sintia como um ratinho cercado por leões, ou sei la.

─ Por que estão aí parados?- uma voz autoritário chama minha atenção. Um rapaz negro, forte e atraente surgi no meio do mar de olheiros e me encara com a mesma expressão do Newt.- Quem é ela?

Por que sirvo de espanto para todos aqui?

─ Não sabemos.- retrucou Newt com uma aparente traquilidade.

─ Parece que nos mandaram uma nova "fedelha"!- dando ênfase na última palavra, o carrancudo responde de forma séria, ao contrário dos outros que riram.

─ Ou um brinquedinho!- comentou outro e mais risadas soaram.

─ Aí sim, hem!!

Agarrei ainda mais forte no braço do loiro, percebendo que o mesmo parecia estar tão tenso quanto eu.

─ Ninguém, repito, NINGUÉM, ouse tocar nessa garota!!- o rapaz negro declarou olhando para cada um ali, como um aviso claro de que ele não estava para brincadeiras.- Se algum mértila se atrever a fazer algo, será mandado direto para o Labirinto. FUI CLARO?- indagou firmemente, recebendo uma confirmação de todos e olhares amedrontados.

Ele deve ser o líder do lugar, mas pera... Labirinto?

Pela primeira vez me permiti olhar para tudo ao meu redor, além das cabeças gado. O lugar era cercado por muros gigantescos. Sem exagero. Minha ideia inicial, de correr e fugir nunca daria certo MESMO!! Seria impossível, na verdade.

─ Que lugar é esse?- as palavras fugiram pelos meus lábios enquanto contemplava as muralhas, cobertas por heras esverdeadas.

─ Essa é a Clareira.- encarei o líder, que obtinha um belo sorriso no rosto.- Meu nome é Alby. Sei que você deve estar confusa, mas iremos cuidar de você.- afirmou, da mesma forma que o loiro- O Newt vai te mostrar o lugar. Bem-vinda a Clareira!!- então ele estendeu os braços olhando em volta, me fazendo voltar a admiração de antes.

Isso vai ser interessante.

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The Maze: A Single GoalOnde histórias criam vida. Descubra agora