Capítulo 18

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Anahi Puente


    Minha cabeça latejava como se alguém martelasse o meu crânio sem parar. Tentei abrir os olhos e uma dor penetrante me cegou. Um som de um motorzinho veio seguido de uma luminosidade horrenda.

    – Meu Deus, fecha isso! – gritei colocando o antebraço nos olhos, ainda sem coragem de mover a cabeça.

    – Acorda, dorminhoca. Parece que alguém acaba de experimentar a sua primeira ressaca. O que te deram para beber naquele lugar? Álcool etílico.

    Aquela era mesmo a voz de Alfonso? Onde eu estava? Alarmada, finalmente abri os olhos e, por um segundo, pensei que fosse morrer de tanta dor. Imagens da noite anterior vieram sem ordem na minha cabeça… Quando você me rejeita, o meu coração dói. Para que fui falar isso? Levantei os lençóis até tampar minha cabeça, lembrando-me de quando era criança e pensava que sumiria se não conseguisse ver as outras pessoas. Naquele momento eu precisava sumir, nunca mais teria coragem de encará-lo novamente.

    O colchão afundou ao meu lado fazendo meu coração disparar de ansiedade, ele devia estar rindo muito de mim, que papelão. Alfonso puxou os lençóis e só então me dei conta que estava completamente nua.

    Tentei, mas não conseguia me lembrar de nada depois do que fizemos no camarote.

    – Você é uma bêbada muito divertida, mas não se preocupe, trouxe você para casa sã e salva.

    Levantei meu tronco de uma só vez e vi estrelas de tanta dor. Recostei na cabeceira da cama abraçando meus joelhos. Alfonso sentou na minha frente ficando a milímetros de distância do meu rosto. Quis correr dali, eu devia estar horrível com a maquiagem borrada, precisava escovar os dentes com urgência. Afundei meu rosto nos joelhos, morrendo aos poucos. Suspendi a respiração quando suas mãos acariciaram meus cabelos.

    – Ei, o que foi? – sua voz era afetuosa. Nunca o vi assim antes.

    – Minha cabeça está me matando e a perda da minha dignidade não está ajudando em nada agora. – Minha voz saiu abafada entre os joelhos.

    Alfonso deu uma gargalhada e puxou meus cabelos, fazendo com que eu levantasse a cabeça. Inclinou-se para frente, dizendo no meu ouvido:

    – Nenhum mal aconteceu… e nem vai, eu estou com você agora. – Fechei os olhos sentindo um calor invadir todo meu corpo, Alfonso beijou o meu pescoço e gemi baixinho. – Por que você bebeu tanto, Anahi?

    – Não sei – menti. – Na hora pareceu uma ideia genial.

    – Você se lembra como chegou aqui?

    – Ai – gemi de dor ao balançar a cabeça para responder.

    – Bom, você me obrigou a arruinar seu vestido – espero que se lembre dessa parte.

    Ri esfregando as têmporas, ficando ainda mais envergonhada. Dessa parte eu me lembrarei para sempre. Alfonso continuou:

    – Depois, bem... você praticamente desmaiou nos meus braços. Sua amiga... Maite, né? – assenti com a cabeça – estava uma fera comigo, se não fosse por Mane seria difícil trazê-la, osso duro de roer aquela garota.

    Sorri pensando nela. Mai estava se mostrando uma amiga e tanto.  Enquanto Alfonso contava o que aconteceu na noite passada, percebi que o sorriso não queria deixar meu rosto, mesmo com a dor de cabeça e o gosto de guarda-chuva na boca. Ele estava diferente, mais solto e falante. Gostei dele ainda mais. Quando voltou a dizer que foi obrigado a rasgar o Gucci de Maite, eu o interrompi.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora