Capítulo 12

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Anahi Puente

    Olhei para a mensagem não visualizada em meu celular pela décima vez enquanto tomava café com minha mãe e Maricruz, a cuidadora da manhã. Eu precisava muito do conselho de Maite antes de ir para a casa do Sr. Herrera. Tentei desfazer meu perfil no Models 4u no dia anterior, só que o aplicativo sempre dava erro. Cheguei inclusive a mandar um e-mail para o suporte, mas a única resposta que obtive foi uma bem mal educada de Madame M. dizendo que eu deveria encontrá-la na agência essa tarde com urgência. E uma hora dessas Maite some. Resolvi mandar uma mensagem para Madame M. dizendo que eu só estaria livre pela manhã. O Sr. Herrera já havia pago trezentos mil dólares e eu não poderia chegar atrasada ao trabalho, era uma de suas maiores exigência. 

    Trabalho, pensei com um sorriso idiota no rosto, lembrando do que fizemos no dia anterior. Eu não era uma mulher puritana nem nada, não tinha feito sexo ainda pois realmente queria esperar o momento certo, mas nunca pensei que uma mulher poderia sentir tanto prazer praticando sexo oral… Hesitei bastante no começo, mas não tive vergonha de admitir que foi muito bom. Será que transar seria sempre assim? Pensei ainda com o sorriso bobo no rosto, passando a xícara de café nos lábios e me lembrando do Sr. Herrera dizendo que nunca era assim.

    – Você está bem, Ani? – mamãe perguntou me fazendo dar um pulo da cadeira.

    Acabei entornando café na minha blusa.

    – Machucou, hija? – Maricruz franziu a testa preocupada, levantando-se para me ajudar.

    – Não se preocupem, ai… sou tão desastrada – eu disse nem sei por que, parecia que eu precisava dar uma desculpa. 

    Minha mãe me observava atentamente atrás de sua xícara de chá fumegante.

    – Desastrada, Ani? Você ganhou uma medalha de ginástica olímpica na escola quando criança. Estou achando que esse desastre tem nome e sobrenome. Espero que você não tenha voltado com aquele traste do Ryan.

    Nunca escondi nada da minha mãe, mas descobrir que eu estava recebendo dinheiro vendendo meu corpo, literalmente a mataria de vez. Virei ligeiramente a cabeça enquanto tentava limpar o café da blusa na pia da cozinha com a ajuda de Maricruz.

    – Não quero nem ouvir o nome, só me trouxe atraso de vida.

    – Não desconverse, filha. Se não é Ryan quem é?

    – Quem é o quê, dona Tisha? – me virei para Maricruz, tocando em seu braço – obrigada, mas vou ter que trocar de blusa. 

    Corri para o quarto antes que mamãe insistisse ainda mais, ela não largaria do assunto tão cedo. Deixei minha blusa na máquina de lavar, coloquei a primeira roupa que vi na frente e voltei para sala.

    – Juízo, vocês duas! E a senhora – olhei bem duro para mamãe – nada de ficar andando pela rua nesse frio só porque melhorou um pouquinho, hem.

    Eu estava mesmo nas nuvens, mas grande parte disso era devido à nítida melhora da minha mãe, o marcapasso, as cuidadoras, os remédios corretos e uma boa alimentação foram um verdadeiro milagre. Poder respirar tranquila ao ir dormir não tinha preço, quer dizer, tinha e um bem alto, mas eu não me importava. Pensei que seria bem pior ter que trabalhar para Madame M. Se bem que quando eu dei de cara com o mesmo homem que tratou tão mal no corredor de seu prédio, pensei que fosse um sinal de Deus para que eu desistisse antes mesmo de começar. No entanto, ele acabou se mostrando uma pessoa bem diferente do homem das cavernas que pensei que fosse. Só queria entender porque eu me incomodava tanto quando era tratada como uma acompanhante. O Sr. Herrera evocava todo tipo de sentimento confuso em mim, mas eu precisava admitir... estava gostando mais do que eu deveria. Meu Deus! O que estou pensando… A voz de mamãe me trouxe de volta a realidade.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora