Capítulo 36

1.2K 77 16
                                    



Anahi Puente



    – Na época, Mai disse que seria bem provável que eu conseguisse os trinta mil necessários para pagar os cuidados da minha mãe. Mas quando eu cheguei aqui e vi que era você, tive certeza que não daria certo. 

    Ele me ofereceu um sorriso espontâneo, acariciando meus cabelos. 

    – Por que?

    – Tudo que você falava me afetava, eu nunca seria impessoal com você e, o que eu quero mesmo dizer é que eu nunca me senti assim antes, de nenhuma forma. Minha mãe é outra pessoa agora e eu não me arrependo, mas eu não posso mais fazer isso, eu não fui feita para isso… Então o contrato e você e toda essa situação... Cheguei no meu limite.


    Eu só esperava que o coração da minha mãe aguentasse até o transplante e o dinheiro que eu ainda tinha, desse para tudo. 

    – Posso falar agora? – Alfonso perguntou.

    Queria dizer que não, que não sabia o que faria se ele me magoasse mais uma vez. Mas o que eu podia fazer? Fugir da realidade nunca foi o meu forte, ofereci a ele um aceno fraco, para que prosseguisse. 

    – Você não foi mesmo feita para isso, Anahi, foi feita para mim. A mulher mais corajosa, mais leal que eu conheci e a mais gostosa também. Toda minha, exclusivamente minha...

    – Você não ouviu nada do que eu disse? – tentei sair da banheira mas ele me segurou no lugar.

    – Quem não está me escutando é você, quão mais claro preciso ser para que entenda que não existe mais contrato, que você não falhou comigo, que foi o contrário? Deixei meu passado me confundir e nublar o que estava bem na minha frente o tempo todo. A primeira vez que senti o seu cheiro quando você entrou naquele elevador com o nariz arrebitado me desafiando, a primeira vez que você corou e mesmo assim me olhou nos olhos, todas as formas que você não se deixou intimidar quando tentei te afastar... Eu quero você ao meu lado, como minha mulher, não com um contrato.

    Sorri entre as lágrimas que desciam sem parar, queria me beliscar para saber se eu não estava sonhando. Desejei por tanto tempo ouvi-lo falar assim que tive medo de não ser real.

    – O que eu preciso fazer para que você aceite ser minha? – perguntou com um olhar que queria capturar todo meu interior. 

    Eu já sou sua há tanto tempo! 

    – Você só precisa confiar em mim, Alfonso.

    Ele ainda me encarou sério por alguns segundos e então seu rosto foi tomado lentamente por um largo sorriso. Ele ficava tão, mas tão lindo sorrindo que todo o ar sumiu do meu peito. De repente, me levantou de uma só vez em seu colo saindo da banheira, dei um grito pelo susto. 

    – Calma, garota, você precisa confiar em mim também, não vou deixar você cair. – Entrelacei minhas pernas em sua cintura. – Nunca.

    Ele estava uma perdição, com o tórax brilhando por causa da água, e a calça molhada, agarrada ao corpo. Seu membro duro pressionava meu ventre, mas quando fechei os olhos, imagens desconexas de Joseph lambendo meu rosto e Mark me arrastando pelos cabelos apareceram como flashes diante de mim. Tremendo me agarrei ao pescoço de Alfonso com tanta força enquanto ele descia as escadas da banheira que pensei que fosse sufocá-lo. 

    – Ei, ei… – ele me colocou no chão. – O que aconteceu? 

    – Estou muito cansada, só isso… – não consegui expressar em voz alta o que senti ao lembrar do que aconteceu – você se importaria se eu fosse dormir agora? 

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora