Capítulo 31

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Anahi Puente


    Há horas eu observava o teto do quarto de hóspedes no apartamento de Maite com os nervos em frangalhos. Não tive tempo para processar tudo o que se passou no Diamond Hall, mas agora, deitada de costas na cama, eu sentia um peso enorme no estômago. Beijei um cara por dinheiro. Isso realmente aconteceu! Passei os dedos nos meus lábios enquanto lágrimas teimavam em cair. 

    Forcei-me a lembrar das crises de tosse da minha mãe, dos desmaios constantes, de como no final ela não tinha mais forças nem para se alimentar e limpei as lágrimas. Mesmo se eu tivesse que dormir com Joseph por meses, ainda assim valeria a pena. A única coisa que eu não aguentaria seria minha mãe descobrir. Não suportaria decepcioná-la depois de tudo que passou. 

    – Que bad vibe é essa, Ani? – Mai apareceu acendendo as luzes do quarto. 

    Abri a boca para reclamar, mas esqueci do que ia dizer quando a vi.

    – Minha nossa! Quem é o felizardo? Você está perfeita. 

    – Sério? – perguntou girando os pés. – Vou sair com Mane, o dono da boate que fomos aquela vez. 

    Mai usava um vestido preto com brilhos que realçava a cor de sua pele, prendeu os cabelos em um coque e no pescoço ostentava um pesado colar de ouro. Estava muito elegante. 

    – Seríssimo, você vai deixar o homem sem palavras. 

    – Vamos comigo, por favor. Estou com o coração doendo de deixar você aqui tristinha assim. – ela pegou meu rosto entre as mãos e beijou minha testa – você não fez nada errado, meu amor. Eu sei como isso deve estar sendo difícil, você era a garota mais certinha daquela escola. Mas não deixe ninguém falar o contrário. Ainda continua sendo a mulher mais correta que conheço. Claro que eu preferia que fossem em circunstâncias melhores, mas estou muito feliz pela vida ter nos aproximado de novo. 

    – É assim que você quer que eu não chore? – eu disse rindo e chorando ao mesmo tempo.

    – Tá bom, tá bom, meu momento amiga fofa passou. Não se acostume mesmo porque sou pisciana mas não sou chegada nessas coisas melosas. 

    – Só você mesmo, para me fazer rir tanto a essa hora. 

    – Tem certeza que você não quer vir comigo? – perguntou fazendo uma carinha triste. 

    – Tenho, mulher. Estou esperando Alfonso ligar – suspirei – ele falou que queria conversar comigo, mas só quem me ligou foi minha mãe e Joseph. 

    – Hummm conversar é? E esse Joseph, já marcaram outro encontro? 

    – Não, nem atendi. Ordens do chefe – eu disse revirando os olhos.

    – Vocês estão me deixando exausta com essa novela. Dois idiotas apaixonados um pelo outro. E quando vocês se casarem eu serei a dama de honra, ganhei esse direito. – disse ela, desviando de um travesseiro que joguei em sua direção. 

    – Até parece, a última coisa que aquele homem sente por mim é paixão. E quando isso tudo acabar, logo vou esquecer que ele existe. – olhei para o relógio do celular, surpresa por já ser 19:00h. – Você não tinha que sair para encontrar o bonitão da boate

    Ela soltou um gritinho. 

    – É mesmo! Fiquei aqui vendo você ser a pessoa mais ingênua do planeta e esqueci a hora. – Ela se retirou e gritou da sala – vê se sai dessa fossa pelo amor de Deus e não espere por mim acordada. Tchau!

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora