Capítulo 46

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Alfonso Herrera




    – Isso é mesmo necessário? – perguntei enquanto prendiam minhas mãos no pé de uma mesa por uma corrente nas algemas. A sala que me deixaram tinha paredes e chão cinzas com apenas uma mesa um espelho falso.

    O policial me olhou com nojo e rosnou as palavras.

    – Se não fosse necessário eu não teria feito, assassino.

    Fiquei mais curioso com a situação que com medo ou raiva, desde que fui trazido me trataram como se eu fosse um Serial killer. Alguma coisa não se encaixava, o policial claramente me deu uma voz de prisão, mas não fui processado ao entrar, ninguém tirou minhas digitais e nem me jogaram em uma cela. Apenas fui acorrentado nessa sala, sem direito à nada.

    Eu ficaria ainda mais rico depois de secar os cofres da cidade de Chicago, isso era o de menos, mas aquela sensação que algo terrível estava prestes a acontecer não deixava de apertar meu peito. Joseph devia saber que uma prisão com base em falsas acusações não se sustentaria por muito tempo, então o mais provável era que eu precisava sair de circulação por um tempo, mas para quê? Anahi estava segura com Liam; Vanessa, minha mãe e as crianças tinham sua própria equipe de seguranças em casa e Jeff coordenava tudo. Josh poderia se foder, eu não poderia me importar menos com ele.

    Presumi que foco só poderia ser a Herrera Tec. Eu mesmo fiz o regimento interno e sabia que estaria fora da presidência caso fosse condenado por um crime. Quem assumiria seria o Diretor de Operações, Miles. Eu não teria o poder de tirá-lo de lá, mas... mesmo assim, as chances de eu ser condenado por um crime que não cometi eram nulas... Ou não?

    – Eu tenho direito a falar com um advogado!! – gritei olhando para o espelho falso, raspando as correntes no pé da mesa.

    Nada, nem um som. Onde estava Tom? Não é possível que pagava uma fortuna para aquele filho da puta me deixar tanto tempo sem respostas. Precisava mais que ele impedisse Miles de tomar o poder dentro da Herrera Tec. do que me tirasse daqui. Com os cotovelos apoiados na mesa, abaixei a cabeça, tentando de todas as formas prever qual seria o próximo passo daquele pedaço de bosta, quando a porta se abriu. De imediato não tive interesse de saber quem era, até que o inconfundível cheiro de baunilha tomou conta de mim. Devagar levantei a cabeça e ao cravar os meus olhos nela, tive certeza que meu mundo estava prestes a acabar.

    – Ani?

    Ela olhou para o chão, para o espelho, para as mãos, menos para mim.

    – Ani, meu amor, o que foi? Quem te disse que eu estava aqui? – chamei mais uma vez, mas ela permaneceu perto da porta, com a cabeça baixa. Algo muito errado estava acontecendo.

    Como ela havia chegado aqui mais rápido que o meu advogado?

    – A-alfonso, o que eu tenho para falar é rápido, o policial avisou que tenho apenas cinco minutos, então...

    – Então me olhe nos olhos, por que você está com medo de mim? Você sabe que eu não fiz nada do que estão me acusando. Ninguém me conhece como você.

    Será que a polícia mandou que ela entrasse para eu confessar algo que não fiz? Não sei qual linha de interrogatório eles usariam e o fato de ninguém deixar o meu advogado se aproximar era intrigante. Quando Anahi finalmente levantou a cabeça e me encarou de frente, meu coração sangrou, ela havia chorado, e muito. Não suportei vê-la sofrer assim, tentei me levantar da cadeira, mas a corrente não me permitiu.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora