Capítulo 07

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Alfonso Herrera



    Onde eu estava com a cabeça para aceitar me encontrar com Brian Gallagher a essa hora? Pior que ele estava todo animado com sua mais nova aquisição, ele havia comprado esse lugar para sua esposa há alguns meses. Durante o dia, o andar de baixo era um restaurante e, à noite, boate. Péssimo. A música, quer dizer, o barulho ensurdecedor que vinha da pista de dança tornava impossível que mantivéssemos uma conversa coerente.  

    – Cara, eu adoro esse lugar à noite – Brian falou mais alto ao ver uma morena com um decote que ia até a barriga sorrindo em nossa direção.

    – Sim, sua esposa vai adorar ainda mais essa sua empolgação aí.

    – Que isso, cara. Só tenho olhos para minha pequena e, se você não percebeu, a moça está completamente hipnotizada por você.

    A verdade era que eu não tinha percebido, não estava com cabeça para mais nada desde que descobri que a fonte de todos os meus problemas na empresa era o desgraçado de merda do Joseph Foster voltando do inferno. Sabia que aquele pedaço de lixo não tinha desistido da briga assim tão fácil. A contragosto, tive que reconhecer sua genialidade, usar os receptores dos teclados sem fio da Herrera Tec. Para instalar um programa espião, foi elegante. Mas ele nunca seria melhor que eu, sua assinatura estava por toda parte no algoritmo. Olhei em direção ao bar do Diamond Hall e lá estava ele. Isso não era coincidência, Foster não viria até Chicago para nada. Ele estava atrás da minha empresa, mas para qual finalidade e por que agora, depois de tantos anos? Brian estalou os dedos na minha frente.

    – Você não vai conseguir matar o cara com o olhar, Herrera. Ele vem aqui quase todos os dias desde a semana passada. Lembrei de tudo que você me contou da sociedade de vocês. Ele ainda está casado com Emma?

    A taça de vinho que eu segurava se espatifou em vários pedaços. Merda

    – Que lugar é esse? Olha a qualidade dessa merda de taça, você não está fazendo seu trabalho direito. Pretende matar os seus clientes? – me levantei com o sangue fazendo pressão em minhas têmporas. Não queria tocar nesse assunto com ninguém, nem mesmo com Brian. 

    – Porra, Alfonso! Como você não cortou a mão toda? Acho melhor a gente ir embora, você não está bem.
Ignorei sua tentativa de verificar minha mão e um garçom veio logo limpar o camarote. Pedi a ele um whisky, sem tirar os olhos da direção de Joseph. 

   – Você sabe o quanto minha empresa significa para mim, Brian. Não é só pelo dinheiro, meus pais se sacrificaram muito para que eu chegasse onde cheguei e eu não vou deixar que esse filho da puta destrua tudo por um capricho de merda.

    – Mas você acha que ele tem mais cartas na manga? Você não colocou várias camadas de segurança na Herrera Tec. agora?

    – Claro que tem, por que ele estaria aqui em Chicago? O maior orgulho da vida desse desgraçado é morar em CdMx.

    Para minha infelicidade ficar completa, Joseph virou em nossa direção e fez uma cara de surpresa fingida. Levantou o drink e sorrindo veio lentamente até o nosso camarote. 

    – Alfonso Herrera, quanto tempo! Que coincidência maravilhosa encontrá-lo por aqui – sua voz transbordava ironia. 

    – É mesmo uma tremenda coincidência encontrar alguém na cidade que ele morou a vida toda, Joseph.  Um silêncio desconfortável se instalou enquanto Foster me observava com deboche no olhar.

    – Não digo em Chicago, sabe. Estou aqui para as semifinais da Copa de Poker, esse ano culminou de ser na cidade que você mora. Sabe, Herrera, mais de três milhões de pessoas moram aqui, além de você. Vejo que continua se achando o centro do universo…

    – O que você quer, Joseph?

    Ele fez um gesto dramático e chamou uma loira de parar o trânsito que estava ao seu lado no bar com um estalar de dedos. Ela rapidamente chegou e o abraçou. Apesar de um tanto óbvia e vulgar, era a mulher que mais chamava a atenção no salão. Típico de Joseph esse tipo de cena. 

    – Eu quero tudo, Herrera. Você ainda não percebeu?  Ele passou as mãos nas costas da mulher que deu um sorriso falso. Girando nos calcanhares, Joseph ainda me encarou antes de ir e dessa vez, disse sem o tom de ironia habitual. 

    – Emma ainda pensa em você, mas... foda-se, que assim seja – ele suspirou dando de ombros. Apontando pra minha mão, completou. – Você está sangrando, Herrera. Te vejo por aí. 

    Soltando o ar ruidosamente pelas narinas, andei atrás dele. Fui impedido por Brian que entrou na minha frente como um raio.

    – Não mesmo, cara. Use isso aqui – ele bateu os dedos na minha cabeça e afastei suas mãos com um empurrão.

    – Posso quebrar o pescoço daquele almofadinha em segundos – rosnei.

    – E do que adiantaria? Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Depois do que vi aqui, tenho certeza que ele está tramando algo contra você e quer te desestabilizar, nós precis… 

    – Olha só a turma da terceira idade no rolê – Blackwood, um playboy amigo de Brian, apareceu com duas mulheres seminuas ao seu lado – tudo bem com os senhores? 

    – Vaza, Blackwood – eu disse.

    Na verdade, eu que iria embora. Foi uma péssima ideia vir aqui com Brian e dar de cara com Joseph. No entanto, quando chamei o meu amigo, ele olhava fascinado para as mulheres ao lado do playboy. 

    – Gallagher, você tem uma família te esperando em casa, esqueceu?

    – Alfonso, relaxa. Tive uma ideia! Eu já sei como você vai acabar com o filho da puta do Joseph Foster.

















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