Capítulo 39

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Anahi Puente



    Eu não sabia o motivo, mas ainda me sentia impactada com o jeito que aquele Coleman me olhou, fora que o nome Miles não me era estranho, por algum motivo deixou o meu estômago doendo de ansiedade. 

    – Chegamos, Ani – Alfonso disse parando o carro na porta do meu prédio. 

    Ani. Deixei minhas preocupações sem fundamento de lado ao ouvi-lo me chamar assim, ainda parecia um sonho, tinha um friozinho que não deixava minha barriga. Era gostoso e angustiante ao mesmo tempo. Segui seu olhar e vi que analisava a fachada do prédio com intensa desaprovação. 

    – O que foi agora, Alfonso? 

    – Precisamos conversar a respeito da situação do apartamento em que vocês moram – ele disse, todo formal. Segurei o riso e esperei que continuasse. – Andei pesquisando sobre a condição da sua mãe e, sinceramente, não sei como conseguiram morar no terceiro andar sem elevador até agora. Fora todo o problema da violência desse bairro. 

    Suspirei alto com uma forte suspeita de onde essa conversa ia dar.  

    – Se for para falar que você quer comprar uma casa, por favor, não termine essa frase – eu disse já com a mão na maçaneta. Ele estreitou os olhos trancando a porta do lado do motorista, impedindo que eu saísse. 

    – Eu não quero comprar uma casa para vocês, Anahi. 

    – Do que você está falando então? Não estou entendendo, vai construir um elevador aqui? – perguntei confusa e envergonhada, agora ele ia achar… 

    – Eu já comprei uma casa para vocês – disse interrompendo meus pensamentos. – Na verdade, casa não, apartamento. Tinha uma unidade à venda no prédio que moro. Está no seu nome, pronta para morar. Vamos pegar sua mãe que já podemos ir agora mesmo, meu advogado mandou o contrato para o meu e-mail enquanto vínhamos para cá.

    – Minha nossa, Alfonso! Você não tem limites? – exclamei esfregando a testa. – De onde você tirou essa insanidade? Como que mamãe e eu conseguiríamos manter um apartamento daqueles? 

    Forcei a maçaneta, irritada por ele me manter presa ali. 

    – Não estou entendendo sua reação, Anahi. Em termos práticos é o melhor arranjo. Você ficaria sempre perto de mim, segura e confortável. Qual é o problema?

    Fiquei ainda mais irritada por ele não entender qual era o problema e acabei explodindo.

    – O problema, Alfonso, é que eu não sou mais uma prostituta para você enfiar em um apartamento seguro e confortável – eu estava quase arrancando a maçaneta da sua BMW. Eu não queria chorar, mas não teve como, esses últimos dois meses testaram todos os limites da minha resistência emocional. 

    Alfonso não disse nada, apenas soltou um grunhido nervoso e arrancou o carro cantando pneus. 

    – Ei! Pode parar, para onde você está indo? – falei cada vez mais nervosa.

    Ele continuou pisando no acelerador, freando minutos depois em uma rua cheia de prédios abandonados, praticamente deserta. Ainda sem falar comigo tirou o cinto de segurança, desceu do carro e abriu a porta do banco do passageiro, puxando-me pelo braço. O empurrei para longe de mim, ele esfregou a nuca e virou em minha direção com a respirando forte pelo nariz.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora