Capítulo 22

997 71 17
                                    


Anahi Puente


    Os dias em Dubai passaram rápidos demais e nunca estive tão solitária. Por mais maravilhosa que a cidade fosse e ela era esplêndida, tudo de casa me fez falta, até do frio que nunca pensei que sentiria saudades, eu senti. Liguei para Maite algumas vezes, com um novo celular que o Sr. Herrera me deu, mas não havia nada que ela pudesse fazer de tão longe. Pelo menos a viagem estava quase no fim e eu poderia me livrar logo dessa situação.

    Alfonso contratou um guia e disponibilizou um segurança do qual eu protestei, mas fui voto vencido, para me acompanhar por todo lado. Aparentemente havia muitas leis e regras diferentes nos Emirados Árabes e era melhor que eu não andasse sozinha por aí. Ele também disse que eu poderia sair pela cidade e comprar o que eu quisesse, o que só serviu para me magoar. Sim, eu parecia uma idiota que não estava se aproveitando de uma situação, mas fiquei muito decepcionada por ele me investigar tanto e não ter o mínimo interesse em me conhecer de verdade. Não sei se devido aos problemas da minha mãe ou por nunca termos muito dinheiro sobrando, nunca fui uma pessoa deslumbrada e consumista, havia coisas muito mais legais para fazer em Dubai que sair comprando como uma desesperada. E é o que eu faria. Iríamos embora no dia seguinte e eu havia tomando duas decisões. Aproveitaria muito meu dia para conhecer tudo o que eu pudesse desse lindo lugar. E em segundo lugar eu mostraria para Alfonso o quanto eu levava a sério o contrato e tudo o que aprendi até aqui. Preparei uma bela surpresa para ele.

    Desci para tomar café em um restaurante que ficava praticamente dentro do mar, com o segurança atrás de mim como uma sombra. Dispensei o guia, não estava no humor de conversar com ninguém.

    O garçom me arrumou uma mesa com a vista mais espetacular de todas e, assim que o café chegou, alguém tampou toda minha visão da praia. Subi os olhos e uma mulher loira, muito alta sorria para mim. Olhei para trás, talvez não fosse bem para mim que ela estivesse acenando. Tinha algo muito familiar nessa mulher, ela parecia uma celebridade, dessas que a gente sabe quem é, mas não lembra onde foi que viu. Tirando Alfonso, era a primeira vez que eu via uma pessoa tão bonita fora do cinema.

    - Desculpe, incomodo? - ela perguntou.

    - Ahn, não...

    - Aaah! - ela soltou um gritinho, animada - sabia que você era americana. Humm, pela sua falta de bronzeado... deixa eu ver se adivinho, Boston?

    Não pude deixar de sorrir, a mulher exalava personalidade.

    - Chicago e você?

    - Nasci na Cidade do México, mas moro em Nova Iorque - ela disse fazendo um gesto altivo de brincadeira, acabei caindo na risada. - Você deve estar pensando o que essa maluca de Nova Iorque quer com você né? Posso me sentar?

    - Claro - respondi fazendo um gesto com as mãos - desculpe a minha indelicadeza. Achei que você estava me confundindo com alguém.

    Ela usava um terninho preto muito elegante, suas mãos ostentavam muitos anéis. Tirando seus óculos escuros ela sentou-se e abriu um sorriso contagiante.

    - Agora você vai ter certeza que eu sou maluca, mas eu não aguento mais esperar as intermináveis reuniões do meu marido tomando café todos os dias dessa viagem, sozinha. E realmente me perdoe se eu estiver sendo muito intrometida, porque eu sou mesmo - ela deu um risinho engraçado e tocou meu braço - mas eu te achei tão tristinha sentada aqui que me senti impelida a vir. Mas é sério, eu não paro de falar, se você não quiser eu vou embora.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora