Capítulo 17

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Anahi Puente

    – Ani! – Mai balançou a garrafa de vinho vazia.

    – Secamos uma garrafa inteira! Não sabia que você viria, senão teria refeito o estoque.

    Balancei a mão no ar sentindo meu corpo todo formigar pelo efeito do álcool. Não queria que essa sensação gostosa passasse.

    – Então vamos comprar mais, nem me lembro porque cheguei triste na sua casa.

    Maite sentou no sofá que eu estava e pegou minhas mãos:

    – Ani, me sinto responsável por tudo que aconteceu. Deveríamos ter conversado antes...

    – Claro que não, Mai, eu que te peço desculpas, te prejudiquei com Madame M. depois que Alfonso a ameaçou.

    – Ih garota, não se preocupe com isso, estava a fim de sair de lá há tempos. Você precisava ver aquela mulher soltando fogo pelo nariz, esse Sr. Herrera que se cuide, Madame M. é uma pessoa vingativa.

    Fiquei imediatamente apreensiva. Apesar de saber que não o veria nunca mais em pouco tempo, algo doía dentro de mim só de imaginar que alguém pudesse prejudicá-lo, ainda mais por minha causa.

    – Sério, Mai? – peguei meu celular pensando em avisá-lo disso.

    – O que você está fazendo, amiga? Larga isso – tomou o aparelho das minhas mãos. – Nada do gostosão das cavernas hoje. Ele sabe se virar muito bem. Brincadeiras à parte, o que você está passando é perfeitamente natural. Esses homens são lindos, refinados, sabem agradar e, antes que você perceba, está apaixonada.

    – Apaixonada, eu? Pira menos, Maite. Não estou apaixonada por ninguém. Por favor, não entenda mal o que eu vou dizer, mas ele me trata como se eu não fosse uma pessoa. Joga toda hora na minha cara que sou uma prostituta, não consigo lidar com isso. Toda noite, durmo tranquila pela melhora da minha mãe, faria esse trabalho mil vezes se fosse preciso, mas não consigo me acostumar em ser tratada como propriedade, eu tinha outros planos para minha vida.

    Ela me olhava com um misto de pena e incredulidade. Quando tornei a falar, minha voz saiu muito alta e aguda.

    – Eu. Não. Estou. Apaixonada!

    Maite dava uma sonora gargalhada enquanto eu fingia dar tapas em seu braço, quando meu telefone tocou. Era ele me mandando uma mensagem.

    – Tá vendo quantas horas passaram? Agora que ele se deu conta que não estou mais lá.

    – Mas amiga, o que você quer? Não estou te entendendo, ele te pagou mais de meio milhão de dólares, te deu de presente um conjunto da Gallagher & Co., cara você tem noção de quanto custa um colar nessa joalheria? O máximo que ele faz é te chamar de puta? Por favor, né Ani. Ele é literalmente o cliente perfeito, o que mais você quer? 

    A primeira frase que brotou na minha cabeça em resposta foi “eu não quero que ele seja cliente”, mas afastei esses pensamentos tão rápido quanto eles chegaram. Respondi à mensagem me dando um dia de folga e quando ele ligou, não atendi. Ele que descontasse do meu salário.

    Maite e eu resolvemos ir a uma nova boate super exclusiva havia inaugurado. Ela estava morrendo de vontade de ir. O dono era um de seus clientes e a colocou na lista vip. Eu não gostava dessas coisas, cheguei até a me arrepender de não ter ido para a sessão de filmes antigos com mamãe. Mas, sinceramente, merecia um dia para não ser eu mesma. Voltaria a ser a Ani centrada e sensata amanhã.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora