Capítulo 09

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Anahi Puente

   
    Não! Não é possível. O universo só pode estar de brincadeira com a minha cara. Pensei enquanto o homem que me arrastou para fora do prédio, daquela outra vez, me olhava da cabeça aos pés com uma expressão difícil de ser lida. Meu peito subia e descia, frenético. Por dentro, eu era só uma massa nervosa. Apenas milésimos de segundos haviam se passado, mas o relógio parou de correr assim que os meus olhos encontraram os dele. Não sabia, até aquele momento, que a raiva era um sentimento tão poderoso. Um pensamento otimista atravessou minha mente, enquanto assistia o sorriso debochado do Sr. Arrogância se alargar. Eu poderia ter errado de apartamento e ele não ser o Sr. H. Cruzei os dedos e quebrando o silêncio constrangedor, disse:

    – E-eu a-cho – minha voz estava falhando mesmo? Que maravilha! Agora eu parecia uma tonta em sua frente. Respirei fundo para me controlar, mas a cada nova batida do meu coração, meu estômago retorcia dentro de mim. – Creio que b-bati na porta errada, estou procurando o Sr. H., mas não deve ser você, peço desculpas pelo… 

    – Alfonso Herrera – ele me interrompeu com uma voz grave e levemente rouca – eu estava esperando por você. 

    Ele se afastou para o lado esquerdo da porta deixando um espaço para que eu entrasse. Mordi meus lábios, incerta de como agir. Era provável que isso fosse algum tipo de sinal divino para que eu desistisse dessa insanidade.

    Ele inclinou um pouco o corpo para frente inalando o ar com força.

    – Não será produtivo você passar a noite toda nesse corredor, Srta…?

    O final de sua frase foi uma afirmação e uma pergunta ao mesmo tempo, ele ainda não sabia meu nome. Dei um pequeno sorriso involuntário, dando um passo para dentro de sua impressionante sala de estar, sem respondê-lo. 

    E agora? Deveria ter perguntado a Maite o que fazer assim que desse de cara com o cliente. Só que mesmo que eu tivesse ensaiado como me comportar, nada me prepararia para dar de cara com esse homem. O ar de superioridade que ele lançava para mim, arrepiava minha espinha inteira. 

    Este apartamento era bem mais bonito do que o outro onde Ryan me levou. A varanda tinha uma vista incrível para o lago Michigan e a decoração clean e minimalista dava um toque extremamente sofisticado para o local, a não ser… Olhei curiosa para um enorme quadro que destoava completamente no ambiente.  Debaixo de um céu carregado de nuvens escuras, estava a silhueta de um homem abrindo uma sombrinha vermelha e protegendo uma pequena mulher. O quadro tornou a sala menos fria. Só de olhar para ele, aquecia o coração. Por um segundo esqueci o porquê estava naquela casa, mas fui prontamente lembrada por uma voz impaciente.

    – A sua agência foi muito bem recomendada – virei a cabeça para encará-lo, ele estava de testa franzida e olhando as horas em um relógio de pulso que não combinava com seu terno sob medida – mas a senhorita está dez minutos atrasada. 

    – A agência não é minha, assim que me encaminharam para a sua casa eu vim – soei bem mais ríspida do que pretendi. Nos meus vinte e dois anos de vida, nenhum ser humano me tirou tanto do sério apenas por respirar. 

    Ele inclinou a cabeça de lado com os olhos soltando faíscas, parecia me estudar. 

    – Aceita alguma coisa? O que você normalmente bebe?

    – Normalmente eu não bebo, mas aceito um whisky se o senhor tiver.

    Sem dizer uma palavra, ele foi até um bar muito elegante que ficava entre a sala e a cozinha americana e serviu uma dose em um copo que custava mais que todo o salário que eu recebia no mercado.

Baunilha com Encrenca - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora