𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝙸𝙸

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Dois anos depois

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Dois anos depois

14 junho de 2006, Boston


O telemóvel vibra sem parar na mesa de cabeceira. Abro os olhos e deparo-me com as letras verdes e vibrantes do relógio digital marcando 7:50. Ouço de fundo a chuva a bater robustamente nas persianas da janela. A mulher ao meu lado puxa o cobertor e tapa-se até aos seios. Levanto a cabeça para ver-lhe melhor o rosto e tento lembrar-me do seu nome. Érica? Kate? Acho que é Aubrey.

A vibração do telemóvel teima em não parar e eu suspiro, resmungo alguma coisa contra a almofada e estico o braço para alcançar o aparelho e, sem querer, puxo o cabelo da moça desconhecida. Ela diz alguma coisa, mas eu não percebo o quê.

Atendo a chamada e espero a outra pessoa falar.

- Não fico nem mais um minuto cá em baixo á tua espera. - Clara diz com firmeza. Ouvem-se os carros a passar atrás dela e a chuva a bater no que parece ser o chapéu de chuva.

- Porquê que estás á minha espera? - Pergunto com a voz rouca e clareio a voz antes de continuar. - Calma, que dia é hoje?

- Não tens mesmo solução. Se não fosses o génio que és, até ficava preocupada por não estudares. Coisa que eu sei que não o fizeste.

- O exame...

- Dois minutos Ryan. É o que espero por ti. - Conclui ela a tentar a sua melhor voz de zangada.

- Ainda é cedo, fala baixo. - A moça sem nome levanta a cabeça e a mão, com uma careta. Eu finjo que não ouvi e ela suspira, aborrecida.

- Oh, Ryan, estás acompanhado? - Ela pergunta do outro lado do telemóvel.

- Adoro-te Clarinha. Já vou descer.

Desligo a chamada e olho para trás, para a moça de cabelos negros que se levantava agora da cama.

- Tenho de ir embora. - Digo na forma mais respeitosa possível. - Tens como ir trabalhar, ou precisas de chamar um táxi?

- Tanto faz, Nate. - Rosna e vai à procura das calças e do sutiã algures no corredor, caminhando só de cuecas pretas de renda.

Já não me sinto tão mal por não me lembrar do nome dela.

O ar do quarto cheirava a álcool, suor e látex. Novamente caí na tentação de ir ao pub e levar outra mulher para casa, ainda por cima na noite anterior ao exame. Não me lembro propriamente de ter falado com ela. A minha memória apenas me permite lembrar de poucas frações da noite, após o terceiro copo de Vodca. O som dos copos a serem enchidos, da música, da porta do meu apartamento, do corpo moreno da moça desconhecida, de ter aberto a gaveta da mesa de cabeceira e ter tirado dois preservativos. Só isso.

A Cabana das Janelas VermelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora