Capítulo XXXV

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A noite caía lentamente do outro lado da janela, sobre as linhas ferroviárias. Estou com uma leve dor na boca do estomago desde que entrei no comboio. Já deve faltar pouco para chegar. O restaurante onde combinei com o frankenstein181 fica mesmo ao lado da gare. Não sei por quem procurar. Pode ser qualquer um. Espero que não vá ao encontro de um maluco.

Gostava de não ter que esconder isto da Clara. Apenas acho que é o certo a fazer. Se não fizermos nada, mais pessoas vão sofrer. 

O comboio freia abruptamente, fazendo-me sair apressadamente junto com uma multidão de passageiros, em direção á saída. Os candeeiros ao longo das ruas emanavam uma luz acolhedora, preenchendo o lugar desconhecido com um conforto estético inesperado. Perfeito para um dia frio de outubro.

À direita da gare, junto ao rio, encontra-se o único restaurante desta zona. Não pode ser outro. Ao adentrar, uma onda de calor aquece as minhas bochechas congeladas. O interior do restaurante não é muito amplo, mas acomoda mesas individuais, grupos maiores e uma área mais isolada, como se fosse uma sala separada, com as mesas estrategicamente espaçadas, proporcionando maior privacidade. Acredito que o frankenstein181 tenha escolhido ficar nessa área, devido ao conteúdo da conversa.

A minha suposição estava correta, pois antes mesmo de entrar na sala, alguém toca no meu ombro.

Sinto-me aliviado ao constatar que não se trata de um conspirador com chapéu de papel alumínio na cabeça, mas sim um homem, não muito mais velho do que eu, com aparência normal de um recém-formado. Assinto com a cabeça, ainda um tanto desconcertado. - Desculpa. - Ele retira as luvas e estende a mão. - O meu nome é Frank.

- Ah, Frank, Frankenstein

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- Ah, Frank, Frankenstein. Vejo a semelhança. - Tento aliviar a tensão com um toque de humor, que ele aceita de imediato com um sorriso.

- Espero que seja apenas pelo nome e não pelo visual. - Ele conduz-me a uma mesa para conversarmos. Assim que me sento, começo a observar o ambiente e a apreciar a estética do restaurante, uma combinação de elementos modernos com toques rústicos, muita luz e plantas decorativas. Frank toma o lugar á minha frente, aparentemente hesitante em falar. Abre e fecha a boca várias vezes, mas não consegue encontrar as palavras certas, então tomo a iniciativa.

- Gostaria de saber mais sobre o que vistes lá. - Digo, olhando diretamente nos seus olhos, embora ele os desvie frequentemente. É impressionante como o Frank parece incapaz de manter o contato visual por muito tempo.

- Bem, está tudo no blog. - Ele esfrega a parte de trás da cabeça e mexe na barba. - Estou surpreso que alguém tenha demonstrado interesse, sabes? Todos acham que sou uma piada.

- Eu não acho que você sejas uma piada. - Após essa afirmação, ele finalmente me encara por mais de um segundo, semicerrando os olhos.

- Não estás aqui só porque achas-te a história de um usuário qualquer na internet interessante, certo? - Hesito por um momento, mas em seguida retiro o livro de capa preta. Frank reconhece o símbolo na capa e imediatamente o cobre com as mãos. - Não! Ryan, não aqui! Guarda isso imediatamente. Se alguém te vir com isso aqui... Eles estão por toda parte. Também estivestes lá???

A Cabana das Janelas VermelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora