impasse [sheibi]

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[carolana's voice] oi pessoal

não tenho nem palavras pra agradecer o feedback de vcs, tá sendo incrível <3 

sobre as frequências das postagens: eu ainda não sei como vai ser, possivelmente vou escrever e publicar qd tiver tempo, pq meu dia é realmente muito corrido, mas sempre vou tentar atualizar o mais rápido (obviamente se eu já tiver um capítulo de qualidade em mãos) 

aproveitem a leitura

e não esqueçam o favorito no capítulo xx

...

Sheilla passou a toalha lentamente pelo seu corpo, sentindo os fios do algodão traçando a sua pele. Os seus dedos tremiam devido o esforço do dia: dez minutos dentro de quadra. Ela poderia ir na fisioterapia, pedir ao menos uma massagem desportiva, mas ela preferiria conviver com os tremores até cair no sono.

Ela pendurou a toalha no cabide e se apoiou na pia luxuosa do banheiro, observando seu estado no espelho. O cabelo molhado caindo pelo seu rosto lhe lembrava de algo que ela ouvia o tempo todo: "Lindinha, use um secador nesse seu cabelo quando sair do banho, vai ficar muito mais linda". Era apenas um conselho, seu marido queria vê-la no seu melhor estado, só isso.

Ela fechou os olhos e tentou se concentrar para que os tremores passassem, mas isso só fez com que ela se sentisse mais absorta. Por mais que ela tentasse se concentrar na toalha que estava passando pelo seu corpo, agora nos seus dedos alisando a superfície irregular da pia, ela sentia que estava cada vez mais perto de perder o controle.

Liz e Ninna.

Não. Ela não poderia perder o controle.

Ela não poderia dar ouvidos àquela sensação, ela era feliz, o seu casamento era perfeito, ela tinha duas filhas maravilhosas e estava profissionalmente exatamente onde deveria estar: Dando apoio ao seu país quando foi acionada. É claro que os jarros quebrados nas paredes do apartamento por Bruno quando soube da notícia, e Liz vindo assustada em sua direção, era só um processo de adaptação para a sua volta à seleção, tudo estava bem agora.

Diariamente ela recebia mensagens de carinho, fotos das gêmeas, e mesmo quando ficava horas a espera de uma mensagem, ela aproveitava cada segundo.

Ela começou a cantarolar uma música que era o seu maior sinônimo de conforto: We're Gonna Groove, do Led Zeppelin. Crescer nos anos 80 tinha lá suas vantagens, e ela lembra do irmão mais velho sempre ouvindo essa música em seu quarto. A melodia lhe lembrava uma época de calmaria, e isso era tudo que ela precisava naquele momento.

A sua nutricionista dizia que ela deveria buscar por um psiquiatra, e o seu fisioterapeuta dizia que havia certos pontos de tensão no seu corpo que não tinham uma justificativa orgânica, e que por causa disso ela deveria buscar por um psiquiatra. Era difícil para ela, com quase quarenta anos, ouvir a mesma coisa nos últimos cinco anos, e ter que aceitar que sua vida não era mais simples e boa igual quando ela havia subido naquele pódio em 2012.

Ela vestiu o short de algodão da seleção e saiu do banheiro, encontrando o seu quarto em Rimini, na Itália, coberto por uma penumbra de luzes amareladas, e sua companheira de quarto deitada na sua cama de solteiro. Ela pareceu não perceber a presença da mais velha, pois continuava a cantarolar uma música enquanto lia um livro em uma posição que com certeza o fisioterapeuta da seleção não indicaria.

Sheilla bateu a porta do banheiro com mais força que o usual, pois por algum motivo que ela não compreendia, ela queria chamar a atenção da colega de quarto.

A mais nova levantou os olhos, deixando os óculos escorregarem pela ponte do seu nariz. Seus olhos estavam arregalados, e sua postura logo se ajeitou em cima da cama.