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olá

não morri 

estamos terminando uma parte da história hoje

boa leitura 

▽⚢✃▽

O treino havia finalizado, e ela sentia-se exausta. Gabriela estava na Itália, onde a final da Champions League aconteceria na casa do time adversário, e ela estava lutando para se acostumar ao novo ambiente de treino.

A ponteira estava se odiando por ter tido tanta ganância quando era mais nova. Quando se consagrou vice-campeã mundial pelo Minas Tênis Clube anos antes, uma chuva de propostas caiu em seu colo, e ela aceitou a que a ofereceria mais renome e dinheiro. VakıfBank Spor Kulübü. Esse nome a amaldiçoava.

Ela não conseguia nem usufruir da sua pequena fortuna para suprimir a sua solidão. E ser sozinha era um vício que ela não conseguia largar.

Ouviu uma movimentação fora do comum dentro do vestiário, e quando as mulheres se afastaram para voltarem às suas atividades, ela a viu.

-Sheilla?

As outras atletas olharam para ela, tentando compreender o que estava acontecendo ali. Ninguém entendia. Haviam rumores, mas nada além disso. Apenas rumores.

Isabelle Haak começou a tanger as outras jogadoras para fora do vestiário, dando um olhar cúmplice para Gabriela, que apenas ignorou. Ela não conseguia sentir nada pelas colegas de time, mesmo que a oposta estivesse fazendo algo legal.

-O que você 'tá fazendo aqui?

Sheilla se aproximou, com as mãos no bolso, acompanhando o passo lento.

-Vim ver a sua final.

-Ah.

-Não gostou da surpresa? - Sheilla perguntou, preocupada.

-Gostei, claro, só achei que iria querer um tempo sozinha depois do... divórcio.

A oposta torceu a boca, incomodada.

-Pra que perder tempo com isso sendo que eu posso ficar com você? O divórcio é algo que só foi oficializado na justiça, mas para mim já aconteceu há muito tempo.

Gabriela deu um sorriso fraco, e andou com passos lentos até a oposta. Os seus braços envolveram o tronco fino, e ela finalmente sentiu-se bem.

▽⚢✃▽

Por alguns instantes, elas ficaram sentadas na cama sem dizer nada, apenas afagando uma à outra, até que por fim, Gabriela apertou seu joelho e anunciou que tomaria um banho. No banheiro amplo, vendo o próprio reflexo no espelho que cobria boa parte da parede, ela teve noção de si mesma no mundo, mas ao mesmo tempo teve a conclusão de que não significava muita coisa. Ela olhou os músculos definidos, muitas das vezes invejados, e pensou que em breve aquilo não significaria nada. Se não aproveitasse a vida e não abraçasse Sheilla a tempo, tudo teria sido em vão.

Ela saiu do banho e secou o cabelo na toalha impecavelmente branca, e foi até seu armário, tirando outra toalha e itens de higiene pessoal para Sheilla. Ela os colocou na cama e perguntou:

-Você quer tomar um banho antes de sairmos?

-Sair? - A oposta rebateu, confusa. Ela adorava passear, mas sabia que a mulher que amava não era a maior fã de sair de casa, então não conseguiu esconder sua surpresa.

-Sim, claro - A ponteira deu de ombros. - Te espero lá na sala.

Elas caminharam juntas pela enorme fonte que ficava em frente a uma catedral , um dos maiores pontos turísticos da cidade Conegliano. À noite, frequentado apenas por casais que aproveitavam a presença de bons restaurantes nas redondezas, o lugar parecia aconchegante, mesmo com a estrutura enorme da igreja rodeando-as.

impasse [sheibi]Onde histórias criam vida. Descubra agora