Capítulo 63

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Na quinta-feira já de volta a casa, logo após o café da manhã e após garantir que Luna estava distraída assistindo a desenhos na sala, Christopher voltou até o quarto onde Dulce terminava de se arrumar para ir trabalhar e fechou a porta para que a filha não escutasse a conversa caso fosse até o segundo andar.

No dia seguinte teriam mais um encontro com a terapeuta e queria questionar a esposa sobre o laudo médico que encontrara antes de fazerem uma nova sessão de terapia. Não aguentava mais não saber sobre aquilo e esperava que Dulce fosse sincera.

Entrando no closet e vendo-a com certa dificuldade terminar de abotoar a camisa social, encostou-se no batente da porta e a olhou com cuidado. Percebia que naquele dia ela acordara mais pálida que o normal e que parecia muito mais cansada do que qualquer outro dia, fora as dores no corpo que ela ainda sentia e alegava serem fracas.

Havia pedido para que ela ficasse descansando, mas ela se recusara, alegando que já havia ficado muito tempo afastada do trabalho e que precisava voltar o quanto antes.

Aproximando-se dela e terminando de fechar os botões por ela, logo se afastou novamente.

Ucker: Dulce, temos alguns minutos antes de sairmos e eu quero conversar com você.

Dul: Aconteceu alguma coisa? (perguntou franzindo o cenho) Você parece nervoso.

Ucker: É. É sobre algo que aconteceu quando estávamos viajando semanas atrás. Algo que eu achei quando encontrei o seu ultrassom, na verdade.

Dul: O que quer saber? (perguntou num murmúrio) Amor, eu não quero falar sobre isso agora. Se for sobre o nosso filho, eu prefiro falar assim que voltarmos do trabalho.

Ucker: Não, não é sobre isso, mas quando eu encontrei esse exame, eu encontrei um laudo médico também. O que está escrito nele?

Dulce arregalou os olhos e desviou seu olhar do dele enquanto abraçava o próprio corpo. Não imaginava que ele havia encontrado aquele laudo e não se sentia pronta para falar sobre aquilo com ele. Precisava de mais tempo e de mais segurança.

Dul: Você traduziu? (perguntou temerosa)

Ucker: Não e nem irei. Não entendi uma única palavra do que está escrito e eu quero que você conte para mim exatamente o que está escrito lá e eu quero que conte agora.

Dul: Não é o momento. (resmungou)

Virando-se de costas para ele, Dulce ofegou ao sentir ele a segurar pelo braço e a virar novamente, gelando ao encontrar o olhar irritado dele. Imaginava que ele pudesse ficar irritado ao saber de tudo o que escondia dele, mas não imaginava que seria tanto.

Ucker: E quando vai ser o momento? Quando vai parar de fugir e de esconder as coisas? Quando vai contar tudo o que aconteceu naquela droga de país? (perguntou entre dentes, tentando ao máximo controlar a irritação)

Dul: Eu não me sinto confortável para falar sobre isso ainda, Christopher. Não é tão difícil de entender isso.

Ucker: Você precisa de um tempo?

Dul: Sim, eu preciso.

Ucker: Quanto tempo? Eu te dou uma semana. Se após isso você não contar, quem irá sair de casa agora sou eu. Eu não consigo mais dormir do seu lado com essas mentiras que você tem contado. Eu não consigo relaxar e me sentir em paz. Essas últimas noites eu mal dormi pensando no que pode ter acontecido com você.

Dulce mordeu os lábios ao sentir seu coração disparar e voltou a desviar seu olhar do dele. Pensar na possibilidade de ele sair de casa apenas por causa daquilo a machucava e não queria nem imaginar como ele reagiria quando soubesse de tudo. Não estava pronta para ver ele ficar ao seu lado por sentir pena e tentaria adiar aquilo ainda mais.

Dul: Eu não estou mentindo.

Ucker: Mas também não tem falado a verdade!

Dul: Amor...

Ucker: Uma semana apenas, Dulce. (a interrompeu) E se após isso você não contar, eu realmente irei sair de casa. Eu tentei de tudo. Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para salvar o nosso casamento, mas sozinho eu não consigo mais e eu não posso esperar mais tempo para saber o que você esconde e se você não pode ser sincera comigo e me contar tudo o que te levou até a Itália e exatamente o que aconteceu lá, infelizmente não tem como continuarmos casados.

Dulce assentiu enquanto sentia as lágrimas queimarem em seus olhos. Não gostava nem de pensar na possibilidade de começar novamente uma vida sem ele, mas também não se sentia pronta para contar tudo.

Dul: Ok, uma semana. (concordou) Só me responde uma coisa?

Ucker: O que?

Dul: Você me perdoou pelo que eu fiz? Me perdoou por ter abandonado vocês?

Ucker: Me responde você, você teria me perdoado se fosse eu no seu lugar? Teria me perdoado se eu tivesse te deixado sozinha, grávida e com uma filha de 4 anos com o estado emocional abalado?

Dul: Desculpa. (sussurrou com a voz embargada)

Ucker: Termine logo de se arrumar. Vou te esperar lá na sala.

Vendo-o sair do quarto, Dulce respirou fundo e passou as mãos no rosto enquanto tentava controlar o nervosismo. Sabia que se não fosse sincera com ele realmente acabaria o perdendo, mas não conseguia suportar a ideia de passar o restante da vida casada com ele apenas por pena pois tinha a certeza que se ele soubesse, jamais a deixaria sozinha e se sentiria obrigado a permanecer casado.

Dul: Não faça isso comigo, meu amor. (sussurrou para si mesma) Não sinta pena de mim.

Terminando de se arrumar enquanto tentava ao máximo se acalmar para que a filha não percebesse o clima tenso, Dulce logo ficou pronta e após deixarem Luna no colégio, ele a deixava em frente ao prédio do escritório.

O caminho todo havia sido tenso e Dulce tentava se distrair conversando com a filha, mas Christopher não fazia nem questão de olhá-la ou de tentar interagir com elas.

Ucker: Venho te buscar no fim da tarde!

Dulce assentiu e virou um pouco o corpo para olhá-lo melhor.

Dul: Sobre o que conversamos hoje mais cedo, agora eu só quero te fazer um alerta e eu odeio a ideia de ter que te falar isso, mas não continue casado comigo por obrigação, Christopher. Eu quero te contar, queria ter te contado há muito tempo, mas eu não vou suportar continuar casada apenas porque você não tem coragem de pedir o divórcio. Promete que se estiver sendo muita coisa pra você aguentar...

Ucker: Eu não prometo. (a interrompeu) Eu não abro mão do nosso casamento, independente do que seja, mas desde que você me conte. Eu posso aguentar qualquer coisa, Dulce. Eu fiz uma escolha e eu não vou desistir do nosso amor assim. Eu só realmente vou desistir se você não contar, porque aí sim eu não tenho mais como suportar. Não posso viver às cegas sobre isso.

Dulce assentiu e forçando um sorriso, aproximou-se para lhe dar um selinho, mas ele virou o rosto, fazendo com que o beijo fosse na bochecha.

Dul: Amor... (sussurrou com a voz embargada) Não me rejeita, por favor. Nós vamos conversar, mas respeite o tempo que pedi.

Ucker: Eu não consigo, Dulce. Não estou no clima. Respeite o meu espaço e eu respeito o seu. Agora, por favor, sai do carro. Eu tenho uma audiência em alguns minutos e não posso chegar atrasado.

Dul: Não esquece que eu te amo, tá?

Ucker: Até mais tarde, Dulce.


...

E lá vamos nós com Dulce sendo colocada contra a parede de novo...

Acham que ele pegou muito pesado com ela? 

Mas Dulce também não facilita né 😬

Tu Amor - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora