SETE

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     Três meses haviam se passado desde que Antônio foi trabalhar disfarçado, Faith seguia com sua rotina normal. Trabalhava no Molly's e Burgess a buscava sempre depois de seu expediente. Ela também tem estado mais próxima de Severide, os dois sempre vão assistir um filme e Gabby na maioria das vezes se oferece para ir.

Faith estava rindo das bobeiras do Severide enquanto servia um drink para um dos policiais, Herrmann já havia melhorado e voltado a comandar o bar com seu melhor humor.

— Faith, quando der seu horário me avisa. – Burgess que agora era chamada de Kim por Faith, avisa.

— Ahm, eu acho que vou pra casa do Severide hoje. – Severide olha para Burgess e da uma piscadinha a fazendo rir.

— Não, hoje não! –Burgess se aproxima do balcão para ficar mais perto de Faith. — Voight está ai, ele não pode nem sonhar que você vai pra casa do Severide.

— Eu sou tratada como uma criança. – Faith cruza os braços emburrada.

— Está agindo como uma. – Severide fala brincalhão.

— Tudo bem Kim, amanhã eu vou.

Voight observava a mulher, sentado em uma das mesas do bar enquanto bebia seu whiskey, a mulher parecia estar se divertindo enquanto conversava com Burgess e o Severide. Estava na hora dele conversar com ela, Voight vai até onde Burgess está com Severide e Faith e os três param de rir assim que percebem que Voight estava escutando.

— Sarg! – Burgess, quebrou o silêncio.

— Voight. – Severide acenou com a cabeça e Voight levantou seu copo.

— Faith, podemos conversar? – A voz rouca de Voight assustava Faith e ela não escondia isso. — Será rápido.

— Claro! – Faith, concordou.

Severide e Burgess deixam os dois no bar e se sentam em uma mesa próxima. Severide não estava muito seguro em deixar Faith perto de Voight, ele não faria mal a ela, não fisicamente, mas psicologicamente, essa era uma das suas grandes preocupações.

— Ele não vai falar nada demais. Burgess assegura Severide.

— Ele é o seu Sargento eu sei, mas ele não está nem um pouco feliz com ela aqui em Chicago. — Severide bebe um gole de sua cerveja. — Está mais que claro.

— Não é sobre ela. – Severide foca sua atenção na detetive. — É sobre o Antônio.

— Então, sobre o que precisa conversar? — Faith pergunta confiante mesmo que por dentro ela esteja completamente aterrorizada.

— Eu  quero saber o verdadeiro motivo que te trouxe até Chicago. – Voight foi direto. — E não tente me enganar, cedo ou tarde eu vou descobrir.

—E-Eu não estou tentando te enganar, Senhor Voight. – Faith abaixou sua cabeça enquanto passava sua mão nervosamente em seu avental. — Tudo que eu disse aos seus detetives, ao Antônio, é verdade.

— Hum. – Voight ainda estava desconfiado da mulher. — Tudo bem, eu deixo você saber se eu descobrir algo.

Voight se deu por vencido naquele momento e levantou para sair do bar, Faith soltou sua respiração que até então ela não sabia que estava segurando, aquele homem era assustador e ela não fazia ideia como as pessoas conseguiam trabalhar com ele.

A pergunta de Voight martelava em sua cabeça, havia uma razão sim para Faith estar em Chicago, mas não cabia a ninguém saber o porquê, não até encontrar o que ela estava procurando.

— O que ele queria? – Gabby pergunta preocupada com Faith.

— Ele está desconfiado de mim.

— Porque? – Gabby olhava para o Casey que estava sentado em frente ao balcão que tinha a mesma curiosidade, Faith nem havia percebido que ele estava ali.

— Eu não sei. Parece que ninguém naquele lugar confia em mim. – Faith disse com raiva. — Estou cansada de ser escondida, cansada de sempre ter um guarda-costas e ainda tenho que lidar com Voight desconfiando de mim.

— Ele tem motivos para duvidar de você? Casey pergunta.

— O quê? Não. – Faith disse ofendida. — Olha, eu não estou no clima para discutir, então, eu vou terminar meu trabalho e ir para casa.

Faith sai para outro canto do bar e Gabby estranha sua reação, Faith estava brava com alguma coisa e não era o fato de Voight ter vindo conversar com ela.

— Ela está na defensiva. – Casey falou tomando um gole de cerveja.

— Sim, mas porquê? – Gabby se pergunta observando a amiga.

— Você confia nela? – Casey pergunta.

— De olhos fechados porquê?

— Ela esconde algo, apenas, tome cuidado.

As palavras de Casey martelaram na cabeça de Gabby o resto da noite, ela esconde algo, tome cuidado. A forma que Faith reagiu à pergunta do Casey a deixou desconfiada e se Faith não for quem ela diz ser?

Ela não podia correr o risco, não depois de tudo que seu irmão já passou.

Gabby pega seu celular, disca o número, escuta chamar.

      Antônio estava escutando King Lee dar as ordens para voltar com seus negócios após a polícia estragar tudo, depois de dois meses ele conseguiu convencer todo mundo que era de confiança, e o primeiro passo de King Lee era conseguir novas mulheres para sua boate, ele fechou seus punhos com raiva.

Um pedaço de merda como ele deveria está a sete palmos da terra.

Antônio escutou seu celular tocar e pediu licença dizendo que eram negócios.

— Alô? Antônio atendeu seu celular furioso.

— Antônio? Gabby disse eufórica.

—Gabby? Você não pode ligar nesse número! O detetive chamou sua atenção.

— Você precisa voltar. Gabby disse desesperada e seu pensamento rapidamente foi em Faith.

— Eu não tenho certeza que Faith seja tão inocente quanto ela diz ser.

— O que você quer dizer com isso? Antônio perguntou confuso.

— Você precisa voltar!

Gabby desligou seu celular deixando Antônio extremamente bravo, o que ela quis dizer com Faith não é tão inocente quanto ela diz ser? Será que ele estava sendo enganado esse tempo todo? Não podia ser! Faith nunca faria isso, tinha que ser outra coisa, ele tinha certeza disso.

     Burgess e Faith chegaram ao apartamento de Antônio e se assustaram ao escutar um barulho dentro no apartamento. Burgess rapidamente tirou sua arma e disse para ela esperar na cozinha. Burgess seguiu para dentro do apartamento e entrou no quarto que pertencia a Antônio e de onde vinha o barulho e encontrou um cara alto mexendo nas coisas de Antônio.

— Polícia de Chicago! Mãos para o alto! – Burgess gritou, mas o sujeito não colocou as mãos para cima e sim tentou pegar sua arma. Antes de conseguir alcançar, Burgess apertou o gatilho e deu três tiros no suspeito.

— Kim! Kim! – Faith correu em direção ao quarto do Antônio e colocou a mão em sua boca ao ver o corpo do homem ensanguentado no chão. — Aí meu Deus, você está bem?

— Estou, me espera na sala, tá bom? – Faith concordou e voltou para sala.

Burgess ligaria para Voight só ele poderia resolver o que fariam dali em diante.

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