TREZE

754 53 32
                                    


     — Bom, isso não terminou bem! – Severide quebrou o silêncio que havia ficado em seu apartamento enquanto Faith ainda olhava para porta.

— Não! – Faith fechou os olhos e respirou fundo. – Severide estendeu sua mão para ela. — O quê?

— Vem, vamos tomar café. — ela segurou sua mão e sorriu seguindo para a cozinha. — Tem sido uma longa manhã.

— Sim, eu adoraria tomar café.

Que ótima maneira de começar a manhã, ela pensou.

— Você acha que ele vai me perdoar? – Faith perguntou. Severide que fazia o café se virou para a amiga.

— Eu não acho que tenha algo para ser perdoado Faith. – Ele volta sua atenção para a cafeteira e liga a máquina. — Você não cometeu nenhum crime.

— Eu escondi algo importante dele, algo que poderia ser útil na investigação.

— Você fez o que fez para se manter salva. –Severide coloca seus braços no balcão. — Não tem nada errado nisso.

Faith sorriu agradecida pelas palavras gentis de Severide, mas o sentimento de culpa não a deixava.

    Antônio volta à delegacia furioso. Ele não conseguia pensar direito, sentia a fúria tomar conta dos seus pensamentos. Andava de um lado para o outro transtornado.

— Ela sabia! Porra! Ela sabia! Antônio vociferou. – Burgess e Adam que estavam sentados observando a forma que Antônio gritava arregalaram os olhos quando entenderam o que Antônio estava falando.

— Ela sabia que era filha do King Lee? – Adam pergunta. —Ela deve ter descoberto enquanto estava naquele porão.

— Não. – Antônio negou. — Ela sabia antes disso, eu tenho certeza.

— Calma Antônio, eu tenho certeza que ela teve as razões dela para manter segredo. — Burgess disse, mas ao notar o olhar nada amigável do amigo, se encolheu.

— Razões? Malditas razões? – Antônio gritou. — Ela poderia ter poupado muitas coisas com essas razões.

— Você acha que ela sabe da irmã? Ruzek pergunta.

— Eu não sei! Antônio passa a mão no cabelo exasperado. — A esse ponto eu não sei de nada.
Antônio sentou e ficou seu olhar na parede pensativo. Burgess e Ruzek ficaram olhando um para o outro. Os dois, sem saber o que fazer. Mas o que fazer? Antônio estava inconformado.

— Olha cara, eu tenho certeza que todas as razões que ela teve para não contar vão ser explicadas. – Ruzek disse tentando confortar Antônio.

— Eu não ligo, eu quero acabar com King Lee e acabar com esse caso de uma vez por todas. – Antônio fala decidido.

— Faith também? – Adam pergunta.

— Principalmente ela. – Antônio disse decidido.

— Mas você a ama. – Burgess diz.

— Um amor construído sobre mentiras não é amor.

      Khalianne entra na estação. Dessa vez, atrás do seu amigo Severide. Cruz que estava sentado no lugar de sempre a recebe com um sorriso acolhedor.

— Anne, a que devemos a honra? – Cruz dá uma abraço em Anne que devolve com um sorriso animado.

— Eu vim aqui falar com um Tenente muito teimoso.


Cruz rapidamente soube de quem Anne falava, ele apenas apontou para dentro do batalhão. Anne o agradeceu e seguiu para dentro do batalhão.
Severide, ao ver sua amiga entrando corre em sua direção e dar um abraço de urso nela.

— Veio ver o Capitão? – Anne nega rindo.

— Não. Eu vim falar com você.

— Comigo? — Severide disse confuso. — Nosso encontro alcoólico é só nas sextas.

— Encontro alcoólico? – Anne perguntou rindo. — Eu preciso falar com você Kelly.

— Tudo bem. – Severide disse ao perceber que era sério o que sua amiga tinha para falar.
Os dois seguiram para sua sala no dormitório.

— Tudo bem, o que está acontecendo? – Kelly segurou a mão de Anne tentando tranquiliza-la ao perceber a amiga nervosa.

— Alguém está me ameaçando. – Anne diz de uma vez. — Eu venho recebendo ameaças desde que descobriram que eu estou ajudando no caso de Faith.

— Espera o quê? Você está ajudando Voight?

— Sim. – Anne tira suas mãos das de Severide. — Era pra ser um segredo, você sabe como as coisas acontecem.

— E alguém descobriu.

— Sim. – Anne disse com medo. — Eles sabem meu endereço, eu estou com medo.

— Você pode ficar lá em casa. – Severide logo se lembra de Faith. — Faith está ficando lá, você se importa de dividir o quarto com ela?

— Claro que não! – Anne disse aliviada. — Por favor não fala nada para o meu pai.

— Tudo certo. – Severide a abraça e cheira seu cabelo. — Eu só preciso conversar com ela.

— Certo.

Eles ficaram abraçados por um tempo. Os dois presos em seus próprios pensamentos. Anne pensava o quão bom aquele abraço estava sendo e não queria sair de lá de jeito nenhum. Severide sentia um desejo enorme de beijá-la mesmo sabendo que era completamente errado.

— Obrigado Kelly. – Anne agradeceu ainda abraçada ao bombeiro.

Voight estava sentado tomando seu café em uma lanchonete perto da delegacia aproveitando seu momento de paz. Faith entrou na lanchonete como um furacão e sentou na mesa em que Voight estava.

— Está feliz? – Faith perguntou.

— O dia está bom hoje. – Voight disse sarcástico.

— Não se faz de bobo, Voight. – Faith disse impaciente. — Antônio me odeia! Você conseguiu o que você queria afinal.

— Não. – Voight colocou a xícara de café na mesa. — Você fez isso sozinha, a única culpada é você.

— Eu tenho meus motivos!– Faith disse exasperada enquanto Voight apenas a encarava. — Merda! – Faith limpa as lágrimas que escorriam de forma quase involuntária de seus olhos.

— Faith eu não fiz nada para estragar o relacionamento de vocês. –Voight diz sem paciência. — Você fez isso. A culpa é sua e somente sua, Faith.

Faith estava cansada, mas ela sabia que infelizmente Voight tinha razão. Tudo que ela queria era alguém para culpar. Mas a culpa era dela, somente dela.

    Anne saiu da estação e entrou em um beco vazio e viu seu pai biológico encostado em uma das paredes.

— Então? – Seu pai, King Lee perguntou. — Você sabe onde ela está ficando?

— Ela está na casa do Severide. – Anne disse.

— Eu sabia que você iria fazer tudo certinho, filhinha. — King Lee colocou uma mexa de seu cabelo atrás de sua orelha.

— Eu posso ir agora? – Anne perguntou com medo. — Claro, mas eu ainda vou precisar de você. – King Lee puxou seus cabelos e Anne segurou um grito de dor. — Não tente nada ou você sabe...

— Eu não vou! Eu prometo! – Anne disse em pânico.

— Ótimo.

Anne saiu do beco correndo, ela precisava ter certeza que faria tudo que ele pedisse e manteria seu pai Bodden seguro.

A TESTEMUNHA  Onde histórias criam vida. Descubra agora