DEZENOVE

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     Severide sentou ao lado de Antônio depois dos médicos terem certeza de que ele estava bem. Gabby e Silvye sentaram do lado oposto e toda a sala de espera ficou num silêncio que estava começando a deixar Antônio irritado.

— O que aconteceu naquela casa? – Gabby pergunta.

— Ele tinha tudo planejado, mesmo eu estando lá. – Severide disse com a cabeça baixa. — Faith é forte ela vai sobreviver a tudo isso.– Severide disse para Antônio que acenou com a cabeça concordando com o bombeiro que permanecia de cabeça baixa. — Eu disse para ela que a amava.

Todos levantaram a cabeça e Severide sentiu a sala ficar tensa. Antônio olhou para o bombeiro com cara de poucos amigos. Tudo estava passando em sua cabeça, principalmente a dúvida em saber se ela disse de volta.

— Ela não disse de volta. – Severide tranquilizou Antônio. — Ela nunca faria isso, sempre foi você Antônio.

— E você ama outra pessoa. – Gabby completou. — Eu vi a forma que você olha para a filha do comandante.

— Eu vi também. – O comandante Boden entra na sala de espera do hospital, Severide levanta sua cabeça e ver Anne que está com olhos cheios de lágrimas.

— O que você está fazendo aqui? – Severide ignora o seu comandante e fala diretamente com Anne. — Você veio ter certeza que ela está morta?

— Severide...– Comandante disse em tom de alerta.

— Não, ele está certo. – Antônio interrompeu o comandante e levantou da cadeira transtornado. — Você não deveria estar aqui. — Gabby tentou segurar seu irmão, mas, foi uma tentativa falha. — Porque você não veio falar com o Voight?

— Eu tentei! – Anne disse exasperada. — Eu juro que tentei, eles sabiam tudo sobre mim. Tudo!

— Você não consegue admitir a verdade Anne, você nem ao menos contou a verdade para o seu pai! – Boden olhou para Anne confuso.

— Que verdade? – Anne sentiu seu coração parar. Assim que ele soubesse a verdade ela teria certeza que seu pai iria lhe abandonar.

— Faith e Anne são irmãs. – Severide quebrou o silêncio. — Faith também é filha do King Lee.

— Não. – Antônio negou o que Severide estava dizendo a Boden. — Faith é sua filha biológica.

O comandante não tinha nenhuma reação, ele tinha mais uma filha, ele estava feliz e ao mesmo tempo triste. Feliz por descobrir que o amor entre ele e Marianne trouxe Faith e triste por perder todos os momentos e fases de sua vida até agora.

— O quê? – Anne virou para Antônio. — Faith é filha biológica do meu pai?

— Sua mãe decidiu fugir assim que soube, ela temia por Faith, principalmente quando King Lee descobriu que Faith não era sua filha.

— Ela nunca me contou. – Boden disse. — Ela me escreveu uma carta pedindo para sempre tomar cuidado e cuidar da Anne.

— Há quanto tempo você sabe que Faith é sua irmã? – Boden tentava controlar a voz.

— Eu não sabia que ela era sua filha bio...– Anne parou de falar ao ver o olhar de seu pai. — Um longo tempo. – Anne disse nervosa. — Pai, eu sinto muito.

— Então quando você pediu para morar comigo você queria ficar mais próxima da Faith? – Severide perguntou.

Anne olhou para o bombeiro e viu a decepção em seus olhos. Ao longo do caminho ela conseguiu decepcionar as pessoas que ela mais amava e naquele momento, todo o arrependimento que ela se recusava a sentir estava lá naquele hospital, na sala de espera.

     Severide levantou da cadeira e decidiu ir tomar um ar do lado de fora do Hospital. Ele não aguentava mais ficar ao lado de Anne, ele não poderia acreditar que sua amiga teria feito tal coisa.

— Severide. Ele escutou a voz de Anne e fechou seus olhos respirando fundo. —Podemos conversar.

— Não.

— Eu sinto muito. – Anne faz a menção de por a mão em seus ombros mas logo desistiu. — Eu devia ter contado a verdade, eu fui egoista, mas essa não é quem eu sou.

— Eu me pergunto: quem você é realmente? –Severide disse dando uma risada de escárnio.

— Você sabe quem eu sou Kelly! Você é a única pessoa que sabem que eu sou de verdade.

— Sei? Porque para mim você é uma pessoa detestável! — Severide faloou olhando nos olhos de Anne. — Você não foi somente egoísta Khalianne, você foi má. – Anne não conseguia dizer nada. Afinal, ele estava certo. — Se a Faith morrer...isso vai ficar na sua consciência.

Ele estava certo. Anne disse para si mesma.

— Se Faith morrer...a culpa é toda minha.

     Ruzek estava no porão quando escutou passos em cima da casa, ele tinha certeza que King Lee voltaria para saber se Faith estava morta, então Voight ordenou a Ruzek e a Halstead para que eles ficassem na casa.

King Lee desceu as escadas confiante de que Faith estaria morta e o bombeiro ainda estaria desacordado, o chute e a queda da escada eram suficientes para deixar ele desacordado por várias horas.

— Polícia de Chicago! Solta a arma! Halstead gritou apontando sua arma  ao ver King Lee. — Acabou King Lee.

— Esse é o erro de vocês, policiais. — King Lee não se preocupou com a arma apontada para ele. — Vocês não pensam! Vocês realmente acharam que eu estaria aqui sozinho?

— Nós temos cobertura por toda a casa King Lee os seus joguinhos terminam aqui. Ruzek diz e King Lee solta um risada. — Não temos tempos para suas brincadeiras, fique de joelhos e coloque suas mãos para cima.

— Eu me pergunto como a Geórgia foi capaz de se apegar a vocês dois. — Halstead olhou para King Lee e sentiu a fúria tomar conta de todo o seu corpo. — Ela é realmente uma delícia eu tenho que admitir, você já provou certo? – Ele pergunta para Halstead.

— Cala a boca! – Ruzek gritou. — De joelhos agora!

— É, não! Não estou a fim. — King Lee disse com sua voz carregada de sarcasmo.

— Eu vou fazer você ficar a fim. – Burgess aparece atrás do King Lee e aponta a arma em sua cabeça. — De joelhos.

King Lee abaixa e coloca suas mãos para trás. Burgess o algema e começa a dizer seus direitos. Halstead poderia respirar aliviado e saber que Geórgia e Faith não corriam mais perigo.

— Você sabe que eu não vou descansar enquanto não ver a Faith morta, certo? — King Lee diz com um sorriso no rosto.— Eu posso estar indo para a cadeia, mas isso não vai me impedir.

— Ela está morta. – Burgess diz olhando para o homem. — Faith morreu.

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