QUATORZE

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    Faith entrou no bar e encontrou Gabby limpando um dos balcões. Gabby parou de limpar ao notar que aquela que ainda considerava sua amiga passava pela porta no momento. Gabby deu um sorriso amigável e quando abriu a boca pra falar algo Faith entrou direto para o depósito sem dar chance da paramédica falar.
Faith colocou seu avental e decidiu trabalhar para esquecer tudo que o vinha acontecendo desde cedo.
Às dez da noite o bar estava lotado. Otis, Herrmann e Gabby estavam todos trabalhando no bar essa noite, policiais e bombeiros não paravam de entrar e sair do bar.
Severide entrou no bar acompanhado de Anne e sentou em frente a Faith que sorriu ao ver seu amigo.

— Ei, o que você acha de ter mais uma pessoa morando com a gente? – Severide perguntou e Faith estranhou. — Anne precisa de um lugar para ficar.

— Claro. – Faith disse sem animação, não por ter uma nova pessoa morando com eles, mas por tudo que vinha acontecendo. — Ignora minha animação Anne, você é muito bem-vinda, embora a casa não seja minha.

— Obrigada Faith. – Anne agradeceu. — É temporário...

— Não se preocupe! Vai ser legal ter mais uma mulher lá no apartamento. – Faith riu e Severide cerrou os olhos. — De qualquer forma o trabalho me chama! Bem-vinda, Anne!

     Faith se distanciou de Severide e Anne e foi atender a dois policiais que haviam acabado de entrar no bar. Severide continuava olhando a amiga preocupado, o que não passou despercebido por Anne e logo um pensamento veio a cabeça de Anne.
Talvez  não seria tão ruim se livrar de sua irmã.

— Você está tão apaixonado por ela! — Anne disse frustrada e Severide riu amargo.

— Se ao menos fosse recíproco. – Severide virou seu rosto para Anne com um sorriso triste.

— Porque você não tenta esquecer ela e focar em outras mulheres que talvez estejam a fim de você? — Anne disse direta e cansada de ver seu amigo espiando Faith. — Você é um cara maravilhoso Severide! Faith é louca por não gostar de você!

— Não escolhemos quem amamos, infelizmente!

— Verdade! – Anne concordou. — Mas, podemos seguir em frente.

      Antônio entrou no bar e sentou no banco de frente para sua irmã, que estava preparando as bebidas, Faith viu que Antônio não tinha sido atendido, então, foi até onde ele estava.

— O que você vai beber? — Antônio a olhava sério e Faith podia sentir a tensão entre eles, não havia nada sexual, apenas tensão.

— Whiskey faça...

— Duplo. – Antônio não disse nada, ele nem conseguia olhar Faith nos olhos. — Só um momento.

Gabby que estava do outro lado notou a tensão e o desprezo que vinha de seu irmão toda vez que falava com Faith.

— O que foi isso? – Gabby perguntou.

— A história é longa... Antônio disse mal humorado. Gabby observou seu irmão em silêncio, ela odiava quando o irmão dava resposta curta.

— Eu tenho tempo. – Gabby encostou seu cotovelo no balcão. — Fala logo.

     Na manhã seguinte Faith e Severide ajudavam Anne a arrumar suas coisas no apartamento. Os três riam e faziam piadas enquanto levavam as caixas para dentro do apartamento.
Faith estava feliz por finalmente conseguir fazer amizade fora do ciclo de bombeiros e policiais, Severide estava incrivelmente feliz por suas duas amigas estarem se dando bem.

King Lee observava do lado de fora as duas filhas rindo uma para outra, elas estavam se dando bem, ele pensou, estava na hora dele colocar seu plano em prática e se livrar de uma das suas filhas, Faith precisa morrer.

— Eu acho que pegamos todas as caixas. –Severide conta as caixas e Anne se joga no sofá.

— Graças a deus! – Faith se jogou cansada ao lado de Anne. — Eu poderia tomar uma cerveja agora, ei, quer uma cerveja? – Faith ofereceu para Anne.

— Você é uma deusa! Sim, por favor! – As duas se levantaram e foram para a cozinha, Faith jogou uma cerveja para Anne que pegou sorrindo. — Obrigada por me deixar dormir no seu quarto.

—Ei. Severide chamou da sala. — Não se preocupem comigo eu vou ficar aqui. Ele olhou ao redor de sua sala cheio de caixas. — Eu vou ficar aqui enquanto vocês têm uns papos de mulheres. – Ele falou para si mesmo. — Ei, me traz uma cerveja! – Severide gritou fazendo Faith e Anne darem gargalhadas.

— Vem pegar a sua cerveja seu bombeiro preguiçoso. – Faith gritou de volta rindo. — Como eu disse, não é minha casa, mas é muito bom ter você por perto.

Anne deu um sorriso simples e observou Faith sair da cozinha com a cerveja de Severide na mão, sua irmã não era uma má pessoa afinal.

Ficar  próxima dela estava ficando cada vez mais difícil.

Anne estava em uma batalha com sua mente. O ciúmes fazia ela odiar sua irmã, mas a forma que Faith a tratava fazia Anne amá-la.


Georgia esperava por Halstead no lugar de sempre, desconfiada sempre de tudo. Chicago era uma cidade perigosa e a vida que ela levava lhe ensinou a não confiar em ninguém.
Halstead tentava ajudar sua informante de todas as formas, mas ela tinha dificuldade em confiar em policiais devido aos seus históricos.

— Ei. – Geórgia cumprimentou, Halstead. — Precisamos ser rápidos.

— Está tudo bem? – Geórgia afirmou com sua cabeça dizendo que estava tudo bem, mas o policial conseguia ver que não estava nada bem. — Você tem falado com o Ruzek?

— Não, ele não fala comigo desde...você sabe...

— Eu preciso saber o que você tem pra mim. Geórgia olhou para os lados.

— King Lee está perto de encontrar Faith, você precisa protegê-la. – Geórgia disse sussurrando. — Eu escutei alguma coisas, Jay, ele está recebendo ajuda.

— Ela está salva. Está morando com Severide e Anne. – Halstead tentou acalmar a informante, mas Georgia ficou mais agitada.

— Você não pode confiar nela. — Geórgia disse agitada e se distanciando.

— Eu tenho que proteger Faith ou desconfiar dela? – Halstead perguntou confuso.

— Você não pode confiar nela! – Geórgia gritou e saiu correndo.

Havia algo de errado com sua informante e Halstead iria descobrir.

     Anne sai do apartamento checando sua bolsa para ter certeza que não estava esquecendo nada. Confirmando que estava tudo certo, andou em direção ao seu carro distraída. Quando sentiu alguém lhe puxar para um beco pondo as mãos em sua boca sem que ela pudesse gritar

—Não grita! — King Lee disse com a mão em sua boca. — Eu vou remover minha mão e você vai ficar quietinha me ouviu? — Anne balançou sua cabeça concordado.

— O que você quer? – Anne disse se distanciando de King Lee.

— Você se acha esperta por morar com o bombeiro? King Lee puxou seu cabelo. — Você está aonde eu queria que você estivesse, agora vá fazer laços com sua irmã e a mande direto para esse endereço. – King Lee entregou um envelope para ela. — O resto é comigo.

— Porque você não me deixa em paz! – Anne vociferou amedrontada. — Eu fiz o que você queria!

— Você fez metade do que eu pedi. – King Lee sussurrou em seu ouvido. — Agora faça o que eu estou mandado ou seu papai morre. Anne sentiu seu corpo tremer. Nada poderia acontecer com seu pai. — Ele talvez consiga correr do fogo, mas não consegue correr de um tiro. – Disse Lee que soltou os cabelos de Anne deixando-a aos prantos no beco.

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